A gigante produtora de etanol de milho e DDG, FS Fueling Sustainability, foi pioneira em iniciar os estudos para implantar a tecnologia conhecida como BECCS, Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono, o que pode ajudar a empresa não apenas a zerar emissões, mas também buscar maior valorização para seus produtos no mercado.
Nesta segunda-feira, 1º de setembro, a FS informou que firmou acordos para a venda futura de créditos de carbono derivados do seu projeto BECCS.
“Essas transações marcam as primeiras vendas de remoção de carbono do Brasil, demonstrando os avanços do projeto da FS em Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso”, disse a empresa.
O município de Lucas é citado porque é nessa unidade da FS que vem sendo implementado o projeto do BECCS.
A empresa demonstrou que, futuramente, é viável injetar no solo as 423 mil toneladas de carbono por ano emitidas pela usina, por 30 anos, “resultando em uma capacidade de armazenamento estimada de 12 milhões de toneladas de carbono ao longo do período”.
A FS já obteve sinal verde, para o projeto piloto, por parte da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e também já obteve uma Licença Provisória emitida no fim de julho pela Secretaria do Meio Ambiente do Mato Grosso.
“Com essa designação, a empresa está pronta para avançar com a instalação do sistema BECCS, iniciando a construção assim que as fases de licenciamento forem concluídas”, destaca o comunicado da FS.
Os contratos de venda futura, diz o texto, “foram assinados com a Pinheiro Neto Advogados, com a SLB, empresa global de tecnologia energética, e a Rubicon Carbon & YvY Capital, fornecedora de soluções de carbono de ponta e sua parceira brasileira”.
O volume total negociado não foi informado pela FS. Questionada pelo AgFeed, a empresa disse apenas que o preço praticado em uma das transações foi de US$ 150 por tonelada de carbono removido.
A companhia diz que a previsão para o início de operação da planta de carbono é julho de 2026.
Em entrevista ao AgFeed, o CEO da FS Rafael Abud, já destacou no passado que, para seguir avançando com o projeto, seria necessário ter uma sinalização por parte dos compradores internacionais de que estariam dispostos a pagar mais por este etanol de baixo carbono ou “carbono negativo”.
Sobre esse tema, a empresa respondeu: “de momento estamos focados em vender créditos no mercado voluntario de carbono”.
No comunicado da empresa, o vice-presidente de Sustentabilidade e Novos Negócios da FS, Daniel Lopes afirma: “A viabilidade geológica e a evolução do quadro regulatório atraíram compradores para créditos de carbono derivados desta iniciativa. Planejamos iniciar a construção do sistema BECCS assim que as aprovações de licenciamento forem concedidas, e a nossa meta é iniciar as operações de injeção de carbono até julho de 2026”.
“O projeto da FS é ousado e pioneiro no Brasil. Além de ser piloto para a elaboração de uma legislação direcionada, abre espaço para que outras empresas invistam nessa técnica com segurança no país. É muito gratificante ter a oportunidade de trabalhar nesse projeto desde o início e acompanhar o seu desenvolvimento. O escritório reforça o seu compromisso com projetos inovadores e com o meio ambiente ao se comprometer a compensar as suas emissões com créditos deste projeto de CCS”, afirma Paula Mello, sócia da área ambiental do Pinheiro Neto Advogados, no mesmo comunicado à imprensa.
Segundo a companhia, os créditos de carbono gerados pela FS serão classificados como “créditos de remoção” e seguirão a metodologia Gold Standard.
A FS conta atualmente com três usinas em Mato Grosso e tem capacidade para produzir cerca de 2,4 bilhões de litros de etanol por ano, mas tem projetos de expansão em andamento que devem levar a empresa a um volume anual de 5 bilhões de litros.
Resumo
- A FS Fueling Sustainability anunciou os primeiros contratos de venda futura de créditos de carbono com base em seu projeto BECCS, na usina Lucas do Rio Verde (MT).
- A iniciativa prevê capturar e armazenar carbono no solo, com início das operações previsto para julho de 2026, após a conclusão das licenças.
- Com o projeto, a FS busca valorizar o etanol "carbono negativo", enquanto segue projeto de expansão que deve levar a produção anual a 5 bilhões de litros.