É em uma fazenda de 580 hectares na cidade de Prata, no sul de Minas Gerais, que Paulo Lima passa alguns dias no ano. Mesmo produtor rural, cultivando soja, milho e com alguns hectares para seringueiras, sua principal ocupação é em outro ramo e em outra cidade e estado.
“Vou pra passear por lá de vez em quando e no dia a dia estou monitorando à distância”. A prática tecnológica dá um spoiler sobre o personagem: Lima é um dos fundadores e CEO da Skymail, empresa de soluções em nuvem, segurança online e e-mail corporativo.
O executivo fundou a empresa em 2013, quando já tinha quase 20 anos de experiência no setor. A conta parece não fechar, mas há uma explicação: Lima atua com internet desde 1994, sendo um dos pioneiros do ramo e um dos responsáveis por trazer a internet comercial para o País.
Ele foi um dos criadores do primeiro provedor nacional, a Mandic Internet, e anos depois, ajudou a montar o iG. Hoje, na liderança da SkyMail, comanda uma operação que faturou R$ 70 milhões no ano passado. Com mais de 6 mil clientes ativos, a meta é escalar a receita para R$ 100 milhões neste ano e R$ 140 milhões em 2026.
O novo ciclo, ancorado em um investimento de R$ 40 milhões para ampliar sua presença geográfica, também busca novos setores. Um deles é o agronegócio.
A decisão de explorar o setor veio por um mix de planejamento, considerando a tecnificação que o agro tem passado, e também por um encantamento do CEO. Ele contou ao AgFeed que conversou recentemente com executivos da John Deere e cita que ficou “assustado com o nível de sofisticação das máquinas”.
“O operador aperta um botão e o trator sai rodando sozinho, configurado com o implemento adequado. O agro está evoluindo muito”, disse.
Na sua realidade enquanto produtor, cita fazendas vizinhas como exemplos das oportunidades que vê no setor. “Tem produtor de gado que faz leilão, tem frigorífico e ‘conta o gado’ com ajuda da tecnologia. Tudo na palma da mão. Eu mesmo monitoro tudo da minha fazenda pelo celular, ainda que minhas máquinas não sejam de última geração”, acrescentou.
A percepção do CEO então se materializou em uma estratégia comercial na Skymail. “O agro ainda está muito devagar nesse segmento e há muito mercado para crescer. Quem está na nuvem ainda são poucos, principalmente os pequenos e médios”, disse.
“Chegar pro cara que tem mil hectares e falar que tudo tem que estar na nuvem, ele vai falar que nuvem só em janeiro, quando chove”, brincou Paulo Lima.
No setor, a Skymail já atende empresas como a paulista Kuará Frutas e a pernambucana Labrunier, que produz uvas.
Nesses casos, Lima explica que atende os clientes com sistemas de gestão de qualidade e e-mails corporativos em nuvem. Atualmente, está fechando um projeto com uma cooperativa agrícola no Sul do país para monitoramento remoto de infraestrutura com sistemas de segurança e prevenção a ataques externos.
“Somos uma empresa multifacetada e o nosso produto, por sorte, é aderente a qualquer atividade em qualquer linha. Temos, com isso, tanto produtos para setores de serviço e comércio quanto no agro”, afirmou Lima.
Lima ainda acredita que é cedo para projetar quanto o agro pode representar na receita da SkyMail, mas vê um bom caminho de entrada na pecuária, com muitas oportunidades em grandes produtores e agroindústrias, onde mapeou um universo de mais de 2 mil empresas no que chamou de “agroserviços”.
“Vamos reforçar nosso posicionamento em feiras. Estivemos há algumas semanas em Campinas, no Agro Summit, apresentando a empresa, entendendo a dinâmica, conversando e entendendo o que o setor precisa”, comentou Lima.
Como parte do pacote de investimentos já anunciado de R$ 40 milhões, a empresa tem ampliado a presença física com datacenters e o CEO projeta que o próximo deve estar no Centro-Oeste, ainda sem estado definido, para ancorar essa atuação no setor.
“Estados como Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal e Minas Gerais tem muito mercado agro, além de grandes fazendas também com centros de distribuição”, disse.
Atualmente, a empresa também passa por um processo de rebranding, inclusive de nome, para refletir seu portfólio mais amplo, que hoje inclui, além dos e-mails corporativos, soluções em nuvem, segurança digital e, mais recentemente, inteligência artificial. “Skymail remete muito ao e-mail e hoje temos um ecossistema mais completo”, finalizou.
Resumo
- Fundada por Paulo Lima, pioneiro da internet comercial no Brasil, a empresa faturou R$ 70 milhões em 2024 e projeta alcançar R$ 100 milhões neste ano, ancorada em um plano de expansão de R$ 40 milhões
- Com 6 mil clientes e 1,5 milhão de usuários, a empresa já atende nomes como Kuará Frutas e Labrunier, e mira o Centro-Oeste para abrir um novo datacenter