Quando parecia que os números negativos tinham ficado para trás, os fabricantes de máquinas e equipamentos agrícolas voltaram a registrar recuo nas vendas.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), a receita total das empresas que vendem tratores, colheitadeiras e outros equipamentos agrícolas, ficou em R$ 6,15 bilhões no mês de agosto. O resultado fica 7,9% abaixo do mesmo mês do ano anterior.

A queda interrompe uma série de 9 meses consecutivos com variação positiva nas vendas, a cada mês, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O setor enfrenta dificuldades desde 2023, quando os preços das commodities agrícolas baixaram, produtores tiveram margens comprimidas e deixaram de investir em novas máquinas.

Como o quadro de alto endividamento permanece até hoje, com alta nos pedidos de recuperação judicial entre produtores rurais e empresas, os números mostram que a recuperação de 2025 não será tão completa quanto se esperava.

No início do ano os líderes do setor chegaram a estimar um possível aumento de quase 20% no ano, mas agora os números encolheram.

No acumulado de janeiro a agosto, ainda há um aumento de 14% na comparação anual. Já no período de 12 meses, o avanço fica em 6,8%.

O presidente da Câmara de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, disse ao AgFeed que, apesar da queda de agosto, o resultado do ano de 2025 ainda poderá mostrar um aumento de 10%.

“A gente já esperava que isso acontecesse, porque o tarifaço trouxe muita falta de visibilidade para o agricultor. A primeira variável é a queda de exportações para os Estados Unidos, com essa tarifa de 50%”, explicou, citando também os juros elevados.

Segundo o dirigente, segmentos diretamente afetados pelas tarifas, como café e pecuária, também são importantes para as máquinas agrícolas e estariam segurando os investimentos.

“Outro efeito, que é difícil quantificar, é o ruido que isso causa no empresariado agrícola em geral. Quando não se tem visibilidade, não se investe. Mesmo soja, milho, e cana, que não sofreram com tarifaço, ficam temorosos em fazer investimentos”, afirmou.

Apesar disso, as exportações de máquinas agrícolas em agosto aumentaram 6,2%. Em 12 meses, o avanço é menor, de 2,4%.

 

Resumo

  • Vendas de máquinas e implementos agrícolas caíram 7,9% em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a Abimaq.
  • A expectativa para o ano está menos otimista, com previsão de alta acumulada de no máximo 10% na receita das empresas.
  • Setor alega que tarifaço e juros altos "tiram a visibilidade" para que produtores e empresas sigam fazendo investimentos.