Há pouco menos de um mês, como parte de comemoração de seus 70 anos, a companhia de alimentos JBS apresentou sua nova marca corporativa. Saiu o tradicional vermelho do logo, substituído pelo azul. E parece ter dado sorte.
Na estreia nos releases de divulgação de balanços da empresa, os tons dos resultados vieram combinando com a nova marca. Depois de um semestre no vermelho, a JBS passou a respirar no terceiro trimestre deste ano. Após acumular R$ 1,6 bilhão em prejuízos de janeiro a junho, o trimestre encerrado em setembro veio com lucro de R$ 572,7 milhões.
O resultado é 85,7% menor que no mesmo intervalo do ano anterior, quando a empresa teve um resultado líquido positivo em R$ 4 bilhões. Mesmo abaixo, o número é melhor que o visto até então em 2023.
De janeiro até setembro, a empresa vem mostrando uma melhoria no resultado, tanto que o prejuízo do primeiro trimestre foi de R$ 1,4 bilhão, e o do segundo de R$ 263 milhões.
Esse cenário positivo era esperado pela empresa. Tanto é que nos últimos balanços, o CEO global da empresa, Gilberto Tomazoni, pontuou que a empresa enfrentaria um cenário complicado dado a alta de custos dos insumos e inflação persistente, mas que a trajetória de recuperação começou no segundo trimestre. Dito e feito.
O resultado líquido, apesar de positivo, veio abaixo do que o mercado projetava. A XP, por exemplo, esperava um lucro líquido de R$ 724 milhões, e a Genial Investimentos, de R$ 1,6 bilhão. O BTG chegou mais perto, com uma projeção de lucro de R$ 687 milhões.
A receita líquida da empresa somou R$ 91,4 bilhões, um resultado 7,6% menor que o do ano passado. A questão é que, do outro lado, o custo dos produtos vendidos ficou em R$ 80,3 bilhões, em linha com o ano anterior.
As despesas com vendas e administrativas ainda “tiraram” mais de R$ 8 bilhões da arrecadação.
Com isso, a margem Ebitda ficou em 5,9%, 3,7 pontos percentuais menor que no terceiro trimestre do ano passado e 0,9 ponto percentual maior que no segundo trimestre deste ano.
A operação norte-americana da JBS foi quem mais contribuiu na receita do trimestre, com R$ 29,1 bilhões e em linha com o ano anterior. No segundo trimestre, a empresa já havia sido a maior contribuinte de arrecadação.
No Brasil, a Seara teve uma receita de R$ 10,2 bilhões, 13,3% a menos que no ano anterior, e a JBS Brasil arrecadou R$ 14,4 bilhões, 11,1% menor que no ano passado.
A queda na receita da Seara pode desagradar o mercado. A XP esperava um faturamento estável no trimestre para a subsidiária, e em uma prévia dos resultados, o analista Leonardo Alencar pontuou que esse poderia ser um ponto positivo do balanço.
No relatório, o analista disse que esperava um “trimestre bom, mas não empolgante”.
Ao final de setembro, a dívida líquida da JBS estava em R$ 80,4 bilhões, o que mostra uma redução de aproximadamente R$ 130 milhões quando comparado ao fechamento do segundo trimestre deste ano. Em setembro do ano passado, a dívida estava em R$ 78 bilhões.