Se o leitor pensa logo em arroz quando ouve ou lê a marca Camil, está parcialmente correto. A companhia que leva o mesmo nome é proprietária de diversas marcas, como Mabel e União, e também vende seus produtos no exterior.

Esse amplo leque de operações e marcas tem garantido bons resultados para a empresa, mesmo em um trimestre marcado pela tragédia no Rio Grande do Sul e pela queda no volume de exportações.

A Camil divide seus negócios em três áreas. Uma delas é a Internacional, que inclui todas as exportações feitas pela companhia.

Neste segmento, a empresa teve uma queda de volume no primeiro trimestre fiscal, que vai de março a maio, em relação ao mesmo período de 2023. Foram pouco mais de 135 mil toneladas vendidas, queda de 17,5%.

Em carta assinada pelo presidente Luciano Quartiero e pelo diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Flavio Vargas, a Camil explica que houve “um descasamento temporário das exportações no Uruguai”, principal fator que explica esse menor volume.

Em contrapartida, a companhia conseguiu aumentar em 30,5% o preço médio de seus produtos exportados, passando de R$ 4,24 para R$ 5,54 o quilo, compensando com sobras o menor volume.

No mercado doméstico, as operações da Camil são segmentadas em duas áreas. O maior crescimento veio do chamado “Alto Valor”, que inclui café, massas e biscoitos.

O volume de venda desses produtos cresceu quase 6% em um ano, chegando a cerca de 49 mil toneladas, com os preços ficando praticamente estáveis neste primeiro trimestre de 2024.

Em Alto Valor, a companhia destaca principalmente o lançamento das massas de marca Camil no estado de São Paulo e a estratégia para impulsionar as vendas de café da marca União, que superou os 4% de participação de mercado em São Paulo e Rio de Janeiro.

No segmento Alto Giro, que movimenta os maiores volumes, o cenário foi de quase estabilidade na quantidade vendida, de quase 339 mil toneladas no primeiro trimestre deste ano na comparação com 2023.

Neste caso, os preços também impulsionaram os resultados, com uma alta de 16,5% em um ano. A Camil cita como destaque em Alto Giro o aumento de vendas em grãos, com a recomposição de estoques por varejistas no final de abril e em maio.

Sobre a situação no Rio Grande do Sul, a companhia afirma que houve pouco impacto na safra e na disponibilidade de arroz e que a principal dificuldade foi logística.

“As plantas produtivas da Companhia não foram impactadas e não medimos esforços para conseguir realizar o escoamento da produção e atender aos nossos clientes neste período de maiores compras por parte dos varejistas”, diz a carta assinada pelos dois executivos da companhia.

Com todo este cenário favorável, a Camil conseguiu elevar sua receita líquida em mais de 9% entre março e maio de 2024, em relação a 2023, para R$ 2,9 bilhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu mais de 28% na mesma base de comparação, para R$ 254 milhões. O lucro líquido da companhia avançou mais de 22%, para R$ 78,5 milhões.

O nível de investimentos vem caindo, e atingiu R$ 63 milhões no primeiro trimestre de 2024, uma queda anual de 34%. A Camil destaca o início dos aportes na nova planta de Nova Cambaí, no Rio Grande do Sul, e investimentos na sua unidade de massas.