A gaúcha 3tentos vive, desde o início de 2024, uma nova fase. Na intenção de dobrar de tamanho até 2030, a companhia traçou um plano que envolve R$ 2 bilhões em investimentos, sendo pouco mais da metade disso somente para uma nova usina de etanol de milho.
O outro bilhão será destinado à expansão de lojas, ampliação de unidades e também para o Terminal de Miritituba, onde a empresa, junto com a Caramuru, irá operar por meio de uma joint venture.
Para tal, vem reforçando seu caixa indo ao mercado. No mais recente capítulo, divulgado na noite desta quarta-feira, 24 de setembro, a empresa da família Dumoncel anunciou que vai emitir R$ 500 milhões em CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).
A depender da demanda, a emissão pode ter seu volume aumentado em até 25%, chegando em R$ 625 milhões.
A oferta terá de duas a três séries, a depender desse aumento de 25% durante o processo de bookbuilding, onde a empresa recebe as demandas dos investidores interessados.
O documento informa que a primeira série terá remuneração atrelada ao CDI, limitada a 103,75% ao ano. A segunda pagará CDI acrescido de até 0,60% ao ano. Já a terceira será prefixada, definida no processo de coleta de intenções, limitada ao maior valor entre CDI futuro de 2030 + 0,60% ao ano ou 14% ao ano.
O vencimento dos papéis está previsto para 2030, no caso da primeira série, e 2032, para a segunda e a terceira. O pagamento do principal ocorrerá em parcela única no vencimento, enquanto os juros serão pagos de forma semestral.
Quando a empresa anunciou esse plano de investimentos de R$ 2 bilhões, projetou que 73% dos desembolsos aconteceriam entre 2024 e 2024, com o restante diluído nos anos seguintes.
Do total, 30% dos recursos serão originados no próprio caixa e o restante virá via operações estruturadas e outros financiamentos de longo prazo.
No final de 2024, a empresa anunciou que captou R$ 500 milhões junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O montante será destinado à implantação da usina de etanol de milho, que será localizada em Porto Alegre do Norte (MT).
A ideia é que a indústria conte com uma capacidade de produzir, diariamente, 935 mil litros de etanol, 587 toneladas de DDGS (farelo de milho) e 37 toneladas de óleo de milho. A previsão é que a operação comece em 2026.
No último balanço divulgado pela empresa, referente ao segundo trimestre deste ano, a 3tentos registrou lucro líquido de R$ 330,8 milhões, mais que o dobro de um ano antes.
A receita trimestral chegou a R$ 3,5 bilhões, alta de 27,4%, com destaque para o crescimento nas vendas de insumos (+65,3%) e grãos (+39,4%).
Em comunicado divulgado pela 3tentos na época, o CEO da empresa, João Marcelo Dumoncel destacou o ganho de participação da empresa no varejo de insumos e na comercialização de grãos em Mato Grosso, que colheu uma safra recorde de soja.
"A distribuição geográfica contribuiu na mitigação dos efeitos climáticos no resultado da companhia", disse, citando também a estiagem no Rio Grande do Sul.
Naquele momento, o desembolso na construção da usina de etanol de milho estava em R$ 881 milhões, com previsão de início da operação para o início de 2026, cronograma esse que segue de pé.
Resumo
- Emissão inicial de R$ 500 milhões pode subir até R$ 625 milhões a depender da demanda. Dívida contará com até três séries com vencimento entre 2030 e 2032
- Empresa vive ciclo de investimento com desembolsos projetados em R$ 2 bilhões até 2030. Plano envolve usina de etanol em Porto Alegre do Norte, ampliação de unidades e operação conjunta no Terminal de Miritituba.
- 3Tentos registrou lucro líquido de R$ 330,8 milhões no 2º trimestre, alta de mais de 100% na comparação anual, e receita de R$ 3,5 bilhões