A Adecoagro, companhia com sede em Luxemburgo e operações de produção de açúcar, etanol e bioenergia no Brasil, encerrou o segundo trimestre de 2025 (2T25) com prejuízo líquido ajustado de US$ 14 milhões, de acordo com balanço divulgado nesta segunda-feira, 18 de agosto.

O resultado reverte um lucro de US$ 105,5 milhões em igual semestre de 2024 e foi atribuído pela companhia ao desempenho do setor sucroenergético e a custos com a operação de venda do controle acionário à Tether Investments, anunciada em março

No acumulado do semestre, a empresa apurou perdas de US$ 27,5 milhões, frente ao lucro de US$ 128,8 milhões no mesmo período do ano passado.

A receita líquida avançou 6,4% no trimestre, para US$ 182,8 milhões, e cresceu 9,6% no semestre, para US$ 301,7 milhões, sustentada por maiores volumes e preços de etanol e energia. Mas o Ebitda ajustado recuou 60,5% no trimestre, para US$ 55,4 milhões, e 60,3% no semestre, para US$ 91,3 milhões.

Segundo a Adecoagro, parte da diferença em relação a 2024 decorre dos efeitos não recorrentes. Em 2024, a companhia contabilizou ganho de US$ 15 milhões com a venda da fazenda La Pecuaria, enquanto em 2025 as despesas foram pressionadas por custos extraordinários ligados à oferta pública da Tether para aquisição de ações da empresa, que somaram US$ 5,7 milhões no 2T25 e US$ 9,2 milhões no semestre.

Em 27 de março de 2025, a Adecoagro firmou acordo de transação com a Tether Investments para a venda de ações, até que a companhia de stablecoins atingisse 51% do seu controle acionário. O negócio movimentou US$ 615,5 milhões e, adicionado às ações já detidas, a Tether chegou a 70% dos papéis em circulação da empresa.

No 2T25, o segmento de açúcar, etanol e energia, principal operação da companhia, registrou Ebitda ajustado de US$ 68,1 milhões, queda de 36,3% em relação ao ano anterior. No semestre, o recuo foi de 38,3%, para US$ 98 milhões.

Segundo a Adecoagro, o desempenho foi afetado pela redução da moagem de cana, que somou 3,44 milhões de toneladas no trimestre, baixa de 13,5%. A queda foi reflexo principalmente das chuvas 75% acima da média histórica em abril, que prejudicam a colheita e a moagem da cana.

A produção de açúcar caiu 14,8% e a de etanol, 20,6%. No mercado de energia, as vendas ao sistema somaram 200 mil MWh, queda de 19,7%, mas preços mais altos ajudaram a sustentar a receita.

Entre os fatores positivos, a companhia destacou o aumento da receita líquida, a estratégia eficiente de carry-over do açúcar para ser comercializado em um momento de melhores preços, além dos valores mais altos de etanol e energia

No entanto, os pontos negativos no setor, além da queda na moagem, foram o custo de produção mais elevado de 9,0 cents por libra-peso no primeiro semestre, ante 7,9 cents por libra-peso em igual semestre de 2024, perdas em ativos biológicos e menores ganhos em hedge de commodities.

Para o segundo semestre, a Adecoagro espera recuperação da produtividade da cana, mas abaixo da inicialmente projetada, após a ocorrência de uma frente fria no fim de junho no Brasil, com chuvas que atrasaram a colheita e o processamento.

A companhia destacou o aumento da demanda por etanol no Brasil, com a entrada em vigor do mandato de mistura de 30% na gasolina (E30) a partir de agosto.

O segmento agrícola também apresentou retração. O Ebitda ajustado foi de US$ 1,1 milhão no 2T25 e US$ 17,7 milhões no semestre, ante US$ 36,7 milhões e US$ 64,1 milhões, respectivamente, em iguais períodos do ano anterior.

Apesar de avanços em produtos lácteos de maior valor agregado e da produção recorde de arroz, o resultado foi prejudicado por preços mais baixos de grãos, arroz e laticínios, perdas em ativos biológicos e maiores custos em dólar, informou a Adecoagro..

A Adecoagro possui 210.400 hectares e plantas de processamento na Argentina, Brasil e Uruguai. Possui usinas de cana-de-açúcar para produção de açúcar, etanol e bioenergia e de processamento de milho, trigo, soja, girassol e amendoim.

No Brasil, a Adecoagro tem 193 mil hectares cultivados com cana-de-açúcar de cana, com capacidade de moagem acima de 14 milhões de toneladas, produção de 956 mil toneladas de açúcar, 780 milhões de litros de etanol e geração de 950 mil MW de energia.

As operações estão em um cluster com duas usinas em Mato Grosso do Sul - Angélica, com capacidade de moagem de 5,6 milhões de toneladas por ano e Ivinhema, com 7,4 milhões de toneladas por ano - e na Usina Monte Alegre, em Minas Gerais, com capacidade de processar 1,2 milhão de toneladas por ano.

No balanço, a Adecoagro destacou a emissão, em 29 de julho, de US$ 500 milhões em Senior Notes com vencimento em 2032, a uma taxa de 7,5% ao ano. Parte dos recursos foi usada na recompra de títulos com vencimento em 2027, no valor de US$ 150,9 milhões, e o restante será destinado a investimentos e gestão de passivos.

Resumo

  • Adecoagro teve prejuízo de US$ 14 milhões no 2T25, revertendo lucro de US$ 105,5 milhões no mesmo período de 2024
  • Produção de açúcar e etanol recuou, com moagem 13,5% menor devido a chuvas excessivas em abril; Ebitda ajustado caiu mais de 60% no trimestre e no semestre
  • Demanda por etanol cresce com o E30 no Brasil, mas o segmento agrícola também foi impactado por preços mais baixos e perdas em ativos biológicos