Tudo em casa: Lavoro vende Crop Care para o Patria

Enquanto avança com seu processo de recuperação extrajudicial, a rede de revendas de insumos agrícolas Lavoro fechou um negócio – feito em casa – de olho em reduzir seu endividamento e aumentar sua liquidez.

Em comunicado divulgado na SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, onde as ações da companhia são negociadas na bolsa eletrônica Nasdaq, ainda na sexta-feira, dia 19 de dezembro, a Lavoro anunciou que vendeu a Crop Care, para o fundo Patria Investimentos, que é o controlador da própria Lavoro

A Crop Care era um segmento de negócio da Lavoro que funcionava como uma holding com foco em produção e distribuição de insumos agrícolas, que controla empresas como Agrobiológica, Cromo Química e Union Agro. 

O valor não foi divulgado, mas a Lavoro disse que os recursos da transação serão utilizados principalmente para fortalecer seu balanço patrimonial, reduzir a alavancagem e aumentar a liquidez.

Todos os conselheiros independentes da Lavoro votaram a favor da operação. “O Conselho de Administração e a diretoria da Companhia estão confiantes no valor gerado por esta transação”, disse a Lavoro.

A participação majoritária está sendo adquirida por “determinados fundos” administrados pelo Patria, segundo a companhia, que não especificou, no entanto, quais seriam esses fundos.

A Perterra, fabricante de químicos genéricos, não está incluída na transação e permanecerá como uma subsidiária integral da empresa e a relação comercial entre a Lavoro e a Crop Care não muda, ressalta o comunicado.

"Conforme anunciado anteriormente, a Companhia tem implementado iniciativas para adequar sua estrutura de custos fixos, impulsionar a eficiência operacional e concentrar-se em seus principais pontos fortes, de modo a emergir do ciclo atual mais enxuta, ágil e resiliente", disse a empresa, que conseguiu homologar sua recuperação extrajudicial no no fim de novembro junto ao 2º Juizado de Falências e Recuperação Judicial do Distrito Central de São Paulo.

Houve a concordância de credores que apoiaram a proposta e representam cerca de 67% do valor dos créditos elegíveis de fornecedores, percentual acima do mínimo exigido pela legislação brasileira. Entre os apoiadores estão grandes empresas de insumos como Adama, UPL, FMC, Basf, Ourofino, EuroChem, entre outras.

O plano cobre aproximadamente R$ 2,5 bilhões em contas a pagar. Pelos termos do acordo, credores aderentes ao plano receberão pagamentos semestrais, corrigidos pelo IPCA e sem deságio, até 2030.

Já os credores que optarem por não aderir receberão o pagamento em parcela única em 2032, com desconto de 50%, também corrigido pela inflação. A estrutura do acordo, destaca a companhia, busca preservar a continuidade das operações, recompor linhas de financiamento com fornecedores e reduzir riscos de novas rupturas na cadeia de suprimentos.

Na ocasião, a companhia também anunciou que estava trocando de CEO. No fim de novembro, Ruy Cunha deixou o posto para dar lugar a Marcelo Pessanha, que ocupava até então o cargo de vice-presidente de vendas e marketing da companhia e havia sido CEO da Crop Care no passado. Em paralelo, a Lavoro informou também que estava em negociações para a venda da Crop Care, que se confirmou na última semana. A aguardar os próximos passos da rede comandada pelo Patria.