Primeiro foram as tarifas recíprocas, indiscriminadamente aplicadas a diversos países. Agora, as taxas adicionais, aplicadas especificamente sobre produtos brasileiros.
Em mais em um recuo em sua política comercial externa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira, 20 de novembro, uma nova ordem executiva em que inclui carnes, café e outros itens oriundos do Brasil na lista de isenções tarifárias destinadas a conter a inflação de alimentos em seu país.
O alvo do novo decreto – que tem efeito retroativo a 13 de novembro – foram as tarifas de 40% que incidiam, desde maio, sobre as exportações brasileiras para os EUA, impostas com o objetivo declarado de penalizar o Brasil pelo que considerava uma perseguição judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro .
Com a nova decisão, Trump espera induzir uma queda nos preços de produtos que faze, arte da dieta básica dos americanos, como o café, o suco de laranja e as carnes, que tiveram altas bem acima da inflação americana nos últimos meses.
Um levantamento do The Wall Street Journal com base em dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA aponta que os preços médios de varejo do café torrado e moído chegaram a subir mais 40% nos últimos doze meses, até setembro passado.
A carne bovina moída teve elevação média de 11,5% e a banana, 8,6% desde setembro de 2024. No mesmo período, a taxa de inflação geral registrada no país ficou na casa dos 3%.
O governo brasileiro mantinha expectativa de que essas tarifas adicionais fossem retiradas desde que Trump se encontrou com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 6 de outubro, na Tailândia.
Na ordem executiva, Trump cita o encontro, lembrando que os dois concordaram “em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas” no decreto que impunha as tarifas adicionais.
Desde então, membros dos dois governos iniciaram uma série de reuniões em torno de um relaxamento das tensões diplomáticas e comerciais. O mais recente encontro aconteceu na semana passada entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington.
Além de café e carnes, as exceções incluem também frutas e nozes, produtos de cacau, chá, especiarias, vegetais, raízes e tubérculos.
No início da noite, a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) celebrou a decisão de Trump.
“A reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira”, diz o texto de nota da entidade.
“A medida demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, que contribuíram para um desfecho construtivo e positivo”.
Resumo
- Trump revoga tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros — como carnes e café — para conter a inflação de alimentos nos EUA.
- A decisão, retroativa a 13 de novembro, ocorre após avanço nas negociações diplomáticas entre Washington e Brasília desde o encontro Trump–Lula
- Abiec celebra a medida, vista como resultado de diálogo técnico e sinal de estabilização comercial