Após apresentar, nos últimos trimestres, balanços com margens apertadas e alavancagem crescente, a FS Bioenergia, uma das maiores produtoras de etanol de milho do Brasil, começou o ano fiscal de 2026 com o pé direito: o lucro cresceu, a receita líquida também, os preços do etanol estão melhores e a relação dívida líquida/Ebitda diminuiu consideravelmente.

Assim, no relatório financeiro do primeiro-trimestre do ano-safra 2026, apresentado nesta terça-feira, 12 de agosto, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 255,9 milhões, após ter registrado prejuízo de R$ 40,2 milhões no mesmo período do ano anterior.

O Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) por sua vez, saltou 61,4%, passando de R$ 389,9 milhões para R$ 643,8 milhões. A margem Ebitda, por sua vez, cresceu 4 pontos percentuais, passando de 19,6% para 23,5%.

A receita líquida evoluiu 24,2% em relação ao primeiro trimestre do ano-safra 2025, passando de R$ 2,0 bilhões para R$ 2,7 bilhões.

A FS informou que conseguiu vender mais etanol a preços melhores. No período, foram comercializados 553,1 milhões de litros do biocombustível, alta de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. O preço médio por litro, por sua vez, aumentou 4,8%, passando de R$ 2,41 para R$ 2,85.

No segmento de nutrição animal, a companhia comercializaou 341,6 mil toneladas de DDGS, alta de 18,6%, e 121,7 mil toneladas de óleo de milho, 55,9% a mais que no ano passado.

Em termos produtivos, foram processadas 1,397 milhão de toneladas de milho no período, alta de 6,8% em relação ao primeiro trimestre de 2025.

No lado financeiro, a dívida líquida da companhia cresceu 4,9%, passando de R$ 6,4 bilhões no primeiro trimestre do ano-safra 2025 para R$ 6,7 bilhões no mesmo período do ano-safra de 2026.

A FS destacou, no entanto, que a alavancagem líquida da companhia (relação entre dívida líquida e Ebitda) diminuiu sensivelmente na comparação com o primeiro trimestre de 2025, passando de 7,39 vezes no primeiro trimestre do ano fiscal de 2025 para 2,29 vezes no final do mesmo período do ano-safra 2026, mantendo essa métrica abaixo de 3,0 vezes.

Esse foi um dos pontos que chamaram bastante a atenção do banco BTG Pactual ao analisar os resultados da companhia.

Em relatório, os analistas da instituição Thomas Tenyi, Renan Tiburcio e Fernando Soares consideraram que os resultados vieram "fortes" de uma forma geral e que a “alavancagem líquida atinge o fundo do poço”, sinalizando uma “forte recuperação.”

O BTG também destacou a nova planta de etanol de milho que a companhia vai erguer em Campo Novo do Parecis (MT), com investimento previsto de R$ 2 bilhões, e capacidade de produzir anualmente 540 milhões de litros de etanol, 350 mil toneladas de coprodutos para nutrição animal, 69 mil toneladas de óleo técnico de milho e 56 mil MWh de energia elétrica.

A nova unidade vai se somar a outra três plantas já em operação em Mato Grosso, localizadas nos municípios de Lucas do Rio Verde, Sorriso e Primavera do Leste.

A FS projeta iniciar a operação da unidade em dezembro de 2026. O relatório dos analistas, porém, ressalta que, historicamente, a companhia tem antecipado o início de novas plantas e, posteriormente, também aumentou a produção para níveis muito acima das projeções iniciais.

Com os investimentos previstos na ampliação de sua estrutura, o banco estima que a alavancagem líquida da FS deve atingir seu pico em torno de 3,0 vezes ao longo do ano fiscal de 2027, podendo ultrapassar esse patamar no segundo e terceiro trimestre devido à sazonalidade do capital de giro.

A expectativa do banco é que a FS mantenha um ritmo contínuo de expansão de capacidade, priorizando novas plantas greenfield para assegurar o fornecimento de milho antes dos concorrentes.

Dessa forma, com as expansões planejadas, pagamento modesto de dividendos e margens de longo prazo de R$ 1,0 de Ebtida/litro, a tendência é que a alavancagem permaneça próxima de 3,0 vezes por um período prolongado, diz o BTG Pactual.

A instituição avaliou ainda que a FS deve ter sua geração de caixa apoiada por preços favoráveis do etanol e uma boa estratégia de hedge de milho.

O banco destacou que a companhia já assegurou mais de 80% da necessidade de grão para a safra atual a R$ 42,80 por saca, valor alinhado à média do ano passado.

No mercado de biocombustível, o BTG avaliou que o preço do etanol segue firme, beneficiado pelo aumento da mistura na gasolina para 30% e pela migração de parte dos produtores de cana para o açúcar, o que reduz a oferta do produto.

Considerando um preço médio de R$ 2,65 por litro, o banco projetou que o Ebtida da FS seja de R$ 2,9 bilhões no ano fiscal de 2025, o que representaria uma alta de 9% sobre o ano anterior, com margem de R$ 1,16 por litro.

O BTG Pactual calculou ainda que esses fatores, somados a um volume de produção mais alto, estimado em 2,5 bilhões de litros de etanol, devem resultar em aproximadamente R$ 1 bilhão de fluxo de caixa livre antes dos investimentos de expansão e do pagamento de dividendos.

Resumo

  • A FS Bioenergia reverteu prejuízo e registrou lucro líquido de R$ 255,9 milhões no 1º trimestre do ano-safra 2026, com alta de 24,2% na receita e avanço de 61,4% no Ebitda
  • Alavancagem da companhia recuou de 7,39x no primeiro trimestre do ano fiscal de 2025 para 2,29x no final do mesmo período do ano-safra 2026
  • O BTG Pactual avaliou que a alavancagem líquida atingiu o seu “fundo do poço” e deve se manter próxima de 3x nos próximos anos