Rio Verde (GO) - A clássica música Águas de Março, de Tom Jobim, teve como uma das inspirações as chuvas que caem para fechar o verão. No caso do agronegócio, essas águas de março sempre são celebradas.
Aparentemente, as chuvas do verão levaram a cooperativa Comigo, de Rio Verde, em Goiás, a deixar de lado a insegurança trazida pelos eventos de calor extremo verificados no último trimestre de 2023 no estado.
Em entrevista concedida ao AgFeed no início de fevereiro, o presidente do Conselho de Administração da Comigo, Antonio Chavaglia, falava em praticamente congelar os investimentos em novas lojas e outras obras que seriam necessárias para melhorar a estrutura oferecida aos cooperados.
No entanto, em dois meses, o cenário mudou. Em coletiva de imprensa realizada no início do terceiro dia da feira Tecnoshow, nesta quarta-feira, dia 10, o presidente executivo da Comigo, Dourivan Cruvinel, anunciou a abertura de duas novas lojas da cooperativa, além do início da construção de uma nova esmagadora de soja.
“Vamos abrir uma loja na cidade de Paraúna, e outra em Jussara. Além disso, vamos começar a construção de uma esmagadora de soja em Palmeiras de Goiás, com capacidade de processar até 5 mil toneladas por dia”, contou Cruvinel.
O executivo conta que a esmagadora está em fase de orçamento e de licenciamentos, sendo que nesta fase, o maior desafio é cumprir as exigências ambientais.
“Estamos buscando todas essas licenças. Se tudo der certo, a terraplanagem do espaço começa entre maio e junho. E a partir daí, são dois anos até a unidade ser concluída”, conta Cruvinel.
O presidente da Comigo afirma que esse tipo de estrutura é muito importante para os cooperados, principalmente quando se trata de agregar valor para os produtores.
“Hoje, nós recebemos um volume de soja que corresponde a mais que o dobro do que podemos esmagar. E muitas vezes esse produto acaba perdendo valor”.
Sobre a estrutura de armazéns, Claudio Teoro, diretor de Insumos da Comigo e coordenador geral da Tecnoshow, afirma que os investimentos são sempre altos, lembrando a mais nova estrutura inaugurada em janeiro na cidade de Mineiros, com capacidade para 3,3 milhões de sacas de grãos, a um custo de R$ 150 milhões.
“Para cada 1 milhão de sacas armazenadas, é necessário um investimento de R$ 50 milhões. E ainda temos um déficit de armazenagem considerável em Goiás. Vamos precisar de mais investimentos”, afirma Teoro.
Primeiros números da Tecnoshow
Teoro falou também dos dois primeiros dias da Tecnoshow, que começou na última segunda-feira, dia 8. Ainda sem divulgar valores de negócios, ele deu um balanço prévio de público.
“No primeiro dia, tivemos um aumento de 12% em relação ao ano passado, passando de 14 mil pessoas para pouco mais de 16,2 mil pessoas. No segundo dia, nós tivemos mais de 23 mil pessoas, contra mais de 22 mil pessoas em 2023”.
Sobre os negócios, o diretor da Comigo afirma que estão acontecendo acima do que se esperava. “O produtor que tiver que comprar, vai comprar. Nós vamos ter que nos acostumar com esse novo patamar de preço, e cuidar do custo de produção. Os preços dos insumos têm favorecido esse balanço para os produtores”, diz Teoro.
Cruvinel afirma que tem espaço para dobrar a área da feira, mas que esse não é o objetivo. “Não queremos ter na feira empresas que não contem com representantes aqui em Rio Verde ou na região. Vir aqui, vender e ir embora. Por isso, nem temos essa pretensão de crescer de uma forma tão acelerada”.