Para sustentar os milhões de hectares agrícolas do país é preciso voltar para o começo. Antes mesmo de uma semente chegar nas mãos de um agricultor, sementeiras gastam um tempo considerável para multiplicar os cultivares nas casas de vegetação, as populares “estufas”.
O processo, base fundamental de uma cadeia que movimenta bilhões por ano no País, ainda é manual, demanda uma equipe monitorando quase diariamente o avanço das pequenas plântulas.
Essa realidade se transformou em oportunidade para um grupo de sócios que tocam duas empresas, a Smart Agri, focada em criar tecnologias para agricultura de precisão, e a Smart Sensing, que representa a tecnologia Weed-It no Brasil e que projeta faturar R$ 100 milhões neste ano, segundo contou o diretor comercial da empresa, Marcos Ferraz, em entrevista recente ao AgFeed.
Uma dessas tecnologias desenvolvidas agora ganha status de uma empresa autônoma. Batizada de Phenosync, o novo negócio atua com imagens para aumentar a precisão e velocidade das análises em casas de vegetação.
Segundo explicou Fernando Hinnah, sócio e cofundador da nova empresa, o sistema monitora a qualidade dessas plântulas e sementes dessas estufas. A tecnologia utiliza câmeras de alta resolução que, incorporadas em um software com inteligência artificial, consegue automatizar o processo e torná-lo, segundo Hinnah, 20 vezes mais rápido do que o método tradicional.
A tecnologia desenvolvida pela startup faz múltiplos escaneamentos diários das bandejas ou canteiros de germinação por meio de câmeras embarcadas, com controle remoto total e interface intuitiva.
“O sistema faz em uma hora a análise que demanda hoje cerca de 10 pessoas em um dia todo. Hoje, nessas estufas, a avaliação das plântulas é feita cerca de cinco dias após o plantio e, se em um dia é feito em um canto da instalação, na hora de terminar as plantas já têm idades diferentes”, comenta o cofundador.
Ele estima que foram investidos cerca de R$ 2 milhões para desenvolver a tecnologia, que já está sendo utilizada em três clientes, um no estado de São Paulo, outro em Goiás e outro na Bahia.
O CNPJ do novo negócio ainda não está formalizado, mas a marca já está sendo utilizada. Oficialmente, segue por enquanto como um produto da Smart Agri.
A primeira demonstração pública do produto foi feita há um mês atrás na edição 2025 do World Agri-Tech South America Summit, que aconteceu na capital paulista em junho.
O mercado potencial engloba multiplicadores de sementes, obtentores de cultivares e empresas que desenvolvem produtos para essas sementes.
“É um produto com potencial para todas as culturas”, cita Hinnah, que acredita que inicialmente deve ganhar mais tração nas empresas que atuam com soja e algodão.
Antes da tecnologia que fez Hinnah e seus sócios criarem a Phenosync, o protótipo do produto era um pouco mais arcaico. Uma tecnologia que envolvia um sistema com tecnologia Lidar (light detection and ranging), uma tecnologia de sensoriamento remoto parecido com o utilizado no radar.
Essa tecnologia emitia um feixe de luz que reconstruía as plantas em 3D, algo que segundo Hinnah era complexo, caro e dificultava a escala.
“Como o novo sistema é baseado em imagens, pode ser exportado para mercados com custos de mão de obra altos. Algumas empresas na Europa fazem esse tipo de serviço com o sistema Lidar, mas é algo utilizado não para o dia a dia de empresas, e sim para pesquisa aplicada em universidade. Aqui, ampliamos o mercado com uma tecnologia mais palpável”.
Resumo
- Smart Agri e Smart Sensing criaram a Phenosync, spin off focada em automatizar a análise de plântulas em casas de vegetação com câmeras e inteligência artificial
- A tecnologia substitui processos manuais, realizando em uma hora análises que hoje demandam dez pessoas por um dia inteiro
- Com investimento de R$ 2 milhões, o sistema já opera em clientes em SP, GO e BA e deve ganhar tração inicial em culturas como soja e algodão