Com volumes enormes de insumos e produtos agrícolas sendo tranportados permanentemente por todo o País, o agro tem nos fretes rodoviários um custo relevante, fundamental na tomada de decisões de vendedores e compradores de nossas safras agrícolas.
Por isso, ter acesso de forma rápida e confiável a dados atuais e históricos sobre preços desses fretes é uma informação estratégica dentro e fora do setor.
Tanto que a startup brasileira goFlux, logfintech que possui uma plataforma digital focada em fretes de commodities, transformou sua base de dados, uma das maiores do País no segmento, em um ativo para lhe dar visibilidade global.
A partir dessa semana, as informações desse mercado, compiladas pela goFlux, passam a ser distribuídas pelos mais de 350 mil terminais do serviço global da Bloomberg, referência em indicadores econômicos globais.
“Somos uma plataforma que conecta grandes empresas, com grandes volumes de carga, à transportadoras. Essa conexão gera uma massa de dados gigantesca e estamos desde 2018 gerando dados”, afirma Rodrigo Gonçalves, CEO da goFLux.
A solução contempla 126 rotas de fretes, tanto com destinos à portos para exportação quanto para mercados internos e de importação, espalhados em culturas como soja, milho, açúcar, algodão além de bioinsumos, biocombustíveis e fertilizantes.
Esse ativo de informação foi o que atraiu a Bloomberg, segundo o CEO. As conversas com a plataforma global começaram no ano passado e se intensificaram nos últimos meses.
A ideia, segundo Gonçalves, é que essa informação curada pela goFlux e disponível na Bloomberg possa ajudar investidores de fora do País a conhecer mais do agro brasileiro. “O agronegócio brasileiro é internacional, e faltava essa informação do frete”.
Por enquanto, apenas séries históricas estão disponíveis, mas o CEO já projeta, no futuro, possibilitar uma espécie de “preço futuro” para os investidores. “Pode ajudar uma empresa na tomada de decisão, caso ele veja que o frete vai subir ou cair”.
Gonçalves também cita que empresas, como grandes tradings, que possuem sistemas próprios de frete, podem ter acesso a cotações de mercado e tomar melhores decisões.
Os gráficos e números não mostram qual empresa pagou um determinado valor por frete, mas fornecerá uma média ponderada e também a elasticidade dos preços, para análises mais precisas.
“Não são números originados de uma pesquisa. São dados de negócios firmados. A riqueza de dados faz com que a informação seja confiável”.
Na startup, outros números também têm sido motivo de comemoração na goFlux. Os resultados anuais da companhia têm apontado crescimento rápido e constante e, segundo Gonçalves, a tendência positiva deve continuar.
Depois de ser chancelada pela John Deere para participar de um programa de aceleração e captar R$ 30 milhões no início deste ano, a companhia prevê “dobrar de tamanho mais uma vez”.
Segundo afirmou ao AgFeed o CEO da startup, após a captação, a companhia está dobrando seu faturamento pelo segundo ano seguido. “Em 2025 devemos mais que dobrar de novo”, projeta.
Ao final de 2024, a companhia baterá 50 milhões de toneladas transacionadas pela plataforma, algo em torno de R$ 8,4 bilhões em valor de frete, distribuídos por quatro mil transportadoras pelo País.
“É a robustez desses indicadores que suportam a parceria para ter os indicadores na Bloomberg. Falamos de cerca de 3% de toda massa de frete do país, totalmente espalhada pela cadeia”, afirmou.
Na frente de crédito, que ganhou mais corpo há alguns meses com a estreia do FIDC de R$ 30 milhões, serão R$ 250 milhões em transações.
No ano que vem, a projeção, no crédito, é atingir mais de R$ 800 milhões. Além do FIDC, a empresa tem conversado com outro parceiro para aumentar esse valor que financia fretes. “Vamos mudar de patamar, adicionando capacidade para disponibilizar esse capital”.