A produção brasileira de rações atingiu 86,636 milhões de toneladas em 2024, alta de 2,43% em comparação ao ano anterior. O índice de crescimento é o dobro do global e do 1,2% obtido em 2023, segundo relatório Agri-Food Outlook 2025, divulgado pela Alltech, companhia global de nutrição animal e biotecnologia.
O Brasil permanece como o terceiro maior produtor mundial de rações. Maior fabricante, a China apresentou queda de 2,03% na oferta no ano passado, para 315 milhões de toneladas, e foi seguida pelos Estados Unidos, com uma oferta de 269,6 milhões de toneladas, alta de apenas 0,68% no período.
O Brasil é seguido pela Índia, com 55,2 milhões de toneladas, alta de 4,56%, México, com 41,4 milhões de toneladas, crescimento de 1,38%, e Rússia, com 38,481 milhões de toneladas, alta de 8,53%.
Todos os principais setores do mercado brasileiro tiveram crescimento, de acordo com o levantamento. Na aquicultura, por exemplo, houve a maior alta, de 8,6%,. Em bovinos de corte, o crecimento foi de 7%,e para aves de postura, de 6,5%.
O documento destaca que, apesar da forte alta de 2024 na oferta e na exportação, a expectativa para bovinos de corte é de contração de 5% a 6% este ano, devido à redução dos estoques de animais e maior concorrência com frangos e suínos.
Essa queda, se confirmada, deve atingir a produção de ração para bovinos, embora as exportações continuem fortes com a queda na oferta global, principalmente para a China e os Estados Unidos.
O mercado de rações para pets registrou alta de 3,4% na produção em 2024, seguido do de frangos de corte, com 1,6%, bovinos de leite, 1,5%, e suínos, 1%.
De acordo com a pesquisa, o setor avícola se expandiu devido ao domínio do Brasil nas exportações globais de frango e ao aumento da demanda doméstica por proteína acessível, ainda sem impactos da gripe aviária.
Já a indústria de bovinos de leite teve um crescimento modesto, com uma mudança para fazendas mais eficientes e voltadas para a tecnologia, enquanto as exportações de carne suína atingiram níveis recordes, apoiadas pelo declínio da oferta de carne bovina.
Segundo Clodys Menacho, diretor comercial da Alltech no Brasil, o sentimento da companhia é de otimismo, mas “com ressalvas”, para 2025, diante do cenário de gripe aviária e de freio na oferta de carne bovina.
Sobre a gripe aviária e os impactos no mercado de frango, o executivo da companhia especializada em aditivos para a nutrição animal disse que ainda não houve impacto na demanda.
“Nosso setor (aditivos) é o primeiro afetado quando tem uma crise e ainda não sentimos qualquer impacto. Do lado da pecuária, o ano começou um pouco freado, mas seguimos otimistas”, afirmou o diretor comercial da Alltech no Brasil.
Ele espera um “represamento” na importação de carne de aves, com o fluxo sendo retomado diante da normalização do mercado após as medidas sanitárias tomadas pelo Brasil.
Para Menacho, com os estoques mundiais de carne de frango baixos, o Brasil é um dos poucos países capazes de atender a demanda. “A resiliência do produtor brasileiro é grande e o Brasil mostrou nos últimos anos que tem capacidade de se adaptar a qualquer situação”, disse.
Concentração
Os resultados da 14ª edição da pesquisa anual apontam que a produção global de rações se recuperou em 2024 após estabilidade no ano anterior, passando de 1,380 bilhão para 1,396 bilhão de toneladas. Do total, 595,8 milhões de toneladas, ou 42,7%, são para o consumo de aves, e 26,4%, ou 369,3 milhões de toneladas, para suínos.
Os dez principais países produziram 65,6% da ração mundial, mas metade da oferta vem de China, EUA, Brasil e Índia, também os maiores consumidores.
Essa alta na oferta, de acordo com o relatório, “ressalta a resiliência e adaptabilidade da indústria agropecuária internacional e foi obtida mesmo com a gripe aviária - disseminada em vários países, mas cujo primeiro foco comercial foi detectado em 15 de maio deste ano no Brasil - além de flutuações climáticas e incerteza econômica”.
A pesquisa anual que serve de base ao Agri-Food Outlook reuniu dados de 142 países e 28.230 fábricas de ração em 2024. Os dados foram apurados pela equipe de vendas globais da Alltech em parceria com associações de rações e organizações oficiais de coleta de dados.
Resumo
- A pesquisa anual realizzada pela Alltech reuniu dados de 142 países e 28.230 fábricas de ração em 2024
- O Brasil permanece como o terceiro maior produtor mundial de ração e registrou crescimento em todos os principais setores no ano passado.
- Para Alltech no Brasil, sentimento é de otimismo “com ressalvas” para 2025, após gripe aviária e freio na oferta de carne bovina.