Iniciamos há poucos meses a safra 2025/20266 aqui na Tereos, seguindo a missão de cultivar o futuro para as pessoas e o planeta. Esse compromisso se reflete em cada etapa do nosso trabalho — especialmente na busca por soluções que nos ajudem a descarbonizar o negócio.

Desde que assumimos metas claras com o SBTI, este compromisso com a descarbonização se tornou ainda mais parte do dia a dia da empresa. A jornada não é fácil. Mas cada iniciativa, por menor que seja, faz diferença nessa missão.

A transição para uma economia de baixo carbono requer um esforço conjunto e uma mudança de mentalidade em relação a como encaramos as mudanças climáticas e o papel de cada um em seu combate. É preciso, antes de tudo, reconhecermos a responsabilidade compartilhada entre todos os setores da economia, incluindo o agronegócio, e investir em soluções inovadoras e sustentáveis.

No fim de 2024, realizamos junto ao Datafolha uma pesquisa para entendermos melhor a percepção dos brasileiros sobre as mudanças climáticas e a descarbonização e, também, sua visão em relação ao agronegócio e sua responsabilidade nessa frente.

Os resultados confirmaram algumas de nossas percepções e trouxeram dados interessantes. Por exemplo, apenas 4% dos entrevistados — em um universo de mais de 2 mil pessoas — acreditam que o setor do agronegócio deve ser o principal responsável no combate à emissão de gases de efeito estufa.

Para quase 40% da população, essa é uma responsabilidade do governo, seja na esfera legislativa ou executiva. Apenas 32% consideram que essa é uma tarefa coletiva de toda a sociedade, enquanto 22% apontam as indústrias brasileiras como as principais responsáveis.

Esses dados mostram que, mais do que atribuir responsabilidades isoladas, ainda é necessário fortalecer a ideia de responsabilidade compartilhada na construção de um futuro sustentável. Além disso, há uma oportunidade clara de comunicar melhor como o agronegócio pode contribuir de forma consistente para a descarbonização do planeta.

Como parte do agro brasileiro, sabemos que o setor se encontra em meio a uma transformação crucial. A necessidade por práticas mais sustentáveis e a crescente conscientização sobre o impacto das atividades humanas no clima estão impulsionando uma mudança de paradigma no campo.

Não se trata apenas de produzir mais, mas de produzir melhor, com responsabilidade ambiental e social. E, de forma animadora, vejo que as indústrias ligadas ao agronegócio estão mais do que comprometidas a abraçar essa responsabilidade.

Aqui na Tereos, globalmente, investiremos 800 milhões de euros até 2033 para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% no mundo e 65% na Europa, com foco em projetos para reduzir o consumo de energia, melhorar a eficiência e eletrificar processos.

Para reduzir as emissões de carbono no Brasil, a Tereos vem testando alternativas ao uso do diesel em suas operações e, na agricultura, prioriza, por exemplo, o uso de fertilizantes orgânicos e de baixa emissão. Além disso, temos a meta de implementar práticas de agricultura regenerativa em 36% das nossas operações agrícolas até a safra 2032/2033, e já atingimos mais de 30% desse compromisso até o momento.

Também já operamos em uma lógica de economia circular na cultura da cana-de-açúcar e estamos próximos de nosso compromisso de certificar pelo menos 75% da nossa matéria-prima como sustentável até 2029/30.

Mas sabemos que ainda há um longo caminho a percorrer para seguir contribuindo com a transição energética do Brasil. Para atingir a descarbonização até 2050, as indústrias do país precisarão investir cerca de R$ 40 bilhões, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Hoje, 49% da matriz energética é baseada em renováveis, e as indústrias, especificamente, alcançaram 64% de renovação em 2023, com crescente substituição de fontes poluentes, como carvão, por alternativas limpas, como bagaço de cana.

Além disso, entendo que a colaboração entre os diferentes atores da cadeia produtiva, desde o produtor rural até a indústria e o consumidor final, é essencial para o sucesso dessa jornada. O compromisso das indústrias brasileiras com a descarbonização da agricultura é um sinal positivo e demonstra que o setor está se movendo na direção certa.

A transformação rumo a uma agricultura mais sustentável é um processo contínuo, que exige esforço, inovação e colaboração. Mas, com o engajamento de todos os envolvidos, podemos construir um futuro em que a produção de alimentos seja aliada da preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável do Brasil.

Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos Brasil.