Cobrado publicamente por investidores alemães na última semana, Bill Anderson, CEO da Bayer, reconheceu que, apesar dos avanços recentes, ainda não está totalmente satisfeito com o trabalho de enxugamento da companhia.
Durante a assembleia geral de investidores da gigante alemã dos químicos, realizada na última sexta-feira, dia 25 de abril, Anderson afirmou que a Bayer progrediu de forma importante ao longo do último ano, mas destacou que o trabalho de recuperação está longe de acabar.
A companhia reiterou que 2025 deve ser o "ano mais difícil de sua recuperação" e que voltará ao rumo do crescimento apenas no ano que vem.
"Estamos trabalhando arduamente para remover obstáculos e colocar a Bayer de volta em um caminho de crescimento lucrativo. Estamos fazendo um excelente progresso, mas ainda há muito a fazer", disse Anderson.
Famoso por declarações sem rodeios – ele já classificou a Bayer como uma empresa "muito quebrada" –, o CEO vem conduzindo uma série de mudanças na companhia desde que chegou ao comando, em meados de 2023.
A principal alteração envolve um processo de reestruturação interna chamado Dynamic Shared Ownership (DSO), implantado desde o início do ano passado, que busca reduzir hierarquias e custos.
Até o momento, cerca de 10 mil cargos foram cortados e o nível hierárquico foi reduzido pela metade em grande parte da companhia.
A ideia da Bayer é economizar 2 bilhões de euros em despesas até 2026. Somente neste ano, a companhia projeta uma economia de 800 milhões de euros.
"Planejamos expandir em 2025 o poder de decisão para mais pessoas da Bayer e gerar 800 milhões de euros de economia em direção à nossa meta de 2 bilhões de euros em economia organizacional para 2026", disse o CEO da Bayer, na assembleia.
O executivo também destacou os esforços feitos em 2024 para reduzir o endividamento da empresa. No ano passado, a dívida líquida da Bayer caiu para 32,6 bilhões de euros, mas Anderson admitiu que o montante ainda é "muito elevado".
O CEO disse que uma redução mais significativa da dívida depende da resolução dos processos judiciais envolvendo o herbicida Roundup nos Estados Unidos.
Entre as medidas anunciadas para fortalecer o caixa, está a solicitação de autorização dos acionistas para um aumento de capital, por meio de uma oferta de ações equivalente a 35% do capital social atual.
Sobre o futuro do portfólio da companhia, Anderson não descartou a possibilidade de retirar de vez produtos à base de glifosato, diante dos riscos jurídicos crescentes
"Estamos nos aproximando de um ponto em que o setor de litígios pode nos forçar a até mesmo parar de vender este produto vital. Isso não é algo que queremos fazer, mas precisamos estar preparados para todos os resultados."
Anderson também disse que a ideia é aumentar a rentabilidade da divisão agrícola da companhia em médio prazo, elevando a margem ebtida antes de itens especiais para a casa do 20% até 2029.
A divisão possui um plano abrangente de cinco anos, que inclui concentrar o portfólio e aproveitar ao máximo o pipeline, disse Anderson.
As declarações do CEO da Bayer não parecem ter animado os investidores da Bolsa de Frankfurt, onde a companhia é listada. Às 17h50 (horário de Brasília), as ações da companhia estavam cotadas a 22,88 euros, apresentando queda de 1,59%.