No evento em que o governo anunciou, nesta segunda-feira, 30 de junho, R$ 89 bilhões para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinais de quais serão os juros dos recursos para os da agricultura empresarial.

Durante o discurso em evento no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), Lula disse que “todo mundo fala na taxa de juros, fica olhando aumento da Selic para dizer que o mundo está uma desgraça”, em referência à taxa básica de juros, que chegou a 15% ao ano em junho.

Em seguida, o presidente citou que a maioria das taxas segue negativa ou zero para a agricultura familiar e sinalizou que o patamar máximo das aplicadas à agricultura empresarial no Plano Safra 2025/2026, a ser anunciado nesta terça-feira, 1º de julho, deve ser de 14% ao ano.

“Taxa de juros de 5% em inflação de 5% é juro zero, taxa de 3% é menos dois por cento. Se pegar 14% ao ano, descontar 5%, vai ser 9% ao ano, longe da Selic”, afirmou o presidente durante o discurso.

Lula afirmou que gostaria que os juros fossem zero, mas que o Banco Central é independente para definir a Selic. Ele elogiou o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, e garantiu que caminho pela frente é de mais produção de alimentos.

No discurso, o presidente citou também a nacionalização do atendimento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e cobrou as montadoras a produzirem máquinas agrícolas que atendam pequenos produtores,  dizendo que os “grandes já têm e é bom que tenham”.

O Pronaf completa 30 anos em 2025, com R$ 778 bilhões em investimentos em mais de 42 milhões de contratos, segundo o governo.

“A agricultura familiar é composta por quase 5 milhões de pequenos produtores com até 100 hectares, mais de 2 milhões com até 10 hectares e tem muita gente que tem até 3 hectares e que mais necessita de inovação para ser mais produtiva”, disse Lula, para o qual o plano anunciado aos pequenos produtores “está longe de ser perfeito”.

Os R$ 89 bilhões para financiamento da safra de micro e pequenos produtores representam uma alta de 3,85% sobre os R$ 85,7 bilhões anunciados em 2024/2025.

O total é recorde em valor absoluto, como o governo sustenta, mas será menor que o da safra passada se considerada uma inflação acumulada de 5,3% nos últimos 12 meses, até maio.

O Pronaf terá R$ 78,2 bilhões, 2,9% maior que os R$ 76 bilhões da safra anterior. Em 2024/2025, as taxas variaram de 0,5% a 6% e, para 2025/2026, variam de 0,5%, para agroecologia, até 8% ao ano, teto que é para linhas de financiamento de regularização fundiária e moradias rurais.

A taxa de 3% ao ano para financiar a produção de alimentos da cesta básica, como arroz, feijão, mandioca, frutas, verduras e leite, com a inclusão de ovos em 2025/2026, foi mantida, assim como a de 2% ao ano, quando o cultivo for orgânico ou agroecológico

Também foram mantidas as taxas para o financiamento de mecanização agrícola, de 2,5% para equipamentos menores, a 5% ao ano para os maiores, de até R$ 250 mil. O teto de renda para o enquadramento como agricultura familiar foi elevado de R$ 100 mil para R$ 150 mil, e o de financiamento foi de R$ 50 mil para R$ 100 mil.

“Temos o compromisso de soberania alimentar no Brasil. Temos safra recorde, mas o melhor resultado é que conseguimos ter neste mês menos que zero de inflação em alimentos com o aumento da oferta”, disse Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Combate à Fome.

Além das linhas tradicionais para produção e mecanização, o governo anunciou o financiamento de conectividade aos agricultores familiares, de até R$ 100 mil com juros de 2,5% ao ano, e o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara).

Resumo

  • Governo anunciou Plano Safra da Agricultura Familiar com um total de R$ 89 bilhões financiamento de micro e pequenos produtores
  • O Pronaf terá R$ 78,2 bilhões, 2,9% mais que os R$ 76 bilhões da safra anterior. Em 2024/2025, as taxas variaram de 0,5% a 6% e, para 2025/2026, variam de 0,5% até 8% ao ano
  • Em discurso, presidente Lula deu a entender que juros máximos da agricultura empresarial ficarão em 14% ao ano