Com a demanda crescente por soluções de conectividade pelo agronegócio, as empresas do setor de telecomunicações buscam as melhores formas para levar suas estruturas para os pontos mais difíceis, para não perder a oportunidade.

A TIM atua com grandes empresas e produtores rurais desde 2018 e, com um modelo de negócios em que divide os investimentos para instalação de antenas com esses clientes, planeja um crescimento importante em 2024.

“Nós fechamos 2023 com 16 milhões de hectares cobertos pela TIM em todo o país. Para este ano, estamos projetando chegar a 20 milhões de hectares”, afirma Alexandre Dal Forno, diretor de Desenvolvimento de Mercado IoT e 5G da TIM Brasil, ao AgFeed.

Se conseguir atingir esse objetivo, o ritmo de crescimento deste ano em hectares será o dobro do registrado em 2023, que foi de 2 milhões de hectares. Em percentual, o avanço programado para 2024 é de 25%, contra pouco mais de 14% no ano passado.

A meta de 20 milhões de hectares corresponde a cerca de 25% do mercado endereçável desenhado pela TIM, que soma 80 milhões de hectares, segundo disse, em entrevista ao AgFeed, o CEO da companhia, Alberto Griselli.

A TIM tem mais de 30 grandes grupos do agronegócio em sua carteira de clientes no setor. “Nós trabalhamos só com grandes empresas, até por esse modelo que escolhemos, que é de difícil implementação entre pequenas e médias propriedades”, explica Dal Forno.

Entre os grupos que são clientes da TIM estão a Jalles Machado, primeira a fechar contrato com a operadora, São Martinho, Adecoagro, Amaggi e SLC Agrícola.

Mas vai trilhar um caminho diferente para conectar também os produtores de menor porte. O próximo passo da companhia, segundo Dal Forno, é chegar às cooperativas agropecuárias. “Ainda não temos cooperativas conosco”, diz. “Mas estamos fazendo um trabalho para atendê-las, o que será importante também para levar conectividade para pequenos e médios produtores associados a elas”.

Neste segmento, o alvo principal da TIM é o Paraná, que conta com um grande número de cooperativas agroindustriais. Doze delas estão entre as 20 maiores do Brasil, como Coamo, C.Vale, Lar, Cocamar e Integrada.

Além disso, a empresa quer aproveitar um momento em que as instituições podem receber incentivos estatais. “O programa do governo paranaense de transferir créditos de ICMS para as cooperativas é mais um fator que pode ser revertido em investimentos voltados para conectividade”, explica Dal Forno.

O discurso de venda da operadora combina os ganhos potenciais para os clientes aos efeitos públicos trazidos com a instalação de antenas nas propriedades destes grupos.

O principal deles é o alcance do sinal, que acaba chegando aos produtores vizinhos, que muitas vezes não têm capacidade de investir, e até mesmo comunidades mais distantes, que ainda não foram contempladas pela chegada da conectividade.

Isso acontece porque as torres instaladas pela operadora têm alcance que variam de 10 mil a 35 mil hectares, de acordo com a topografia da região.

“Temos 112 mil propriedades de menor porte que acabam tendo acesso ao sinal”, afirma Dal Forno. “É uma ampliação passiva, porque, com acesso à rede, os proprietários acabam comprando os chips e usando o serviço”, conta o diretor da TIM.

A safra paga o custo

Dal Forno afirma que a chamada “Internet da Coisas”, ou IoT, na sigla em inglês, está no centro da estratégia de expansão da TIM nos próximos anos – e o agronegócio, hoje, é o segmento mais importante dentro desta estratégia.

Para sustentar o plano de crescimento, a operadora aponta o volume relativamente baixo de investimentos para instalar a estrutura necessária para ter acesso ao 4G da TIM.

“O custo gira em torno de um quarto de saca de soja por hectare para o produtor. Claro que ele paga também a taxa pelos serviços. Mas, perto dos benefícios em produtividade e economia nas despesas operacionais, é um valor pequeno”, diz o executivo.

A TIM mantém um projeto com a Case IH, marca da montadora multinacional CNH Industrial, no Mato Grosso, a Fazenda Conectada. Lá, a operadora colhe dados que servem para ilustrar o impacto econômico da conectividade para uma propriedade agrícola.

Segundo Dal Forno, além do aumento da produtividade em cerca de 18% no espaço de um ano, houve uma redução importante em alguns custos bastante relevantes para a rentabilidade de um produtor.

“Nós tivemos uma queda de 25% no consumo de diesel pelas máquinas, já que a conectividade otimiza o uso delas e de outros equipamentos. Houve também uma redução de 10% na emissão de carbono”, conta o diretor.

Outro projeto da TIM com impacto indireto no agronegócio envolve as estradas brasileiras. Dal Forno afirma que a operadora cobre cerca de 4,5 mil quilômetros por meio de parcerias com as concessionárias.