A BrasilAgro, empresa especializada em propriedades rurais, encerrou o terceiro trimestre do ano safra 2022/2023 com um prejuízo líquido de R$ 3,3 milhões, refletindo a queda no preço das commodities e uma estiagem na Bahia, que impactou os resultados na região.

O balanço divulgado pela companhia mostra que, no período que vai de janeiro até março de 2023, as margens diminuíram em todas as culturas quando comparadas ao mesmo trimestre do ano safra anterior.

No terceiro trimestre do ano safra 2021/22, a empresa teve um lucro líquido de R$ 81,8 milhões.

“Com a queda dos preços das commodities e aumento dos custos, tivemos uma diminuição das margens em todas as culturas, principalmente se compararmos com os resultados recordes da safra passada, que apresentaram margens acima da média histórica”, declarou o CEO da empresa, André Guillaumon, em mensagem divulgada no balanço.

A BrasilAgro citou que as adversidades climáticas enfrentadas durante a safra afetaram a produção no período de plantio e também impactaram o rendimento das lavouras. A empresa deixou de plantar 5 mil hectares de soja, 7,3 mil hectares de milho segunda safra e 4,9 mil hectares de algodão.

De acordo com a empresa, somente na Bahia, devido a uma estiagem, a produtividade da soja no estado caiu 29%, enquanto a produtividade do algodão recuou 40%. Somado a isso, os custos de produção de soja, milho e cana também subiram.

A BrasilAgro informou ainda que, ao final do trimestre, já havia comercializado 92,91% da soja da safra 2022/2023 e 11,7% da soja de 2023/2024 por US$ 14,64 por bushel e US$ 13,54 por bushel, respectivamente.

Mesmo com o prejuízo líquido, a receita líquida da BrasilAgro subiu 8% na comparação anual, e atingiu R$ 190,7 milhões no terceiro trimestre do ano safra. Esse aumento, segundo a empresa, é explicado pelo “maior volume de soja e milho faturado no período, que foi impactado pela queda nos preços”.

O head de Agro da XP, Leonardo Alencar, destacou em relatório que os resultados apresentados foram fracos, apesar de ligeiramente acima das expectativas da corretora.

Para Alencar, o prognóstico do próximo trimestre também não é animador, já que os preços das principais commodities devem continuar em tendência de baixa, especialmente soja e milho. “Isso pode pesar sobre o desempenho das ações AGRO3”, comenta. Apesar disso, o analista se mostra otimista com a produção de cana-de-açúcar.

Na Bolsa, os papéis AGRO3 acumulam queda de 21,73%, cotados a R$ 23,45 no último fechamento.