Em plena reorganização interna para separar os negócios de sementes e proteção de cultivos, a multinacional norte-americana de insumos Corteva apresentou números robustos ao divulgar os resultados do terceiro trimestre deste ano, o que fez com que a companhia elevasse sua projeção de receitas para o ano – ainda que a empresa tenha tido no trimestre um prejuízo de US$ 320 milhões.

O destaque do balanço veio especialmente dos resultados das vendas de sementes, que tiveram alta de 33% no período, impulsionada pelos bons resultados de países como Brasil e Argentina.

Assim, apesar de ainda registrar prejuízo, a companhia reduziu significativamente o resultado negativo: os US$ 320 milhões do terceiro trimestre foram menores que as perdas de US$ 524 milhões do mesmo período do ano passado.

Já o Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) operacional voltou ao sinal positivo foi de US$ 49 milhões no trimestre, ante resultado negativo de US$ 100 milhões no mesmo período de 2024.

A melhora desses números está associada ao fato de que as vendas da Corteva subiram consideravelmente no trimestre. Considerando todas as divisões da companhia, entre julho a setembro deste ano, as vendas da Corteva cresceram 13% em comparação com o mesmo período do ano passado, passando de US$ 2,3 bilhões para US$ 2,6 bilhões.

No ano, a empresa acumula uma alta de 4% nas vendas, totalizando US$ 13,4 bilhões, ante US$ 12,9 bilhões.

O avanço foi impulsionado por quase todas as regiões onde a empresa atua. A América Latina liderou a expansão, com alta de 17% e receita de US$ 1,1 bilhão no trimestre, seguida pela América do Norte, com crescimento de 16% e US$ 707 milhões, e pela região EMEA (Europa, Oriente Médio e África), com alta de 7% e US$ 462 milhões. A exceção foi a região Ásia-Pacífico, que registrou retração de 8%, para US$ 288 milhões.

A rempresa registriu crescimento nas vendas tanto da área de Crop Protection quanto em Sementes. Na primeira, as vendas somaram US$ 1,7 bilhão, alta de 4% na comparação anual, apoiadas por avanço de 5% em volume e benefício cambial de 1%. No acumulado do ano, houve alta de 3% até aqui, chegando a US$ 5,3 bilhões.

Regionalmente, as vendas da divisão subiram 21% na América do Norte, permaneceram estáveis na América Latina e recuaram 3% na Ásia-Pacífico e 9% na EMEA.

A demanda por herbicidas, biológicos e lançamentos recentes foi o principal motor desse avanço, explica a Corteva. Mesmo assim, o ambiente competitivo na América Latina pressionou preços, parcialmente compensado por reajustes na América do Norte. Os impactos cambiais negativos foram liderados pelo Real brasileiro.

Já a divisão de sementes apresentou expansão de 33% no trimestre, alcançando US$ 917 milhões. No acumulado do ano, houve alta de 5% até o momento, chegando a US$ 8,1 bilhões.

O avanço no trimestre reflete entregas antecipadas da safrinha no Brasil, recuperação da área de milho na Argentina e maior demanda por híbridos na região EMEA, apesar do recuo em oleaginosas na Ásia-Pacífico.

O aumento de preços decorreu sobretudo da maior receita com licenciamento e da demanda por tecnologias avançadas. A América Latina foi o destaque, com salto de 79% nas vendas, seguida por EMEA, com alta de 34% e América do Norte, com crescimento de 3%); já na região Ásia-Pacífico, houve queda de 17%.

Com os resultados, a companhia revisou para cima suas projeções para o ano fiscal de 2025, esperando agora uma receita líquida entre US$ 17,7 bilhões e US$ 17,9 bilhões, ante projeção anterior que estiamtiva US$ 17,6 bilhões a US$ 17,8 bilhões.

A Corteva projeta lucro por ação entre US$ 3,25 e US$ 3,35 neste ano e pretende recomprar US$ 1 bilhão em ações ao longo do ano.

"Apresentamos um sólido terceiro trimestre em toda a empresa, reforçando nossa convicção de que nossos dois negócios continuarão a prosperar como empresas públicas independentes”, disse Chuck Magro, CEO da Corteva.

“Na área de Crop Protection, a demanda por tecnologia diferenciada e os ganhos de produtividade sustentam a expansão das margens, enquanto a área de Sementes continua a se beneficiar de sua força em genética avançada, do crescimento no licenciamento e da contínua disciplina de custos."

O balanço do terceiro trimestre é o primeiro a ser apresentado após o anúncio feito pela companhia no último dia 1º de outubro de que iria fazer uma cisão de seus negócios em duas empresas independentes e listadas em bolsa: a New Corteva, que concentrará o negócio de proteção de cultivos, e a SpinCo, voltada ao segmento de sementes.

A operação está prevista para ser concluída no segundo semestre de 2026, sujeita a aprovações regulatórias e a efetivação do registro na SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA). A companhia ressaltou que poderá desistir ou alterar os termos da cisão a qualquer momento antes da conclusão, informou a companhia em comunicado.

A New Corteva, responsável por uma receita de US$ 7,8 bilhões projetada pela companhia em 2025, ou 44% das vendas líquidas, manterá foco no portfólio de proteção de cultivos, incluindo defensivos químicos e biológicos - segmento de crescimento mais acelerado da indústria.

Já a SpinCo, que deverá responder por 56% das vendas líquidas projetadas para 2025, ou estimados US$ 9,9 bilhões, será centrada no negócio de sementes, com a marca Pioneer como carro-chefe. A nova empresa aposta em genética avançada, edição genética, trigo híbrido, biocombustíveis e licenciamento externo como pilares para acelerar sua expansão e já nascerá com planos de crescimento e reestruturação.

A New Corteva será presidida por Greg Page, atual chairman da companhia, enquanto a SpinCo ficará sob comando de Chuck Magro, CEO da Corteva.

“Essa separação permitirá que ambas as empresas maximizem a criação de valor a longo prazo, concentrando-se em suas próprias prioridades. Vemos essa cisão como o próximo passo lógico em nossa trajetória de crescimento”, disse Magro na ocasião.

Resumo

  • A multinacional de insumos Corteva registrou aumento de 13% em suas vendas no terceiro trimestre deste ano e revisou seu guidance para cima, apoiada por forte desempenho na América Latina e América do Norte, com a projeção de receita anual girando entre US$ 17,7 bilhões e US$ 17,9 bilhões
  • As vendas de sementes avançaram 33% e proteção de cultivos sobe 4%, com demanda firme por biológicos, herbicidas e tecnologias de maior valor agregado
  • A companhia está avançando com um plano de cisão de seus negócios em duas empresas, New Corteva (proteção de cultivos) e SpinCo (sementes), com conclusão prevista para 2026