Até havia algumas boas notícias para a John Deere, maior fabricante mundial máquinas agrícolas do mundo, no balanço da Deere & Company, sua controladora.
Anunciados na manhã desta quinta-feira, 14 de agosto, os resultados referentes ao terceiro trimestre do ano fiscal da companhia americana superou as expectativas do mercado, com receitas e lucro acima do esperado.
Ainda assim, não foi suficiente para agradar os investidores. Quando o pregão foi aberto na Bolsa de Nova York, onde os papeis da empresa são negociados, suas ações já mostravam um recuo de 7,6%.
Depois, chegaram a mergulhar 8,4%, na maior retração em um único dia desde maio de 2022. Ao meio dia, mantinham-se em forte queda, de 6,9%, em um reflexo de que mercado ainda se preocupa com tendências mais amplas do mercado e os desafios específicos do setor.
As previsões de analistas que acompanham a Deere falavam em um faturamento de US$ 10,35 bilhões. A empresa entregou US$ 10,6 bilhões, melhor do que o consenso dizia, mas 9% abaixo do apurado no mesmo trimestre de 2024.
Mas houve quedas significativas de vendas em segmentos relevantes para a empresa, como Agricultura de Produção e Precisão, Agricultura de Pequeno Porte e Gramados, e Construção e Silvicultura. E não há perspectivas de melhora em curto prazo.
Em compensação, a empresa reportou conquistas no mercado de tecnologias de agricultura de precisão, com os esforços em áreas de inovação que ajudaram a mitigar o impacto dessas quedas.
Nesse trimestre, por exemplo, a John Deere lançou comercialmente, inclusive no Brasil, novos produtos como a solução de conectividade via satélite JDLink Boost.
Também do ponto de vista positivo a empresa registrou importantes reduções em seus estoques. Assim, o lucro por ação atingiu US$ 4,75, acima dos aguardados US$ 4,58.
Mas a incerteza continua no horizonte, inquietando o mercado e dificultando a tomada de decisões mais assertivas por parte de produtores e da própria indústria, como admitiu Cory Reed, presidente da divisão mundial de agricultura e gramados para produção e precisão.
"Atualmente, temos mais incerteza do que nunca no mercado agrícola norte-americano, o que se traduz na maior variedade de perspectivas de resultados para o ano seguinte que já tivemos em muito tempo", afirmou ele, em conferência com analistas na manhã da quinta-feira.
No guidance divulgado com a perspectiva para todo o ano fiscal, a companhia acenou com um lucro líquido em um intervalo entre US$ 4,75 bilhões a US$ 5,25 bilhões, com uma projeção de que o fluxo de caixa das operações com equipamentos fique entre US$ 4,5 bilhões e US$ 5,5 bilhões.
Assim, recuou um pouco na perspectiva, que indicava até US$ 5,5 bilhões no patamar superior de sua projeção de lucro anual.
Embora tentasse passar certo otimismo em relação a potenciais impactos de acordos comerciais e políticas tributárias do governo americano, a empresa reconheceu que ela deve ajudar a agravar o quadro de cautela de produtores, sobretudo os americanos, que têm adiado encomendas de novas máquinas.
Da mesma forma, a companhia relatou que tarifas aplicadas a matérias-primas básicas para seu negócio, como o aço e o alumínio, corroeram os lucros em diversos segmentos.
A empresa inclusive ampliou suas estimativas para custos tarifários no ano fiscal de US$ 500 milhões para US$ 600 milhões.
"Já lidamos com crises e incertezas comerciais antes. Isso faz parte do nosso DNA”, minimizou Josh Jepsen, CFO da companhia.
Os agricultores estão "esperando para ver, e acreditamos que há ventos positivos no que vemos nos acordos comerciais", afirmou Cory Reed. "A questão é quando isso se relaciona com a demanda que vemos."
Resumo
- Balanço trimestral da John Deere traz receitas e lucro por ação melhores do que previam analistas, mas incertezas de mercado derrubam papeis em NY
- Investidores se preocupam com demanda fraca por novas máquinas e impactos decorrentes de tarifas sobre aço e alumínio nos resultados futuros
- Companhia aumentou perspectiva de custos tarifários anuais de US$ 500 milhões para US$ 600 milhões e reduziu previsão de lucros