Cascavel (PR) - A fotografia desta terça-feira, 6 de fevereiro, segundo dia do Show Rural Coopavel está completamente diferente daquela do dia de abertura. Um público bem maior de produtores circula nos principais pavilhões e formou grandes filas na hora do almoço.
O cenário combina com o otimismo mostrado pelo terceiro maior sistema de cooperativas de crédito do Brasil, a Cresol.
“Esperamos crescer entre 25% e 30% no volume de negócios na feira”, disse o presidente da Cresol, Cledir Magri, em conversa com os jornalistas.
O executivo afirmou que o agricultor é conhecido pelo otimismo e sabe que há recursos disponíveis, diferentemente do que já ocorreu em outras safras.
Dos R$ 15 bilhões previstos de Plano Safra na Cresol, 60% já foram contratados, “mas ainda temos 5 meses até a chegada no novo plano”, lembrou. A cooperativa admite, no entanto, que talvez não chegue a contratar todo esse volume desta vez, em meio à postura mais cautelosa de alguns produtores.
Em conversa com o AgFeed, Magri disse que os ativos da Cresol devem aumentar 30% em 2024, mesmo avanço registrado no ano passado. O percentual representa uma certa desaceleração já que em 2022 o crescimento havia sido de 44%.
“Mas isso é natural, à medida que vamos crescendo, percentualmente, fica difícil dar saltos neste patamar”, ponderou.
O presidente da Cresol diz que o momento mais desafiador no agro está sendo compensado pelo crescimento de outros segmentos. “Estamos com uma operação muito forte no turismo, por exemplo e também estamos operando as linhas do Finep, com foco em micro e pequenas empresas que se dedicam à inovação”.
No agro, para seguir crescendo, ele destacou a importância de resolver pendências relacionadas ao CAR, Cadastro Ambiental Rural. “Muitos produtores estão impedidos de acessar o crédito e estão regularizados”.
Também preocupa a iminência de mudanças no Proagro, seguro rural público que é custeado pelo governo e destinado a pequenos produtores.
Integrantes do governo têm sinalizado que a necessária reforma do PSR – programa que subsidia o seguro rural oferecido pelas empresas privadas – deve trazer, ao mesmo tempo, uma reformulação no Proagro, considerado muito “pesado” para o Tesouro Nacional.
“Não tem crédito rural sem o Proagro”, afirmou.
O executivo da Cresol diz que este mecanismo é um dos responsáveis por garantir uma inadimplência no crédito agrícola menor do que os demais segmentos. Segundo ele, atualmente a inadimplência no setor está em menos de 3%.
CRAs e Fiagros em stand by
Em 2023 a Cresol planejava entrar no mercado de fiagros, pensando em atender o financiamento de máquinas agrícolas usadas, conforme havia revelado Cledir Magri.
Nesta terça, ele disse ao AgFeed que a operação chegou a ser estruturada, mas que o custo ficou muito elevado aos agricultores. “Houve também algumas questões regulatórias, mas o principal entrave foi o fato de não ficar competitivo quando fizemos o teste de estresse”, afirmou.
O CEO da Cresol lembra também que os produtores estão acostumados com as liberações graduais de recursos do Plano Safra e “existe uma ideia de que há dinheiro o ano todo”.
Um outro projeto, no entanto, segue vivo na Cresol. É a emissão de CRA verde em parceria com BID. Magri disse que no final de fevereiro deve ter uma reunião sobre o tema e que a instituição internacional é quem vai definir o valor viável para a operação. A expectativa é de que a emissão ocorra ao longo do ano.