A conexão entre campo e cidade já não é mais uma metáfora: é uma realidade tecnológica em construção.

Em um mundo em que a urbanização avança no mesmo ritmo que as exigências por segurança alimentar e sustentabilidade, a resposta mais eficiente vem do que chamamos de agricultura inteligente: um ecossistema cada vez mais conectado, eficiente e orientado por dados.

Mais do que unir o campo e a cidade, essa digitalização ajuda a desenvolver a economia.

Um estudo do McKinsey Center for Advanced Connectivity e do McKinsey Global Institute (MGI) afirma que, se a conectividade for plenamente implementada, o setor agrícola poderá adicionar 500 bilhões de dólares ao produto interno bruto (PIB) global até 2030, o que representaria um aumento de 7% a 9% em relação ao projetado anteriormente.

O avanço elevaria a produtividade e ajudaria a aliviar as pressões enfrentadas pelos produtores, como escassez de recursos naturais, aumento de custos e impactos das mudanças climáticas.

Diante desse cenário, grandes empresas do setor seguem em busca de alternativas eficientes para viabilizar o acesso à conectividade para produtores de todos os portes e vencer a barreira histórica da falta de acesso à internet no campo.

É o caso de um lançamento recente da John Deere, o JDLinkTM Boost. Essa tecnologia permite o monitoramento das máquinas mesmo em áreas sem sinal de celular, utilizando a rede de satélites da Starlink.

Com o JDLinkTM Boost, é possível transmitir dados diretamente para o John Deere Operations CenterTM, a plataforma digital da John Deere, na qual o produtor tem o controle de toda a operação na palma da sua mão, com a facilidade de planejar, monitorar e analisar os dados a qualquer momento e de qualquer lugar.

A ferramenta oferece uma visão completa e integrada de todos os equipamentos da frota do cliente e de suas operações no campo.

Além da conectividade, é essencial democratizar o acesso à inovação. O Precision Upgrades, por exemplo, permite que o produtor utilize pacotes de atualização para modernizar máquinas mais antigas com agricultura de precisão.

Já o Solutions as a Service (SaaS) faz com que o custo deixe de ser um obstáculo: o cliente adquire ferramentas com pagamentos distribuídos ao longo do tempo. É como uma assinatura, mas com valor proporcional ao retorno gerado com seu uso.

Essa combinação de acesso à internet, acessibilidade e inteligência embarcada pode permitir avanços substanciais na produção de alimentos, energia, fibras e infraestrutura, independentemente do tamanho da operação.

Mais de 775 mil máquinas da John Deere já estão conectadas, com a meta de atingir 1,5 milhão até 2026, incluindo modernização e integração de veículos de apoio a esse ecossistema conectado, mesmo sendo de outras marcas.

Afinal, a conexão não é apenas entre máquinas, mas entre realidades: da lavoura ao sistema logístico, da plantação ao consumidor final.

O impacto dessa transformação é amplo, e os produtores agrícolas cada vez mais entendem essa necessidade. Uma pesquisa de 2024 da Universidade de Brasília (UnB) revelou que a imensa maioria dos produtores brasileiros já utiliza alguma forma de tecnologia digital, em atividades como operações bancárias via internet (96,3%), previsão climática (90,74%), manejo agrícola (90,71%) ou gestão de propriedades (70,37%). É o agronegócio furando a barreira da inovação.

Estamos diante de uma nova fronteira: fazendas inteligentes integradas a redes de dados tão estruturadas quanto as das cidades inteligentes — um ambiente em que dados fluem, decisões são otimizadas, recursos são usados com responsabilidade e o produtor rural é protagonista de uma nova era digital.

A tecnologia não substitui o talento do homem do campo: ela o amplia, e a John Deere continuará trabalhando para que cada hectare plantado esteja conectado a uma rede global de eficiência, sustentabilidade e inovação.

Porque conectar o campo é também uma forma de conectar o futuro.

Cristiano Correia é vice-presidente de Sistemas de Produção da John Deere para a América Latina.