A lista de companhias atuando com agricultura urbana que pediram falência ganhou mais uma linha.

Dois meses depois de ver seu valor de mercado cair em 90%, a Plenty Unlimited, uma das pioneiras na agricultura vertical e que já recebeu aportes de Jeff Bezos, SoftBank e Walmart, declarou falência.

A startup entrou com o pedido no famoso capítulo 11 do código de falências dos Estados Unidos - o equivalente à concordata, no Brasil - no último fim de semana. Segundo comunicado divulgado no site da companhia, o plano para sua recuperação foi aprovado pelo conselho de administração e servirá para “reestruturar seus passivos, otimizar as operações e concentrar suas operações futuras”.

A Plenty disse que a reestruturação será fundamental para que a empresa foque suas atividades no mercado de morangos.

Depois de fechar sua “fazenda” indoor em São Francisco em 2023, a empresa transferiu sua produção para a unidade de Compton, na Califórnia, onde atuava com a produção de hortaliças.

Em dezembro do ano passado, anunciou o fechamento da unidade californiana e, em um post no Linkedin, anunciou que focaria seu negócio exclusivamente na produção de morangos, que podem ser "cultivados o ano todo e vendidos a preços mais altos".

Dan Malech, CEO interino da Plenty, atribuiu as dificuldades a um cenário macroeconômico e afirmou em nota que a companhia “não está imune à dinâmica de mercado maior e aos desafios de captação de recursos que nossa indústria enfrenta”, justificando o pedido no capítulo 11.

“Depois de avaliar todas as nossas alternativas estratégicas, determinamos que prosseguir com esse processo de reestruturação é do melhor interesse de todas as partes interessadas da empresa”, disse.

Segundo informações da Bloomberg, a Plenty listou mais de US$ 100 milhões entre ativos e passivos em sua petição.

A companhia, por sua vez, afirmou que garantiu US$ 20 milhões num financiamento DIP com sócios do family office One Madison Group e do Softbank para manter a operação em funcionamento durante o processo, equivalente a uma recuperação judicial.

No passado, esses mesmos credores já emprestaram US$ 8,6 milhões para a Plenty se preparar para a inevitável reestruturação e evitar que o negócio fechasse.

Em janeiro deste ano, a empresa estava buscando uma nova rodada de investimentos de forma a eliminar os acionistas existentes.

Até o final de 2024, a companhia somava US$ 1 bilhão em aportes e essa rodada avaliaria as ações da companhia em US$ 15 milhões, queda de 90% em comparação com o auge da avaliação, que bateu US$ 1,9 bilhão há alguns anos.

A Plenty se junta a outras empresas de agricultura indoor que também sucumbiram nos últimos anos, como Aerofarms e a AppHarvest, ambas em 2023, que já foram as maiores do setor.

Somente em 2025, a TreeSap Farms, que atua com árvores, e a Benson Hill, que desenvolve sementes de soja, seguiram o mesmo caminho.