O grupo sucroenergético São Martinho aprovou mais uma emissão de debêntures para buscar até R$ 1,25 bilhão no mercado, um tipo de operação que já foi feita em outros momentos pela gigante da cana-de-açúcar.

As informações foram divulgadas pela companhia em fato relevante publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite de segunda-feira, dia 19 de maio. As debêntures serão utilizadas como base para a emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que serão vendidos a investidores. Na prática, a securitizadora Vert vai comprar as debêntures da companhia e emitir CRAs a serem oferecidos no mercado.

A São Martinho busca levantar no mínimo R$ 1 bilhão na empreitada e vai utilizar os recursos para suas operações de industrialização de cana, que envolve a fabricação e comércio de açúcar, álcool e derivados.

A remuneração dos CRAs ainda será definida, dentro do procedimento de bookbuilding, no qual investidores indicam sua demanda pelos papéis e informam as taxas de juros que aceitariam receber.

A última vez que a companhia havia anunciado uma emissão de debêntures havia sido em março do ano passado, também no valor de R$ 1,2 bilhão, e com um mínimo de R$ 1 bilhão, em operação feita com a securitizadora Virgo.

A emissão vem após um momento difícil para todas as empresas do setor sucroalcooleiro, que registraram prejuízos significativos após as queimadas que se alastraram no começo do segundo semestre do ano passado pelos canaviais do interior do estado de São Paulo.

No começo de setembro, a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) contabilizava 181 mil hectares queimados, trazendo um prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão ao setor.

Só a São Martinho teria sido impactada negativamente em R$ 350 milhões, segundo disse o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Felipe Vicchiato, em teleconferência após os resultados do terceiro trimestre do ano-safra 2024/2025.

No período, a São Martinho registrou um lucro líquido de R$ 157,9 milhões no período, montante 25% menor que o resultado obtido no terceiro trimestre do ciclo 2023/2024.

Já o faturamento líquido da companhia foi de R$ 1,845 bilhão, tendo crescido 14,6% no período, com impulso vindo principalmente do etanol, cuja receita foi de R$ 927,4 milhões, subindo 49,2% no período, refletindo preços e volumes maiores de comercialização.

A dívida líquida da empresa atingiu R$ 5,1 bilhões, um aumento de 54,9% em relação a março de 2024, refletindo uma maior necessidade de capital de giro. O índice de alavancagem, que é a relação entre dívida líquida e ebtida ajustado, ficou em 1,34x.

Os resultados do quarto trimestre serão divulgados no próximo dia 23 de junho e devem trazer os efeitos de um novo incêndio registrado pela São Martinho no fim de março, quando o fogo uma caldeira de uma unidade da companhia localizada na cidade de Iracemápolis (SP).

A São Martinho informou na ocasião que o episódio pode reduzir em até 30% a capacidade de produção diária da planta, com moagem estimada de aproximadamente 2,4 milhões de toneladas na safra 2025/2026.

Enquantos os números do fechamento da safra não vêm, o banco BTG Pactual cortou o preço-alvo da ação na segunda-feira, dia 19 de maio, passando de R$ 44 para R$ 39 por entender que os papéis estavam perfomando abaixo do Ibovespa e das commodities.

Ainda assim, a instituição manteve recomendação de compra para a companhia, por entender que a ação ainda traz um yield de FCF de 12% aos investidores e pela demanda resiliente por etanol.

Com isso, as ações chegaram a subir 2% após a divulgação do relatório do BTG, encerrando a segunda-feira cotadas a R$ 20,50, com alta de 0,79%. Já no começo do pregão desta terça-feira, dia 20 de maio, o desempenho está mais contido: às 12h40, os papéis da São Martinho registravam alta de 0,39%, cotadas a R$ 20,58.

Resumo

  • São Martinho aprovou nova emissão de debêntures de até R$ 1,25 bilhão, que servirá de base para CRAs emitidos pela securitizadora Vert
  • Recursos obtidos pela companhia serão destinados à industrialização da cana-de-açúcar
  • Operação ocorre após prejuízos causados pelas queimadas no interior paulista registradas em meados de 2024, que impactaram negativamente a comoanhia em R$ 350 milhões