Os novos investimentos previstos na capacidade de processamento de oleaginosas no Brasil devem somar R$ 5,9 bilhões em 2026, de acordo com a Pesquisa de Capacidade Instalada das Indústrias de Óleos Vegetais da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

O volume de aportes, se confirmado, deve representar uma expansão estimada de 18.850 toneladas por dia na capacidade instalada e alta de 31% sobre os R$ 4,5 bilhões investidos em 2025, com ampliação de 15.049 toneladas diárias.

Os biocombustíveis, majoritariamente o biodiesel, são os fomentadores dos investimentos, de acordo Daniel Furlan Amaral, diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da Abiove. “Grande parte do investimento vai para esmagamento e para produção de óleo de soja, basicamente para os biocombustíveis”, resumiu o executivo.

Segundo ele, o ponto porcentual do aumento da mistura do biodiesel no diesel de petróleo, de 15% (B15) para 16% (B16), previsto para março de 2026, deve gerar um aumento de 700 mil a 800 mil toneladas na demanda por óleo de soja nos 12 meses subsequentes, um processamento a mais de 3,5 milhões a 4 milhões de toneladas da oleaginosa.

Para 2027, segundo Amaral, além da mistura chegar a B17, a expectativa é de maior alta no processamento de oleaginosas e na oferta de biocombustíveis, com o início da produção da primeira biorrefinaria da Petrobras para a produção do diesel verde e do combustível sustentável de aviação (SAF).

O levantamento da Abiove apontou que a capacidade total de processamento de oleaginosas no Brasil atingiu 76,4 milhões de toneladas em 2025, um crescimento de 5,7% em relação a 2024, quando o volume foi de 72,3 milhões de toneladas.

“A gente em geral não tem informações sobre o determinante, mas pelo que observamos como o mercado comenta, a demanda pelos biocombustíveis talvez tenha sido o fator mais importante para a decisão de investimentos, já que os óleos vegetais respondem por metade do faturamento do esmagamento”, disse o diretor da Abiove.

Além do biodiesel para o uso rodoviário, a demanda pelos biocombustíveis com óleo vegetal cresce de outras maneiras, como na mistura ao bunker, combustível marítimo, ampliada. “A Petrobras tem usado B24 e estamos falando em B30 na lei do Combustível do futuro. O Brasil vai precisar de muito mais óleo vegetal”.

Das 76,4 milhões de toneladas de capacidade instalada, 58,5 milhões de toneladas estão ocupadas com o processamento de soja. A Abiove não informa os dados de outros vegetais, mas Amaral aponta que o caroço de algodão tem cada vez mais participação relevante com o avanço da cultura.

De acordo com o diretor da Abiove, o avanço na demanda pelo biodiesel trouxe um excedente de farelo de soja, já que a demanda por alimentos cresce menos. Já o consumo humano por óleo de soja segue estável entre 3,5 milhões e 3,7 milhões de toneladas.,

O levantamento da Abiove apontou que, em comparação ao ano anterior, o número de empresas de processamento subiu de 67 para 75, crescimento de 11,9%, e as unidades industriais passaram de 132 para 144.

O total de plantas ativas cresceu de 113 para 127, avanço de 12,4%, enquanto as unidades paradas caíram de 19 para 17. Já a capacidade diária total de processamento alcançou 231.566 toneladas, alta de 5,7%.

A capacidade em plantas ativas foi de 219.842 toneladas por dia, crescimento de 7,3%, enquanto em plantas paradas foi de 11.724 toneladas por dia, queda de 17,9%.

Principal região produtora de grãos do Brasil, o Centro-Oeste segue como destaque, sendo responsável por 44,4% da capacidade nacional de processamento. A região aumentou de 92.790 toneladas por dia em 2023 para 95.964 em 2024, chegando a 102.705 toneladas diárias neste ano.

“É interessante destacar o crescimento no Matopiba, região tem atraído cada vez mais indústrias. Além disso, há mais esmagamento e mais refino em Mato Grosso”, explicou Amaral.

Mato Grosso segue na liderança entre os estados, com 53.767 toneladas por dia e 23% da capacidade de processamento do País.

O número de empresas de refino cresceu para 38, aumento de 15,2%, com avanço de unidades industriais de 57 para 63, crescimento de 10,5%. O total de plantas ativas passou para 57, um salto de 21,3%, enquanto as paradas caíram para seis unidades em 2025.

A capacidade de refino em plantas ativas subiu 16,7%, para 24.396 toneladas por dia, enquanto a capacidade total alcançou 25.769 toneladas por dia, alta de 10,4%. Já o envase apresentou crescimento de 8,3%, para 14.814 toneladas por dia.

A capacidade em plantas ativas aumentou 8,5%, alcançando 13.864 toneladas por dia, e em plantas paradas avançou 5,6%, chegando a 950 toneladas diárias.

Resumo

  • Pesquisa de capacidade instalada da Abiove indica que Investimentos em processamento devem atingir R$ 5,9 bilhões em 2026, alta de 31% sobre 2025
  • Biodiesel é o principal motor dos aportes em novas plantas, com aumento da mistura B16 previsto para 2026
  • Capacidade de processamento de oleaginosas cresce, com destaque para soja e expansão no Centro-Oeste e no Matopiba