Depois de um primeiro trimestre de 2025 com resultados enfraquecidos, a Bunge apresentou números mistos ao divulgar no começo desta quarta-feira, dia 30 de julho, seus resultados do segundo trimestre deste ano.

De um lado, a companhia registrou um lucro líquido maior em comparação com os números de um ano atrás, margens melhores e pequenos incrementos de venda em alguns segmentos; de outro, também registrou volumes e receitas menores em algumas áreas.

O lucro líquido da Bunge foi de US$ 354 milhões no segundo trimestre de 2025, ante US$ 70 milhões no mesmo período de 2024. Dessa forma, o lucro líquido da empresa ajustado por ação foi de US$ 1,31 - acima da estimativa média dos analistas de US$ 1,14, segundo informações da agência de notícias Reuters a partir de dados compilados pela LSEG, mas ainda assim o menor para o período desde 2018.

Já o lucro antes de juros e impostos (EBIT) ajustado totalizou US$ 293 milhões no trimestre, abaixo dos US$ 405 milhões registrados no mesmo período de 2024, queda de 27,6%.

As vendas como um todo recuaram 3,7%, passando de US$ 13,2 bilhões no segundo trimestre do ano passado para US$ 12,7 bilhões agora.

No segmento de agronegócio, o volume de processamento recuou 6,3% em um ano, passando de 20,5 milhões de toneladas para 19,2 milhões de toneladas no mesmo período deste ano.

As vendas diminuíram 5,2%, passando de US$ 9,6 bilhões para US$ 9,1 bilhões. O EBIT ajustado dessa área também teve retração, saindo de US$ 298 milhões no segundo trimestre do ano passado para US$ 233 milhões agora, queda de 21,8%.

Na área de óleos refinados e especiais, a receita com vendas líquidas aumentou levemente, passando de US$ 3,121 bilhões há um ano para US$ 3,177 bilhões agora, alta de 1,8%. Já o EBIT ajustado passou de US$ 193 milhões para US$ 116 milhões no segundo trimestre deste ano, um recuo de 39,9%.

Os resultados caíram em todas as regiões, segundo a Bunge, mas foram influenciados principalmente pelo desempenho mais fraco vindo de América do Norte e Europa, refletindo “menor demanda de energia devido à incerteza política”, confirme diz a companhia.

Dentro da área, a parte de processamento também apresentou leve retração na comparação com o ano passado. No segundo trimestre de 2024, o EBIT ajustado da área havia sido de US$ 265 milhões e, no mesmo período deste ano, chegou a US$ 205 milhões, queda de 22,6%. A Bunge informa que "resultados mais elevados na América do Sul e na Ásia foram mais do que compensados por resultados mais baixos em Europa e América do Norte."

Na área de moagem, o EBIT ajustado se manteve praticamente igual, atingindo US$ 28 milhões neste segundo trimestre, ante US$ 27 milhões no mesmo período do ano passado, alta de 3,7%.

A receita líquida com vendas até cresceu no período, passando de US$ 401 milhões no segundo trimestre do ano passado para US$ 409 milhões agora, uma alta de 2%, mas a Bunge diz que "resultados mais elevados na América do Norte foram mais do que compensados por resultados mais baixos na América do Sul".

Na área de comercialização, o EBIT ajustado também recuou, passando de US$ 33 milhões para US$ 27 milhões, queda de 18,2%. "O melhor desempenho em grãos e óleos globais foi mais do que compensado pelos resultados mais baixos em nossos negócios de serviços financeiros e frete marítimo", explica a Bunge.

A companhia manteve a previsão de lucro ajustado por ação de US$ 7,75 para 2025. "No Agronegócio, os resultados anuais previstos devem ser maiores do que nossa previsão anterior, impulsionados pelo processamento, mas permanecem abaixo do ano passado", prevê a Bunge.

"Em óleos refinados e especiais, espera-se que os resultados anuais sejam inferiores à nossa previsão anterior, refletindo o desempenho mais fraco do segundo trimestre e abaixo do ano passado", afirma.

"Na moagem, espera-se que os resultados anuais sejam inferiores à nossa previsão anterior, refletindo a venda da moagem de milho e em linha com o ano passado", emenda a comaphnai.

No começo deste mês, a Bunge anunciou finalmente conseguiu encerrar seu processo de fusão com a Viterra, criando uma megatrading com negócios somados de US$ 110 bilhões anuais, com mais de 180 milhões de toneladas de grãos comercializadas.

Espera-se que este seja o capítulo final de uma transação de US$ 18 bilhões – que envolve compra de ações e assumindo dívidas – que se iniciou desde junho de 2023, quando a operação foi fechada junto à suíça Glencore.

A Bunge esperava que o negócio se concluísse em um ano, mas não contava com o longo escrutínio de mais de 40 países onde as duas empresas têm operação.

Brasil e Estados Unidos, mercados importantes da companhia, autorizaram rapidamente a transação. Mas o mesmo não aconteceu no Canadá e na União Europeia, onde havia preocupações com uma possível concentração em mercados específicos.

A União Europeia até concordou com a venda, em agosto do ano passado, desde que condicionada à venda do negócio de oleaginosas da Viterra na Hungira e na Polônia.

Em janeiro deste ano, autoridades do Canadá, país onde a Viterra tem forte presença e a Bunge também atua, em uma joint-venture com uma empresa saudita, a G3 Global Holdings. As autoridades canadenses autorizaram a transação, mas determinaram que a Bunge teria de se desfazer de alguns ativos da companhia, se comprometer a fazer investimentos e não tirar do Canadá a sede da empresa adquirida.

Depois, o problema veio na China, onde não se esperava uma fusão entre as duas empresas, que estão presentes no país. Em meados de junho, enfim, as autoridades chinseas deram aval à transação, possibilitando que a fusão finalmente saísse do papel.

"A integração está progredindo bem e temos o prazer de começar a trabalhar agressivamente em oportunidades comerciais", comentou Greg Heckman, CEO da Bunge, no comunicado junto com os resultados do segundo trimestre.

Resumo

  • A Bunge registrou resultado por ação ajustado foi de US$ 1,31, acima da estimativa de US$ 1,14; já o EBIT ajustado total caiu 27,6%, para US$ 293 milhões e as vendas recuaram 3,7%.
  • No agronegócio, processamento recuou 6,3% e vendas caíram 5,2%. Resultados mais fracos na América do Norte e Europa puxaram o desempenho para baixo.
  • Os resultados vêm após a Bunge ter anunciado no começo de julho que concluiu fusão com a Viterra, após aval da China