Começamos com uma resposta direta: ambos os fóruns têm tudo a ver com o agro. E muito mais do que imaginamos. Se você pensou em exigências ao setor, metas a cumprir e desafios a serem alcançados, pode-se dizer que sim, em parte, também é isso. Mas vejo acima de tudo oportunidades. E vou explicar o porquê.

A produtora rural que aqui escreve – e lidera os negócios de uma fazenda de médio porte, no interior de São Paulo - acaba de passar por uma daquelas experiências inesquecíveis, além de ter sido uma surpresa, das mais agradáveis.

O G20 ou Grupo dos 20 é um fórum de cooperação econômica internacional, que existe desde 1999, reunindo as principais economias desenvolvidas e emergentes do mundo.

Mais recentemente, em 2010, foi criado o B20 ou Business 20, um fórum oficial de diálogo do G20 com a comunidade empresarial global, cujo objetivo principal é elaborar recomendações de políticas específicas para os países que integram o grupo.

O Brasil está atualmente na presidência do G20, já que há um rodízio entre países membros. A regra prevê que o B20 se reúna durante o ano da presidência de cada país, para, a partir dali, definir diferentes forças-tarefa, que vão detalhar as recomendações do empresariado.

Toda essa explicação foi necessária para contar que, há menos de 10 dias, foi realizada no Rio de Janeiro a B20 Brasil 2024, com os maiores nomes do empresariado do nosso País e, acredite, com a produtora rural que escreve este artigo. Portanto, sim, o agro está marcando presença neste fórum.

Mas essa não é a única boa notícia. Os pilares estratégicos e as forças-tarefas definidas pelo B20 vão se dedicar a fundo a temas importantíssimos para o nosso setor, entre eles, mudanças climáticas, transição energética e sistemas alimentares.

A liderança do B20 está com a CNI, Confederação Nacional da Indústria, que escolheu o empresário Dan Ioschpe como presidente do fórum empresarial do G20. Além dele, foram definidos os 16 nomes do conselho consultivo.

Os conselheiros escolhidos são, na maioria, altos executivos de empresas como Klabin, Natura, Santander, Telefônica, além de nomes como Tânia Cosentino (Microsoft) e Guilherme Johannpeter (Gerdau). Por isso não me canso de dizer que é uma honra muito grande, como produtora rural e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, ter sido escolhida como uma das conselheiras do B20.

E afinal, o que tudo isso nos afeta? O B20 definiu 9 forças-tarefa e praticamente todas elas se relacionam direta ou indiretamente com o agronegócio. Um dos casos mais evidentes é a questão climática. Há um compromisso em buscar soluções concretas e inovadoras para que possamos nos adaptar e prevenir eventos climáticos extremos.

Não é essa uma das maiores dores do produtor rural no momento? A região Sul sofreu com excesso de chuvas e estragos diversos desde o final do ano passado. O Centro-Oeste está lidando com uma quebra de safra, porque faltou chuva no plantio e agora sobre durante a colheita, atrapalhando os trabalhos.

Se países e empresários se comprometerem a nos mostrar caminhos – e nos ajudarem – a mitigar esta questão, sem prejuízo a outro pilar importante desde debate, que é a produção de alimentos e o combate a fome, o produtor rural, o agro, a sociedade, serão os grandes beneficiados.

Mais do que isso, a força-tarefa menciona diretamente a transição energética. Sabemos que somos parte dessa solução produzindo energia renovável, seja no etanol de cana ou de milho, no biogás gerado pelo resíduo das nossas agroindústrias.

Os temas que acabei de citar, além do incentivo à bioeconomia e o “pagamento por serviços ecossistêmicos”, também estão em grupo de trabalho do próprio G20, liderado pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil, com a participação do Ministério das Relações Exteriores.

São notícias alvissareiras pensando no produtor que está antenado em novas tecnologias, cada vez mais preocupado em buscar práticas sustentáveis, sem perder nossa liderança inquestionável em produtividade. Estamos aqui prontos para ajudar o planeta a cumprir sua missão.