A São Martinho informou nesta segunda-feira, 11 de agosto, que o conselho de administração da companhia aprovou investimento de R$ 1,1 bilhão na ampliação da unidade de produção de etanol de milho em Quirinópolis, no estado de Goiás.

O aporte ampliará em 80% a capacidade de produção do biocombustível a partir do cereal na usina. A chamada segunda fase da operação adicionará capacidade para processar 635 mil toneladas de milho por ano e produzir 270 milhões de litros de etanol, 170 mil toneladas de DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles) e 13 mil toneladas de óleo de milho.

Com a ampliação da unidade, prevista para estar em plena operação em quatro anos, a São Martinho terá capacidade de processar aproximadamente 1,15 milhão de toneladas de milho, produzir cerca de 485 milhões de litros de etanol, 310 mil toneladas de DDGS e 21 mil toneladas de óleo de milho.

Além das instalações industriais, o investimento prevê a construção de um armazém de milho com capacidade estática de 240 mil toneladas, o que irá dobrar para 480 mil toneladas a capacidade de armazenagem da companhia.

O aporte prevê também adequações na caldeira atual para maior “sinergia energética e geração de vapor”, segundo o documento divulgado pela São Martinho.

A caldeira é abastecida com bagaço da unidade de moagem de cana-de-açúcar na usina anexa.

O início da operação da nova fase da usina de milho está previsto para o segundo semestre de 2027, com aproximadamente 50% da capacidade na safra 2027/2028, atingindo 85% na safra 2028/2029 e 100% a partir da safra 2029/2030.

O cronograma de desembolso será de 40% na safra atual (2025/2026), 50% na safra 2026/2027 e o restante na safra 2027/2028.

O projeto contará com financiamento de R$ 728 milhões das linhas Fundo Clima e Finem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Inovação da FINEP, com prazo total de 12 anos, sendo dois anos de carência.

No trimestre, menos lucro com mais despesas

Na cana, menos chuva, menos produtividade e menos receita. No milho, um resultado positivo que ajudou o faturamento subir. Esse é o resumo do primeiro trimestre do ano-safra 2025/26 da São Martinho, que divulgou seus resultados ao mercado na noite desta segunda-feira, 11 de agosto.

A companhia encerrou o período, que foi de maio até junho deste ano, com uma receita líquida de R$ 1,85 bilhão, um avanço de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O lucro líquido, contudo, recuou 40% em um ano e atingiu R$ 62,8 milhões, reflexo de maiores custos operacionais e de vendas, aumento da despesa financeira com juros mais altos, além de efeitos contábeis como a variação negativa no valor justo dos canaviais.

O custo dos produtos vendidos (CPV) somou R$ 926,6 milhões, alta de 10% em um ano. As despesas com vendas totalizaram R$ 71,4 milhões no trimestre, um crescimento de 25,8% em um ano. O “lucro caixa”, que ignora efeitos contábeis, foi de R$ 157 milhões e mostra um avanço de 12% em um ano.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado somou R$ 805 milhões, alta de quase 20% de um ano para cá.

Olhando para o faturamento líquido na vírgula, é possível ver que o etanol foi o grande impulsionador dos resultados, muito por conta da operação do biocombustível feito a partir do milho.

A receita líquida das vendas de etanol somou R$ 856,5 milhões no trimestre, alta de 51,3% em um ano. A São Martinho cita que o preço foi 16,3% maior e o volume 30% acima do comercializado.

Em termos de volume, foram 292,6 mil metros cúbicos do biocombustível, sendo 62,3 mil metros cúbicos (alta de 73%) só de etanol de milho. O faturamento com o açúcar foi de R$ 804 milhões, 12% menor em um ano.

Outros produtos como energia elétrica, DDG, CBIOs e levedura trouxeram outros R$ 200 milhões para o resultado.

Em resumo, a São Martinho vendeu mais e com preços melhores no etanol, o que elevou a receita líquida em 12,2%. O resultado ajudou a compensar uma queda no preço do açúcar e do recuo na produção de cana por questões climáticas.

Do lado do ônus, esse crescimento veio acompanhado de custos mais altos no processamento de milho, despesas de vendas maiores pelo aumento das entregas de etanol e uma despesa financeira caixa mais pesada por causa da Selic elevada.

A dívida líquida da São Martinho se manteve praticamente estável em um ano, em R$ 4,9 bilhões, com a maior parte das amortizações programadas para a partir de cinco anos. A alavancagem medida pela relação da dívida líquida e o Ebitda acumulado nos últimos doze meses é de 1,36 vez.

Considerando o caixa próprio, para a safra 2025/26, a empresa projeta investir R$ 881 milhões em modernização e expansão, um aumento considerável frente aos R$ 200 milhões projetados anteriormente.

A maior parte dos recursos (R$ 439 milhões) irá para modernizar a planta de etanol de milho, e outros R$ 242 milhões para a aquisição de ativos biológicos da Usina Santa Elisa, que pertence à Raízen e foi descontinuada pela companhia do grupo Cosan recentemente.

Ademais, a empresa deve desembolsar R$ 1,9 bilhão somente na manutenção de seus canaviais e usinas.

Com reportagem de Gustavo Porto

 

Resumo

  • A São Martinho investirá R$ 1,1 bilhão para ampliar em 80% a capacidade de etanol de milho na usina de Quirinópolis, financiada em parte por BNDES e Finep, com operação plena prevista para 2029/2030
  • O projeto adicionará capacidade para processar 635 mil toneladas de milho por ano e produzir 270 milhões de litros de etanol, além de DDGS e óleo de milho, incluindo a construção de um armazém que dobrará a capacidade de estocagem
  • No 1º tri da safra 2025/26, a receita subiu 12% para R$ 1,85 bilhão puxada pelo etanol, mas o lucro caiu 40% para R$ 62,8 milhões com custos e despesas maiores