Já faz alguns anos que a agtech argentina Sima (Sistema Integrado de Monitoreo Agrícola) desembarcou no Brasil. Porém, do ano passado para cá a companhia reajustou sua rota para ganhar novos mercados.
A startup atua com uma plataforma que ajuda os produtores a controlar e monitorar a lavoura de forma georreferenciada, a partir de variáveis como pragas e clima, desde o plantio até a colheita.
Nas palavras do argentino Agustín Rocha, co-fundador da Sima, a ferramenta permite que os produtores insiram todos os dados que possuírem da propriedade. Então, os organiza, padroniza e deixa toda a gestão mais simplificada
Hoje a companhia soma 8 milhões de hectares monitorados com o programa, sendo metade na Argentina, onde atende empresas como Don Mario Sementes, Berardo Agropecuaria e Adecoagro. Outros 2 milhões de hectares estão no Brasil e o restante, dividido entre Uruguai, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Colômbia e México. Ao todo a empresa atende cerca de 400 clientes.
Por aqui, a meta é crescer em 500 mil hectares até o final de 2025. “Começamos no País com um modelo de negócios focado em revendas e indústrias, assim como foi na Argentina. No ano passado viramos nossa estratégia para focar em produtores”, explicou.
Na prática, a empresa sai de um B2B para um B2C e a ideia é buscar produtores no País que tenham já uma gestão um pouco profissionalizada.
De acordo com Rocha, a solução da Sima funciona mais para grupos e fazendas que possuem pelo menos três pessoas no time de agrônomos. “O target são empresas que produzem de 3 mil hectares para cima”.
O sócio-fundador da agtech acredita que hoje, no Brasil, os produtores já estão acostumados com apps do tipo, e vê um mercado numa etapa de maturação.
Para driblar a concorrência, Rocha aposta em uma “proposta completa e robusta, que não seja só um app”. “Hoje nos posicionamos como um acompanhamento para o produtor, para que ele identifique processos que precisam implementar tecnologias novas”.
No País, a Sima também atende a operação da Adecoagro, além da Fiagril, rede de fornecimento de insumos agrícolas. Rocha ainda cita projetos com a Bayer ligados a carbono com atuação no Brasil e conversas adiantadas com grandes produtores.
As culturas mais predominantes no portfólio de clientes são soja, milho e algodão, mas também existem produtores de trigo entre os principais.
Agustín Rocha afirma que a empresa cresce, por ano, uma média de 20% em faturamento considerando toda operação no continente, mesmo diante de um ano passado duro para o agro e com essa movimentação de mudança de modelo de negócio local no Brasil.
“Comercialmente, temos uma nova proposta, mas crescemos, assim como todo ano. Somado a isso, temos uma boa retenção de clientes: vamos acumulando parceiros, que nos ajudam a dar confiança para conquistar novos”.
O desafio para ganhar novos clientes está, segundo Rocha, na dimensão do Brasil, o que não torna simples a tarefa de prospecção.
“Hoje o nosso foco está no Brasil, onde estamos desenvolvendo parcerias para justamente ganhar a confiança desses produtores, um elemento chave no negócio. Só com confiança ele toma a decisão de comprar a tecnologia”, diz.
Segundo ele, o produtor brasileiro já faz uso de muitas tecnologias, mas mais relacionadas a práticas de plantio na lavoura, e não tecnologias digitais.
A startup foi fundada há 10 anos por Rocha e outros sócios. Na época, Geronimo Oliva (atual gestor de produtos), e Mauricio Varela (diretor da operação brasileira), ambos estudantes de agronomia na Universidad Nacional de Rosário, desenvolveram um projeto de monitoramento de pragas.
Outro sócio, Andrés Yerkovich (atual CEO), especialista em informática, se juntou a eles para transformar essa ideia em realidade. Após isso, Rocha, que também é agrônomo, e Pablo Etchanchu, na parte tecnológica, ingressaram na equipe e deram origem à agtech.
Até agora a companhia recebeu US$ 2,3 milhões de dólares em investimentos. Depois de primeiras captações com investidores-anjo, a companhia levantou, em 2022, US$ 2 milhões (R$ 10,7 milhões na cotação da época).
Nessa rodada, mais formal, a startup captou com a Xperiment Ventures, fundo focado em agtechs, com a VX Ventures, Bridge Partners e a Sancor Seguros Ventures, braço de investimento da seguradora.
Rocha diz que a agtech não planeja novas rodadas por enquanto. “Vamos manter nosso equilíbrio financeiro, mas mais pra frente podemos cogitar uma nova rodada”.