No mundo do mercado financeiro brasileiro, os holofotes costumam se concentrar nas avenidas de São Paulo e nas torres do Rio de Janeiro.

Mas, em Vitória, no Espírito Santo, uma casa de investimentos com R$ 15 bilhões sob gestão e custódia vem construindo, há mais de uma década, um caminho próprio. Agora, quer acelerar a expansão no agronegócio.

A Apex Partners nasceu em 2013, com um grupo de empresários capixabas que, segundo o vice-presidente institucional Pedro Chieppe, enxergou “uma oportunidade de apoiar, participar e ajudar o desenvolvimento do mercado de capitais no Espírito Santo”, estado onde todos nasceram e cresceram.

“Vivenciamos um cenário empresarial em que o estado não tinha uma pujança financeira, dependia dos bancos sediados no Rio de Janeiro ou São Paulo. Isso acendeu um alerta, porque temos vários cases empresariais excelentes no Espírito Santo”, comentou, em entrevista ao AgFeed.

A ambição de ser o que o próprio Chieppe chama de “banco de investimento do interior” levou a Apex a abrir sedes no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, sempre mirando o interior e as capitais regionais.

A Apex organiza sua atuação em quatro grandes frentes: a gestora, responsável pela administração de fundos de investimento e participações; o banco de investimento, que atua em mercado de capitais, fusões e aquisições e estruturação de dívidas; a área de advisory, voltada ao planejamento financeiro, crédito, câmbio, previdência, seguros e cartões; e a unidade de research, que produz análises setoriais e pesquisas econômicas e políticas com foco em mercados regionais.

Direta ou indiretamente, o agronegócio se faz presente na atuação da empresa e, segundo Chieppe, “tende a ser cada vez mais relevante na atuação da Apex”.

“Coincidentemente, o agro é um setor relevante em todas as praças de atuação. Parte relevante dos clientes vem do agro, seja na ponta de um aplicador de recursos, um investidor que tem recurso administrado ou alguém que toma e estrutura esse capital dentro do segmento”, afirma.

Na assessoria financeira, ou advisory, Chieppe cita que são R$ 3,5 bilhões em volume de ativos sob supervisão em cidades fora das regiões metropolitanas.

Na ponta tomadora, ele explica que a Apex pode atuar como assessora financeira em uma série de captações: crédito de custeio, investimento, CPR (Cédula de Produto Rural), CRA (Certificado de recebíveis do Agronegócio) e até operações estruturadas de FIDCs.

Numa das últimas operações do tipo, a Apex assessorou a Granfos, uma misturadora de fertilizantes do interior do Paraná, em sua primeira emissão de CRA, no valor de R$ 55 milhões.

A operação teve a Ecoagro como securitizadora e a Pinheiro Neto Advogados como assessora jurídica. “Ajudamos a empresa a marcar sua entrada no mercado de capitais, abrindo novas possibilidades de desenvolvimento e fortalecendo a governança”.

Pedro Chieppe conta que, atualmente, a maior demanda tem sido pela emissão de CRAs. “O mercado com juros altos e uma Bolsa ‘travada’ faz o mercado olhar para títulos de renda fixa que tenham algum ágio em relação à Selic”, diz.

Além disso, conta que recentemente atuou junto com a Cooabriel (Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel), a maior cooperativa de café conilon do Brasil, com sede no Espírito Santo, e que faturou cerca de R$ 2,3 bilhões em 2024.

A Apex assessorou a cooperativa na captação de recursos via Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), fundo público que dá crédito ao setor. “Eles conseguiram captar o recurso que ajudou a subsidiar agricultores familiares na ponta final para comprar insumos”, citou Chieppe.

Na vertical de venture capital, a Apex Partners já investiu na também capixaba Natufert, que atua com fertilizantes orgânicos.

Nos outros segmentos de atuação, como por exemplo o imobiliário, o agro se faz presente de forma indireta. Chieppe cita que a companhia desenvolveu um empreendimento residencial de alto padrão na cidade de Linhares (ES), um dos principais polos de produção de café conilon, cacau, pimenta-do-reino e mamão de todo o Brasil.

A construção tem um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 66,3 milhões No Paraná, investiu R$ 100 milhões no Shopping Catuaí Cascavel, também localizado numa cidade referência pela produção de soja, milho e trigo.

Ainda em terras paranaenses e também no mercado imobiliário, desenvolveu outro empreendimento residencial em Londrina, com VGV de R$ 70,5 milhões.

Para Chieppe, a lógica é clara: “Acredito que o agro e a construção civil têm tudo para ser os dois setores principais da empresa. Se hoje você analisar, são setores que andam a despeito do que acontece. Já é uma realidade e minha crença é que isso só vai se intensificar ao longo do tempo”, disse.

Na parte de research, a empresa ainda organiza alguns eventos pelo País. Chamado de Agro Business, reúne executivos, políticos e especialistas do setor para fóruns e debates.

A última edição ocorreu no início de agosto em Londrina (PR) e contou com executivos de empresas como Totvs, Sicredi, Embrapa, JaguaFrangos e Zera.Ag.

Do lado institucional, o prefeito da cidade, Tiago Amaral, o deputado federal Pedro Lupion, que também é presidente da FPA, e o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Marcelo El-Kadre, atenderam ao evento.

Resumo

  • Apex Partners, gestora capixaba com R$ 15 bilhões sob gestão e custódia, quer consolidar atuação como “banco de investimento do interior”
  • Com foco em mercados fora do eixo Rio–São Paulo, agro tem destaque em operações estruturadas como CRAs e assessoria a cooperativas e empresas regionais
  • Estrutura da Apex está diversificada em gestora, banco de investimento, advisory e research