Não é novidade para ninguém que na última semana de abril, o olhar do agro brasileiro se volta para uma cidade: Ribeirão Preto (SP). É nessa época que acontece a Agrishow, principal feira agrícola do País e maior da América Latina.
Em meio ao turbilhão de pessoas e negócios sendo feitos no setor, um evento fora da agenda oficial da feira passou a atrair os olhares do público que vai à cidade em busca de inovação: o Rural Summit, organizado pela Rural, ecossistema que une o agro tecnológico com produtores, empresas e investidores.
A terceira edição do Summit, será realizada no dia 29 de abril no Dabi Business Park. E, como o assunto é inovação, vai trazer uma novidade relevante neste ano: o Agrimatching, um concurso com premiação para agtechs, que acontecerá na sede da Harven Business School, também no Dabi.
A ideia do Agrimatching é levar fundadores e executivos de agtechs para apresentarem suas soluções presencialmente a um grupo seleto de cerca de 30 convidados, entre investidores, corporações e potenciais parceiros comerciais, que também atuarão como jurados da premiação.
A expectativa é alta: além da visibilidade, a premiação abre portas para conexões estratégicas, oportunidades comerciais e investimentos reais no setor.
Na primeira edição do evento, ocorrida no ano passado, o Agrimatching era apenas um momento de conversas entre startups do agro e investidores interessados em conhecer mais de cada negócio e dos executivos.
Para Juliana Chini, sócia e head de inovação aberta da Rural, diz que esse tipo de competição e premiação é comum em outros setores ou em eventos generalistas de startups.
“No agro, quase não tem e, quando tem, não possui muitos critérios. Ano passado o agrimatching foi um sucesso, pois foi bem direcionado para um público pequeno mas qualificado”, disse ao AgFeed.
Neste ano, a Rural preparou uma premiação para as startups “vencedoras” dessa espécie de concurso. Os prêmios incluem US$ 150 mil em créditos de nuvem, cursos de capacitação, ingressos para eventos internacionais e um estande exclusivo na edição 2025 do Global Agribusiness Festival.
Serão três categorias de startups e três vencedoras. Segundo a Rural, foram 92 startups inscritas, 87 foram validadas, e após um criterioso processo de avaliação, 45 startups foram selecionadas.
As categorias são: pré-seed, seed e Série A, que dizem respeito ao grau de maturidade dos negócios.
Na primeira categoria, foram selecionadas as startups Agromizer, Agroverita Tecnologia, Carbon Remove, EZ Agro, Gôndola Segura, Green Data, Ikove Agro, MHF, Move Agro, Natu Seguros, NClean, On Agri, Plano Agro, Terrarossa e Zeit.
No Seed, a Agscore, CertifiCafé, Ciclopack Nanotech Ltda, Cometrix, Cyan Agroanalytics, Decoy, Energia1, IA Sense, Já Entendi Agro, M2D1 Biossegurança, Mititech Agro, NanoFood, SeaCarbon, Seed Matriz, SOU AgroSoluções e Veroo Cafés.
Por fim, na categoria Série A, se apresentarão a Agroboard, BemAgro, Cellva Ingredients, Ecotrace, E-ctare, Farmly, GlobalYeast, goFlux, Marvin Blue, Revella, SciCrop, SiloReal, Terranova, Umgrauemeio e Veros.
As startups ficarão separadas em três salas, e na dinâmica, terão 10 minutos para apresentação do pitch e outros cinco minutos para perguntas e respostas com os participantes.
Todo o processo de seleção foi feito por Thomaz Edmundo, também sócio da Rural. Para sair de uma lista de quase 90 empresas para as 45, a companhia considerou startups que estivessem ativas no agro, independente da tecnologia ou meio de atuação, que possuam um CNPJ ativo e outras métricas, como número de clientes.
Juliana Chini conta que a ideia de realizar essa competição já existe desde o ano passado e a seleção oficial para o evento deste ano começou em fevereiro.
O grande propósito de tudo isso é, segundo a sócia da Rural, dar visibilidade, conexão e cada vez mais elevar a régua das agfoodtechs.
“As startups têm uma oportunidade única de entrar em um sala com investidores com apetite e corporações interessadas, tudo de uma só vez”, afirmou.
Thomaz Edmundo explica que o processo foi amplo e diferente do modelo que a Rural usa para fazer seus próprios investimentos.
“Tentamos ser abrangentes, levando em consideração que não estamos escolhendo startups para nós e sim qualificando para participar do prêmio. Essa qualificação serve para filtrar startups que esses investidores não negariam de primeira”, diz.
A avaliação por startup ainda é um pouco diferente ,a depender do segmento de atuação. Se é uma startup de biológicos, por exemplo, o currículo acadêmico do pesquisador é levado em consideração.
Do lado de quem avalia, estarão presentes investidores de companhias como Headline, Arara Seed, Rural Ventures, WBGI, BVC, BluStone, Vibra Ventures, The Yield Lab Latam, BR Angels, Agroven, FIT (Instituto de Tecnologia da Flex), Bayer, Tereos Açúcar e Energia Brasil, eAmazonia, Itaú BBA, Stamina Ventures, Barn, Suzano Ventures, Impactability e GVAngels.
O Prêmio Agrimatching ainda conta com o apoio de grandes parceiros do setor, incluindo ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Cubo Itaú, Datagro, Dell, General Finance, Harven Agribusiness School, Microsoft, Rural Labs e o World Agri-Tech Innovation Summit, além do AgFeed.
“Esse é o primeiro prêmio e tentamos organizar da melhor forma com parceiros que ajudassem na premiação. A ideia é que ele se consolide como um prêmio de relevância para dar visibilidade, qualificação e também reconhecimento às startups do agro. Espero que o Agrimatching cresça cada vez mais com novos parceiros”, afirmou Chini, da Rural.
No Agrimatching realizado no ano passado, Thomaz Edmundo lembra que o foco era unir startups que estavam captando com fundos de investimento.
“Como pensamos em furar a bolha, fugimos disso. E agora a presença maior de corporações até ajuda os fundos a terem um feeling do interesse do mercado em cada tecnologia, eliminando uma barreira no processo de investimento”, explica.