Os embargos internacionais após o foco de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro (RS), em maio, devem impedir um novo recorde de exportações de frango brasileira em 2025. Ao mesmo tempo, a oferta excedente da proteína deve ser escoada no mercado interno, segundo projeções divulgadas nesta quarta-feira, 20 de agosto, pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
De acordo com a entidade, as vendas externas devem ter leve queda de 2%, de 5,295 milhões de toneladas em 2024 para 5,200 milhões em 2025. O recorde, segundo a ABPA, deve chegar em 2026, com a estimativa de um mercado de até 5,500 milhões de toneladas, crescimento de 5,8% sobre este ano.
Quem vai se beneficiar será o consumidor brasileiro, com alta de 5,4% na oferta interna da proteína, para até 10,2 milhões de toneladas em 2025, frente às 9,678 milhões de toneladas em 2024, crescimento de 5,4%.
O consumo per capita de carne de frango no Brasil deverá crescer 5,1%, dos 45,5 quilos por habitante em 2024 para 47,8 kg. Para 2026, com a perspectiva de retomada e abertura de novos mercados, a expectativa é de estabilidade no volume interno e no consumo per capita.
Do lado da oferta, a produção brasileira de carne de frango deverá totalizar 15,4 milhões de toneladas em 2025, até 30% superior ao total de 14,972 milhões de toneladas produzidas em 2024. Para 2026, é esperado crescimento de 2%, com até 15,7 milhões de toneladas, de acordo com a Abpa.
“O ano tem sido marcado pela superação da maior crise da história do setor de aves. A situação pontual foi superada e a maior parte dos mercados temporariamente suspensos já restabeleceu as exportações”, relatou o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Segundo ele, o trabalho para a reabertura de todos os mercados permanece para garantir ao menos o cenário de estabilidade nas exportações ante 2024. “Por outro lado, a produção segue fortalecida graças a um mercado interno demandante, com o consumo per capita retomando patamares históricos em torno de 47 quilos”, avaliou Santin.
Ovos
Nem a gripe aviária e nem o tarifaço de Donald Trump devem impedir a disparada e o recorde nas exportações brasileiras de ovos, segundo a Abpa.
As vendas externas do setor devem alcançar até 40 mil toneladas em 2025, um crescimento de 116,6% em relação às 18.469 toneladas embarcadas em 2024. A demanda extra vem principalmente dos Estados Unidos, que reduziram drasticamente a oferta interna.
De acordo com a ABPA, as empresas ainda avaliam os efeitos do tarifaço nas exportações, já que os Estados Unidos são um grande cliente brasileiro. Porém, segundo Santin, a expectativa de reabertura de mercados altamente demandantes da proteína brasileira, como o Chile, mantém a expectativa de recorde de exportações neste ano.
Para 2026, a expectativa da entidade é mais modesta para as vendas externas de ovos, mas o volume deve atingir 45 mil toneladas, 12,5% a mais que o volume previsto para este ano.
A produção brasileira de ovos em 2025 deve atingir até 62 bilhões de unidades em 2025, 7,5% superior ao total de 57,683 bilhões de unidades em 2024. Para 2026, espera-se nova expansão, com até 65 bilhões de unidades produzidas, alta estimada de 4,8% sobre este ano.
Já o consumo per capita deverá passar de 269 unidades por habitante em 2024 para 288 unidades em 2025, alta de 7,1% e atingir 306 unidades em 2026, novo aumento de 6,3%.
“O forte consumo posicionará o Brasil ao final de 2025, pela primeira vez, entre os dez maiores consumidores per capita de ovos do planeta”, relatou Santin.
Suínos
Se o recorde não vier para a carne de frango, deverá vir para a carne de porco nas exportações, no consumo interno e na oferta em 2025.
A entidade setorial estima exportações em 1,450 milhão de toneladas em 2025, alta de 7,2% ante frente às 1,353 milhão de toneladas embarcadas em 2024.
A disponibilidade interna da proteína deverá alcançar cerca de 4 milhões de toneladas em 2025, frente aos 3,952 milhões de toneladas do ano anterior, crescimento de 1,2%.
O consumo per capita de carne suína no mercado interno deverá passar de 18,6 kg por habitante em 2024 para 19 kg em 2025, crescimento de 2,2%.
Para suprir a demanda, a produção nacional de carne suína deverá atingir até 5,450 milhões de toneladas em 2025, incremento de 2,7% sobre as 5,305 milhões de toneladas produzidas em 2024.
“A suinocultura do Brasil deverá registrar novos patamares de produção, consumo e exportações em 2025, todos em níveis recorde”, relatou Santin.
O presidente da ABPA citou as Filipinas, o crescimento do México e os mercados de Cingapura e de nações da América do Sul com os que garantirão a posição brasileira na liderança do ranking mundial da carne suína.
Resumo
- Gripe aviária reduz exportações de frango em 2025, mas amplia a oferta no mercado interno, com alta de 5,4% no consumo
- Ovos devem registrar recorde histórico, com produção de até 62 bilhões de unidades e forte crescimento nas exportações
- Carne suína terá avanço em produção, consumo e exportações, consolidando novos patamares recordes para o setor em 2025