Assunto que trouxe discórdia antes do início da COP 30, a conferência do clima da ONU, mas que acabou ficando meio de lado durante a realização do evento, a discussão envolvendo a contabilidade de emissões que o agro precisará abater na próxima década, prevista pelo Plano Clima, do governo federal, voltou à mesa com a chegada do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, à Belém.

Antes de lançar a iniciativa Raiz na manhã desta quarta-feira, 19 de novembro, na Blue Zone, Fávaro conversou rapidamente com a reportagem sobre o assunto, após uma conversa ao pé do ouvido com o ex-ministro e enviado especial da presidência da COP para agricultura, Roberto Rodrigues, ouvida por alto por este repórter.

Rodrigues fala baixinho e é difícil de compreendê-lo, mas o assunto parecia ser Plano Clima e o nome da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chegou a ser mencionado.

Fávaro não percebeu que o AgFeed estava por perto enquanto conversava com Rodrigues e só se deu conta quando Luís Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais, reconheceu o repórter.

“Cuidado com os ouvidos da imprensa, ministro”, disse Rua. Após este repórter se identificar e perguntar sobre o que ele e Rodrigues tinham conversado, o ministro tentou despistar: “É o que você ouviu.”

Depois, a pedido da reportagem, emendou: “O Plano Clima não está maduro ainda, tem ainda divergências, não são muitas, avançamos bastante, é fato, mas não tem necessidade de ter um açodamento no anúncio”, afirmou. “A gente defende que tenha um pouco mais de diálogo”.

A ideia de que a decisão final sobre o Plano Clima fique para depois da conferência já havia sido ventilada pelo próprio Rodrigues antes do início da COP, também em entrevista à reportagem.

O setor ficou irritado com uma versão inicial, enviada à consulta pública, do Plano Setorial da Agricultura e Pecuária, presente na Estratégia Nacional de Mitigação, parte integrante do Plano Clima.

Agricultura e pecuária precisariam, já em 2030, reduzir de forma significativa suas emissões líquidas de carbono, passando de 1,393 bilhão de toneladas de CO2 em 2022 para 891 milhões de toneladas, queda de 36%.

O montante de emissões a serem cortadas cresce ainda mais considerando uma perspectiva para a próxima década. O Plano Clima é relevante para que o Brasil possa definir como vai cumprir suas metas de redução de emissões de CO2 (NDCs) nos próximos anos.

Keine Ausreden (1)

As falas do chanceler alemão Friedrich Merz sobre Belém e o Brasil continuam repercutindo. Isso porque, mesmo com as reprimendas públicas das autoridades locais e do presidente Lula, o governo alemão disse nesta quarta-feira que não vai pedir desculpas pela fala de Merz, que havia dito que os alemães tinham retornado contentes à sua terra natal e que ninguém gostaria de continuar em Belém.

Keine Ausreden (2)

Segundo o porta-voz alemão Stefan Kornelius, a fala do premiê foi tirada de contexto e apresentada de forma "incriminatória" e que o governo também não via que a fala poderia trazer problemas às relações entre os dois países.

Keine Ausreden (3)

“Ele disse que vivemos em um dos países mais bonitos do mundo, e ele estava se referindo à Alemanha”, explicou Kornelius, se referindo à fala do premiê. “O Brasil certamente também está entre os países mais bonitos do mundo. Mas o fato de o chanceler alemão estar fazendo uma pequena distinção aqui, não me parece algo condenável.”

A favor do biodiesel (1)

Associações que representam empresas da cadeia do biocombustível – Aprobio, Ubrabio e Abiove – apresentaram nesta quarta-feira um manifesto em defesa do biodiesel.

A favor do biodiesel (2)

Além de elencar as vantagens ambientais do biocombustível, o manifesto destaca quatro pontos: a continuidade de políticas públicas como a lei do Combustível do Futuro, a promoção do desenvolvimento de variedades de matérias-primas, o crescimento da produção respeitando áreas de preservação, e a promoção e o estímulo aos sistemas de avaliação e controle de qualidade.

A favor do biodiesel (3)

A publicação do documento veio após o Ministério dos Transportes ter aderido durante a primeira semana da COP – sem avisar a ninguém – a um memorando de entendimento sobre veículos médios e pesados, em conjunto com outros países, que previa a adoção apenas de veículos elétricos para descarbonização dos transportes - sem incluir os biocombustíveis.

Depois de várias críticas do setor e até de dentro do governo, a pasta recuou e cancelou sua adesão ao memorando.

Vem aí a Turquia

Depois de uma longa disputa de mais de um ano entre Turquia e Austrália para ver quem iria sediar a COP 31, os turcos levaram a melhor, com a conferência sendo realizada na cidade de Antalya.

Mas o arranjo foi, no mínimo, exótico: a Turquia vai ocupar a presidência da COP, enquanto que a Austrália será responsável pelas negociações. As informações foram divulgadas inicialmente pelo site Capital Reset.

A ver como estarão os ânimos na “feira” dos países na Blue Zone nesta quinta-feira – onde os estandes de Turquia e Austrália estão lado a lado.