Dentre vários desafios enfrentados por produtores rurais nos últimos anos, eu diria, sem medo de errar, que algo que sempre foi motivo de preocupação e que nos últimos passou a tirar o sono de muitos é a questão climática, em especial a irregularidade de chuvas.
Exemplo recente foi o ocorrido na safra de soja 2023/2024, quando, segundo a Aprosoja Brasil, as perdas em vários estados do País giraram em torno de 20%.
Fato é que a agricultura por si só é uma atividade de muito risco e, se nós produtores não buscarmos maneiras de mitigá-los, estaremos cada dia mais fadados a grandes perdas em nossas produções.
Nesse contexto, fui buscar informações sobre sistemas de irrigação. Atualmente, em torno de 9 milhões de hectares são irrigados no Brasil.
A agricultura irrigada é bastante dinâmica e diversificada. Porém a irrigação ainda é pequena frente ao potencial estimado do país.
Mas a que isso se deve? Eu diria que, sobretudo, falta conhecimento sobre o assunto, seja quanto a própria implantação e estruturação do projeto, captação de água, sistema mais indicado e investimento necessário.
Recentemente tive a oportunidade de visitar uma propriedade irrigada em Goiás e, confesso, fiquei impressionada com tamanha eficiência e tecnologia. O que pude perceber foi uma nova fazenda dentro da propriedade.
Primeiramente, quanto à questão da produtividade, que é algo que estamos sempre em busca: produzir mais na mesma área!
Com a irrigação você pode colher até três safras por ano, rotacionando culturas e otimizando recursos, com colheitas de melhor produtividade e melhor qualidade.
Sobre tipos de sistemas de irrigação: pivô central ou gotejamento, consultei a especialista Ana Silveira, da equipe de vendas na Central Irrigação, especializada em projetos de irrigação no estado de Goiás, e a mesma me informou que estima-se que os pivôs tradicionais consigam irrigar 75% da área total do cultivo.
Você imagina o quanto você poderia ter de incremento de produtividade ao irrigar também os 25% faltantes?
Pois hoje isso já é possível, com a harmonização de sistemas de irrigação, que combinam o tradicional pivô central com a precisão do gotejamento subterrâneo.
Essas duas tecnologias se complementam, permitindo irrigar 100% da área da sua plantação de grãos, incluindo cantos e áreas irregulares.
Circulando por vários grupos de produtores, pude ainda perceber que há muitas dúvidas sobre o uso da irrigação por gotejamento no cultivo de grãos.
Para sanar essas dúvidas, falei com Ramos Paes, representante de vendas da Netafim Brasil, que me informou o gotejamento possui uma eficiência hídrica muito alta, pois aplica a água diretamente nas raízes das plantas, minimizando as perdas por evaporação e escoamento superficial.
Isso é especialmente importante em regiões onde a disponibilidade de água pode ser limitada.
Além disso, com o uso eficiente da água e podendo aplicar demais produtos de proteção, como químicos e biológicos, utilizando o sistema de irrigação por gotejamento, também podemos observar um aumento significativo nas produções que utilizam a irrigação em comparação às que não utilizam.
Já pensando na questão de sustentabilidade, após várias pesquisas feitas sobre o assunto, posso seguramente dizer que uma vez utilizado o sistema adequado, a água é entregue de maneira ideal com precisão, evitando desperdícios e perdas por evaporação.
Isso resulta em maior eficiência hídrica e menor consumo energético. Observando esses requisitos o produtor garante a sustentabilidade financeira e ambiental do seu negócio.
Levando-se em consideração todo o potencial de produtividade que a irrigação traz e que ela se encaixa para vários tipos de produtor, desde o pequeno, até o grande empresário, se adaptando a vários tipos de culturas e diversos tipos de solo, entendemos que a irrigação é fundamental para ampliar a produção de alimentos no mundo, além de garantir segurança ao produtor, reduzindo os impactos climáticos.
Cristiane Steinmetz é advogada e agricultora em Goiás, juntamente com sua mãe e irmã, além de idealizadora do grupo Mulheres do Agro de Mineiros e Rede Uma - União das Mulheres do Agro.