Um mercado bilionário e uma “inovação nostálgica”. Essa é a aposta da Rudolph Snacks, empresa especializada na fabricação de snacks feitos a partir da proteína suína, especializada em torresmo e pururuca, para seguir crescendo no Brasil.
Segundo o diretor comercial e de marketing da Rudolph Snacks no Brasil, Lucas Mueller, a companhia é líder desse segmento no País, e neste ano deve crescer em 150% seu faturamento e volume de produção frente ao ano passado. De 2022 para 2023, a empresa dobrou a receita.
A empresa, que é uma filial de uma companhia norte-americana, já tem presença no Brasil há quase 10 anos, atuando com o processamento da carne suína e vendendo para outras fábricas de snacks.
Foi em 2022 que a empresa passou a atuar em toda cadeia, e investiu até agora R$ 30 milhões em uma fábrica própria de produção de salgadinhos, localizada em Curitiba (PR). Além do Brasil e EUA, a empresa também está no México e na Dinamarca.
“Olhando pro mercado da Rudolph no Brasil, nos últimos 3 anos registramos 23% de crescimento ao ano. Dentro da categoria de snacks, um mercado onde 30% de todos os brasileiros consomem diariamente, a nossa categoria é nova”, acredita.
A companhia nos Estados Unidos foi criada há 70 anos, quando o casal Mary e John Rudolph, com uma receita secreta em mãos, criaram o negócio de snacks feitos a partir da proteína suína. Hoje, são seus dois filhos que tocam o negócio, que ainda é familiar.
Atualmente, a Rudolph é líder desse segmento de snacks suínos, com 70% do mercado global. Nos cálculos de Lucas Mueller, esse mercado vale US$ 1 bilhão globalmente.
Na operação americana, que também é líder do mercado local, a companhia fornece os snacks prontos e embalados para marcas como PepsiCo, Walmart e General Mills.
Por aqui, o diretor estima que a empresa seja dona de 65% do mercado nacional de snacks de torresmo e pururuca suínos, e atende empresas como Santa Massa, famosa pelo pão de alho. Mueller acredita que os outros 35% são ocupados por marcas mais artesanais.
Apesar de liderar esse mercado, quando falamos em todo mercado de snacks no Brasil, que é dominado por salgadinhos à base de milho, trigo e batata, a Rudolph tem cerca de 1% do total. “A nossa categoria não existia há 2 anos, e já estamos inseridos dentro de um mercado bilionário”, diz.
Uma pesquisa da Euromonitor estima que o segmento de snacks no Brasil beira os US$ 10 bilhões, e que deve chegar aos US$ 13,4 bilhões em 2027.
A fábrica de Curitiba tem capacidade de produzir 400 toneladas de snacks por mês, operando em apenas um turno. Segundo Mueller, atualmente só 30% da capacidade é utilizada mensalmente. A outra unidade da empresa, localizada em Chapecó (SC), fica responsável por receber os produtos suínos, que segundo o diretor, vêm dos principais frigoríficos do País, e depois são processados.
Por lá, numa espécie de “pré-fábrica”, ele estima 500 toneladas processadas por mês, que são desidratadas e vendidas tanto para outras indústrias quanto utilizadas dentro de casa.
Além disso, a fábrica também exporta para todo o continente. “Agregamos valor tudo dentro do mesmo grupo. Uma fábrica vende ingrediente e a outra o produto pronto”.
O investimento de R$ 30 milhões feito até agora foi pensando no futuro, segundo Mueller. “Vemos um potencial de mercado gigantesco. O brasileiro gosta de snacks e gosta de carne suína.
Na fábrica de Curitiba, a empresa frita e já embala os snacks conforme a marca compradora, terceirizando o processo produtivo. Hoje são 15 clientes ativos em todo o Brasil que vendem a proteína feita de pele suína, sem outros ingredientes, produzida pela Rudolph.
“Uma empresa de alimentos com marca consolidada quer ter esse produto, e ao invés de investir em maquinário e inspeções do Ministério, aciona a Rudolph, que já tem o conhecimento e faz isso há décadas, para entregar a solução”.
Dessa forma, o cliente da companhia fica responsável somente pela estratégia de mercado. O diferencial, segundo Lucas Mueller, é que o produto é feito apenas com a pele de suínos, sem compostos de trigo ou aromas artificiais.
A parte nostálgica da estratégia, segundo o diretor comercial, está ligada ao fato de que o brasileiro conhece o torresmo e a pururuca, por serem alimentos tradicionais da culinária nacional, principalmente de regiões mais ao interior. “A maneira como nós produzimos o produto inclui a inovação nessa nostalgia”, afirma.