Após registrar perdas mensais entre 16% e 17% em maio e junho, no auge da crise da gripe aviária, as exportações brasileiras de carne de frango devem encerrar 2025 no campo positivo.

Se confirmado, o resultado, mesmo com uma leve alta, marcaria um novo recorde histórico no comércio internacional da proteína e reverteria a estimativa do setor de encerrar o ano no campo negativo.

“A demanda continua crescendo no mundo e isso nos faz pensar com números positivos ao final do ano em volume e receita”, afirmou ao AgFeed Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A estimativa até agora era de encerrar 2025 com um volume em torno de 2% abaixo das 5,295 milhões de toneladas de 2024. Mas, com os resultados dos últimos meses rodando em torno de 1% abaixo e as vendas externas reaquecidas, já é possível prever uma leve alta nas vendas externas, de acordo com Santin.

“Se vai ser 0,1% ou 0,5%, não dá para falar, mas teremos um ano positivo mesmo depois de tudo que aconteceu, o que mostra a resiliência do setor, a crença de que o Brasil soube cuidar do caso isolado e confiança dos mercados”, afirmou o executivo.

“Quando finalizar outubro, se, de fato, retomar as exportações para acima de 450 mil toneladas como as parciais mostraram, já poderemos cravar uma previsão no campo positivo”, completou Santin.

Já a receita com as vendas externas, que somaram US$ 9,93 bilhões em 2024, podem bater os US$ 10 bilhões este ano caso o volume de vendas supere o do ano passado. Os dados de outubro devem ser divulgados pela entidade ainda esta semana, de acordo com Santin.

Dos mais de 150 mercados importadores, 28 fecharam as portas totalmente ou parcialmente após o primeiro foco de gripe aviária em um plantel comercial no Brasil, em maio, no Rio Grande do Sul.

Destes, apenas China e Canadá ainda mantêm o embargo à carne de frango. A decisão está na mão deles e temos de respeitar a autonomia de cada país”, afirmou Santin.

O presidente da ABPA apresentou, em evento no Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag/Fiesp) nesta segunda-feira, 3 de novembro, estimativas preliminares para o próximo ano para o setor.

A produção deve atingir 15,7 milhões de toneladas, o que representaria uma leve alta de 3% em 2026 sobre a oferta de 15,4 milhões de toneladas para este ano. As exportações podem encerrar o próximo ano em 5,5 milhões de toneladas.

Se a carne de frango pode finalizar o ano em leve alta nas exportações, as outras proteínas animais representadas pela ABPA, carne de porco e ovos, devem crescer, respectivamente,dois e três dígitos nas vendas externas este ano.

No caso dos ovos, com a alta de mais de 100% prevista nas exportações, o mercado externo ainda representa um número pequeno e superará, pela primeira vez, 1% da produção brasileira.

Resumo

  • ABPA prevê leve alta nas exportações de frango em 2025, revertendo estimativa anterior de queda de até 2%
  • Setor mostra resiliência após embargo de 28 países; apenas China e Canadá mantêm restrições
  • Receita pode superar US$ 10 bilhões, com produção total estimada em 15,4 milhões de toneladas