Depois de quatro meses, a Raízen voltou a acessar o mercado americano na missão de alongar sua dívida e anunciou a emissão de US$ 750 milhões (algo em torno de R$ 4 bilhões) em Notes (títulos de dívida).
A captação, segundo a companhia, tem uma taxa de 6,25%, e vence em 2032.
Em fevereiro deste ano, a empresa já havia emitido dois bonds, que somaram US$ 1,75 bilhão (quase R$ 10 bilhões). Essas duas operações possuem vencimentos de longo prazo, uma em 12 anos e a outra em 30.
A estratégia vem em linha com a missão da companhia de Rubens Ometto de alongar sua dívida, emitindo novas dívidas mais longas para recomprar vencimentos mais curtos. Em fevereiro deste ano, por exemplo, recomprou US$ 342 milhões em notas com vencimento em 2027.
A empresa entrou 2025 com a missão de deixar seu balanço e de sua controladora, a Cosan, mais saudáveis. Isso engloba, além de mexer no perfil da dívida, um enxugamento operacional.
Em maio, a Raízen anunciou a venda da usina Leme, localizada no município paulista de mesmo nome, para a Ferrari Agroindústria e pela Agromen Sementes Agrícolas, numa aquisição de R$ 425 milhões.
Em abril, a companhia anunciou que vendeu, por R$ 700 milhões, 31 projetos de energia solar distribuída para a Élis Energia, companhia controlada pelo Patria.
Em janeiro, a Cosan ainda vendeu uma participação que tinha na Vale, embolsando R$ 9 bilhões.
Tudo isso acontece pelo nível que a dívida da empresa atingiu. A empresa encerrou seu ano safra 2024/25 com uma dívida de R$ 34,2 bilhões, 79% maior do que o visto na temporada anterior, com uma alavancagem (relação entre a dívida líquida e o Ebitda) que passou de 1,3 vez para 3,2 vezes.
A companhia espera reduzir para abaixo de 2x essa relação com a reformulação iniciada no final do ano passado. O prejuízo da safra 2024/2025 foi de R$ 4,1 bilhões.
Rubens Ometto, controlador da Cosan, chegou a dizer em entrevistas e em eventos que as empresas têm seguido essa trilha pelo patamar elevado da taxa de juros, a Selic, que atualmente está em 15% ao ano.
O mercado de dívida americano está chamando a atenção de empresas brasileiras. No início desta semana a JBS captou US$ 3,5 bilhões (quase R$ 30 bilhões) com títulos com vencimento em até 40 anos. Essa foi a primeira emissão do frigorífico depois de listar suas ações em Nova Iorque.
Resumo
- Raízen emitiu US$ 750 milhões em títulos com vencimento em 2032, a uma taxa de 6,25%, reforçando sua estratégia de alongar o perfil da dívida
- Em 2025, a companhia já captou US$ 2,5 bilhões e também vendeu ativos, incluindo usinas
- Dívida total chegou a R$ 34,2 bilhões na safra 2024/25, com alavancagem de 3,2x. Meta é reduzir esse índice para abaixo de 2x