Tages Martinelli assumiu oficialmente o cargo de CEO da Sementes Jotabasso há menos de 15 dias. Mas já circula pelos corredores da empresa há 27 anos e desde maio atuava interinamente no comando da companhia, desde que o antigo comandante, José Américo Basso Amaral, anunciou sua saída.

Assim, a transição foi natural e suave, sem nenhuma mudança significativa nos quadros e no estilo de gestão da companhia, hoje uma das dez maiores sementeiras do País, com receitas na faixa de R$ 1 bilhão.

Isso não significa que Martinelli não queira imprimir uma marca própria à frente da empresa. O discurso é de continuidade do crescimento sustentável, com manutenção dos resultados consistentes que marcaram os últimos anos.

“A marca que espero deixar é a de uma Jotabasso ainda mais próxima do produtor, referência em qualidade e sustentabilidade”, disse ele ao AgFeed em sua primeira entrevista depois de confirmado no novo posto.

Segundo Martinelli, sua primeira meta, no curto prazo, é assegurar justamente a transição fluida, fortalecendo as equipes e mantendo a excelência na entrega aos clientes.

“Além disso, estamos focados na consolidação de altas produtividades em nossas fazendas, garantindo que cada unidade atinja seu máximo potencial”, afirmou.

Atualmente, a Jotabasso cultiva cerca de 70 mil hectares para a produção de sementes, sobretudo de soja – a empresa é reconhecida como a maior do País na comercialização da tecnologia Intacta 2 XTend, da Bayer.

São cinco unidades de produção nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, mas com presença comercial também em mais 10 estados de todas as regiões do País.

“Estamos preparados para sustentar um crescimento sólido nos próximos anos. Hoje já contamos com estrutura pronta e investimentos realizados que nos permitem produzir e comercializar mais de 2 milhões de sacas de sementes de soja”.

No médio prazo, diz Martinelli, o objetivo é expandir a presença em mercados estratégicos. Atualmente, segundo Martinelli, a Jotabasso “vem se fortalecendo em estados estratégicos como Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão e Bahia, além do contínuo fortalecimento da nossa equipe, que é peça-chave para esse avanço”.

O executivo afirma que a expectativa é de uma expansão consistente a partir de “um plano estruturado de investimentos”. O foco principal será mantido nas sementes de soja, carro-chefe da companhia há 50 anos – há cerca de duas décadas a empresa passou a atuar também com sorgo e, mais recentemente, com trigo e em forrageiras.

“A Jotabasso tem sua história e sua força consolidadas na soja, que seguirá sendo o nosso core business. É nessa cultura que construímos confiança, proximidade com o produtor e uma marca reconhecida nacionalmente pela qualidade, credibilidade e por valores inegociáveis”.

Além das sementes, o grupo mantém também operações agropecuárias, com foco na integração lavoura-pecuária, modelo que, na visão de Martinelli, pode abrir portas para a Jotabasso.

“Utilizando ILP e expandindo nossa atuação em pecuária, pretendemos crescer a atuação de forma significativa, inclusive no mercado internacional através das certificações recentes adquiridas através da produção agropecuária sustentável”, aponta.

Com o setor sementeiro passando por um processo de consolidação, Martinelli afirma que a enxerga esse movimento “com atenção e responsabilidade”.

“Nossa prioridade é seguir crescendo de forma sustentável, fortalecendo nossa presença nacional. Estamos preparados para o crescimento, seja ele orgânico ou por meio de aquisições e de parcerias estratégicas, sempre atentos às oportunidades que o setor oferece”.

Nesse ponto, ele replica o discurso do antecessor. No ano passado, logo após a emissão de um CRA que trouxe R$ 300 milhões para o caixa da companhia, Amaral afirmou que estava “preparando a casa para fazer frente a uma oportunidade quando ela passar”.

Quando ela chegar, caberá a Martinelli aproveitá-la, deixando também essa marca na sua gestão.

Resumo

  • Tages Martinelli assume a Jotabasso com foco em continuidade, produtividade e proximidade com o produtor
  • Estratégia mira expansão em estados estratégicos e fortalecimento da soja como principal negócio
  • ILP e certificações sustentáveis podem abrir portas para a internacionalização da companhia