Quem pensa em Adobe provavelmente já tem na mente o Photoshop, o mais famoso editor de fotografias do mundo. Ou, para quem vive afogado em PDFs, a principal referência seja o Acrobat, um dos principais apps de leitura desse tipo de documento.

Mas, fora do mundo das imagens e documentos, a gigante americana tem outra frente de negócios, menos conhecida e muito mais voltada aos bastidores: é ela quem dá sustentação tecnológica para algumas das maiores plataformas digitais do planeta.

Com uma terceira vertente de negócios, chamada de digital experience, a empresa cria as engrenagens que sustentam operações digitais de grandes marcas ao redor do mundo. No Brasil, essa tecnologia chegou ao agronegócio.

No setor, a empresa é a responsável por dar sustentação tecnológica ao Broto, marketplace agro do Banco do Brasil que conecta produtores a crédito, insumos, maquinário e conteúdo.

Lançado há cinco anos, o Broto já transacionou mais de R$ 9,3 bilhões com mais de 300 mil produtores cadastrados. O ambiente digital reúne 19 categorias e mais de mil anunciantes, de gigantes como John Deere a agtechs em ascensão, e permite que o produtor finalize a compra com financiamento direto do Banco do Brasil – que detém uma carteira rural superior a R$ 400 bilhões.

Em março deste ano, o diretor executivo do Broto, Francisco Roder Martinez, o Chicão, revelou ao AgFeed que a meta da plataforma é bater os R$ 10 bilhões em negócios este ano, praticamente dobrando o visto em 2024.

Por trás dessa vitrine digital está uma infraestrutura que precisa aguentar picos de acesso, como por exemplo lançamentos de Plano Safra, sem travar. “A parceria com a Adobe permite escalar essa experiência com estabilidade e segurança”, afirma Martinez, do Broto.

Rubens Mello Filho, diretor de contas da Adobe no Brasil, contou ao AgFeed que a Adobe tem essa parceria com o Broto desde o início da plataforma, participando ativamente da criação.

“O BB precisava montar um ambiente digital que fosse também um ambiente de acesso à informação aos produtores agrícolas, na intenção de juntar fornecedores e demandantes, informações relevantes para o agro”, cita.

“Todos podem achar num primeiro momento que é fácil, só montar um site, mas o que está por trás desse arcabouço tecnológico é complexo, e nós realizamos”, acrescenta o diretor da Adobe.

Na prática, a Adobe ajuda o time do Broto nos chamados “4Ms”, termo em inglês para Make, Manage, Monitor, and Measure, que numa tradução livre seria “montar, administrar, monitorar e mensurar”.

Com isso, desde o backoffice, passando pela segurança da plataforma até a análise dos usuários e a jornada que os mesmos fazem no Broto, tudo é feito pela Adobe. “Ter um processo de infraestrutura de segurança é cada vez mais importante para empresas. No Broto, em cinco anos de operação nunca tivemos problema”.

O conteúdo também é pensado pela multinacional, que segundo Mello Filho, tem que ser cada vez mais “engajante e contextualizado”.

Isso força o time da Adobe a estar a par do que movimenta o agronegócio. “Existe todo um processo dinâmico de tomada de decisão, que vai desde um produtor que visita uma feira e conhece um produto e que na sequência busca informações online sobre ele. Trabalhamos ainda uma parte de personalização, e em alguns casos é em tempo real - da compra de insumo até uma estratégia de crédito -, por exemplo”.

Essa área responsável por ser a “Adobe do agro”, que é na verdade a Digital Experience, é uma divisão de negócios que responde por mais de um terço da receita global da companhia.

No ano fiscal de 2024, a receita do segmento foi de US$ 5,37 bilhões, segundo o balanço global da empresa, mostrando crescimento de 10% em relação a 2023. A receita com assinaturas dessa vertical foi de US$ 4,8 bilhões.

Ao todo, o faturamento global da Adobe em 2024 foi de US$ 21,5 bilhões, algo em torno de R$ 118 bilhões pela cotação atual.

Além do Broto, Rubens Mello Filho cita que a vertical é responsável por montar esse ecossistema digital de grandes marcas globais como Nestlé, Coca Cola e Toyota. No Brasil, a gigante dos seguros Porto é cliente.

No Broto, a projeção da Adobe é que a iniciativa vá incorporando mais serviços digitais nos próximos anos, mantendo a empresa como parceira para garantir escalabilidade. Na mesma medida que projeta ampliar a atuação no setor. “O agro brasileiro é um dos setores mais complexos e dinâmicos, e por isso exige soluções confiáveis e que consigam crescer junto com a demanda. Esse é o nosso papel”, completa Mello Filho.

Resumo

  • Adobe atua como parceira tecnológica do Broto, do BB, desde a criação da plataforma, garantindo estabilidade e segurança mesmo em picos como Plano Safra
  • Marketplace do Banco do Brasil reúne mais de 300 mil produtores, mil anunciantes e já movimentou R$ 9,3 bilhões em negócios digitais
  • Divisão Digital Experience da Adobe, que atende marcas como Nestlé, Coca-Cola e Toyota, faturou US$ 5,37 bilhões no ano fiscal de 2024