Rio Verde (GO) - Numa empresa em que a operação toma proporções continentais como a Rumo, é preciso estar atento a todas as frentes.
No Mato Grosso, a companhia foca seus esforços na expansão dos trilhos da Ferrovia Mato Grosso. Com investimento total de R$ 15 bilhões e cerca de 750 quilômetros de extensão, a empresa tem se dedicado na extensão da linha, que hoje chega ao terminal de Rondonópolis, até chegar próximo da cidade de Primavera do Leste.
Ali, na cidade de Dom Aquino, a companhia ainda deve inaugurar um novo terminal de grãos na BR-070. A unidade deve entrar em funcionamento no segundo semestre do ano que vem, com capacidade total para 10 milhões de toneladas de produtos por ano. Ao final das obras no estado, a ferrovia ainda chegará até Lucas do Rio Verde.
Em Goiás, por sua vez, com os trilhos já instalados em grande parte do estado, a companhia espera a “safra cheia” de soja e uma boa colheita no milho para avançar com o volume transportado nos próximos meses.
Considerando o terminal de Rio Verde, a expectativa é atingir entre 7 e 8 milhões de toneladas de produtos (soja, milho e farelo de soja) transportados na unidade, segundo explicou Diogo Velloso, diretor da área comercial da Rumo, ao AgFeed.
“Desde que inauguramos o terminal, há quatro anos, viemos crescendo no volume transportado. Neste ano-safra, devemos ter um avanço de 10%. Estamos otimistas com a safra, com os 19 milhões de toneladas de soja do estado gerando mais negócios de exportação”, disse.
Velloso conversou com a reportagem na Tecnoshow Comigo 2025, onde a Rumo mantém um estande pela quarta vez consecutiva. “Inauguramos o terminal na cidade em 2021 e desde o ano seguinte estamos na feira”, conta.
A capacidade do terminal de Rio Verde é de 11 milhões de toneladas. Para atingir esse patamar, a produção agrícola goiana ainda precisa aumentar. “Depende de fatores de produção, produtividade e exportação do estado de Goiás aumentarem”.
Hoje, Goiás já é o estado mais produtivo no cultivo de soja no País. Segundo a consultoria Agroconsult, a média goiana, em relação à soja, é de 68 sacas por hectare – mais alta que a nacional, de 60 sacas.
Em termos de produção, as 19 milhões de toneladas desta safra serão colhidas em uma área de 4,9 milhões de hectares. Mas segundo afirmou o presidente da Aprosoja local, Clodoaldo Calegari, o Norte goiano tem capacidade de acrescentar mais 4 milhões nesta conta.
Tudo depende de investimentos e infraestrutura para transformar áreas degradadas pela pastagem em campos agrícolas.
No terminal de Rio Verde, a Rumo recebe os grãos e o farelo de soja, coloca em seus trens que vão até o Porto de Santos (SP). Os trens que chegam de lá, por sua vez, trazem fertilizantes para um terminal paralelo, feito em parceria com a Andali.
Na temporada passada, foram 500 mil toneladas de produtos, patamar que deve aumentar neste ano. A capacidade desta unidade é de 1,5 milhão de toneladas.
No final do ano passado, a companhia inaugurou um terminal em Tocantins, na cidade de Alvorada. O projeto é uma parceria com a CHS e tem capacidade de movimentar 1,5 milhão de toneladas ao ano.
“Apesar de estar no Tocantins, a malha até o terminal cruza todo o estado de Goiás. A produção ‘desce’, captando cargas do sul do Tocantins e no norte goiano, levando a carga até Santos”, explica o diretor comercial.
Um trimestre mais fraco
Enquanto vive a expectativa da safra cheia chegar aos trens, a Rumo viu o volume transportado cair no primeiro trimestre de 2025. Segundo um documento divulgado na terça-feira, dia 8 de abril, houve uma queda de 7,5% nas toneladas por quilômetro útil (TKU), em comparação com o mesmo trimestre em 2024. De janeiro a março, foram 16 bilhões de toneladas considerando as malhas Norte e Sul.
O número veio 12% abaixo da projeção do banco Santander, que esperava 18,3 bilhões de toneladas por quilômetro útil.
“Volumes fracos de março já eram esperados pelos investidores, devido aos atrasos na colheita da soja e à lentidão nas vendas dos produtores. No futuro, monitorar o crescimento do volume nos próximos meses será fundamental, em nossa opinião”, afirmou o analista da instituição, Lucas Barbosa, em relatório.
Na malha norte, onde estão as operações de Goiás e Mato Grosso, foram 13,7 bilhões de TKUs, levemente abaixo das 14 milhões do ano anterior.
A Rumo fechou 2024 com com 79,8 bilhões de TKUs, sendo 63,6 bilhões na Malha Norte, com destaque para a exportação de grãos, fertilizantes e celulose.
Desse total, 55,6 bilhões foram produtos agrícolas, principalmente soja e farelo de soja. A operação da Malha Norte registrou uma receita líquida de R$ 11 bilhões, crescimento de 33% em relação a 2023. No ano completo e considerando as duas malhas, a Rumo faturou R$ 13,9 bi.