Depois de sucessivos balanços recordes e da festa da dupla listagem, com a cerimônia das badaladas do sino na Bolsa de Nova York, a JBS estreou neste quarta-feira, 13 de agosto, na era dos demonstrativos de olho mais em Wall Street do que na B3.

E trouxe boas notícias ao investidor, apesar de reportar margens menores tanto em suas operações globais como nas das empresas do grupo sediadas nos Estados Unidos. Com US$ 528 milhões de lucro líquido no segundo trimestre, a companhia da família Batista obteve um resultado 60,6% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

A receita líquida foi 8,9% superior na mesma comparação, atingindo US$ 20,9 bilhões. O Ebitda ajustado informado ficou em US$ 1,8 bilhão, com uma margem de 8,4%. No ano passado, o trimestre havia sido fechado com margem de 8,9%.

Nas operações norte-americanas, essa redução de margem foi um pouco maior, de 2,3 pontos percentuais: de 8,8% para 6,5%.

A JBS, em seu release de divulgação do balanço, desconsiderou a baixa e ressaltou a margem obtida, afirmando que ela reflete “o plano da Companhia de fomentar marcas fortes e produtos de valor agregado, em todos os mercados” e lembrando que “no período, 75% das vendas globais foram em mercados domésticos onde a JBS atua e 25% por meio de exportações”.

Gilberto Tomazoni, CEO Global da empresa, destacou que o resultado confirmou o acerto da estratégia de diversificação geográfica e de proteínas da JBS. “É uma ferramenta poderosa, uma vantagem competitiva que nos permite mitigar as oscilações naturais dos ciclos das proteínas, bem como outros desafios de mercado”

A queda das margens, de certa forma, comprova essa afirmação. Segundo o documento da empresa, a rentabilidade apresentada “reflete o ainda desafiador ciclo da pecuária nos Estados Unidos e o ambiente geopolítico global, que impactou primordialmente os resultados da JBS Beef North America e a JBS USA Pork”.

Por outro lado, os resultados de Seara, Pilgrim’s Pride e JBS Australia “compensaram parcialmente o declínio na margem Ebitda”.

As unidades relacionadas a carnes de aves (Seara, no Brasil, e Pilgrim’s, nos EUA, México e Europa) foram beneficiadas, segundo a companhia, pelo aumento de demanda e por mudanças de comportamento do consumidor. Com o preço da carne bovina em alta nos Estados Unidos, onde o rebanho bovino atingiu números mínimos em mais dce três décadas, o número de refeições em casa aumentou e a busca por carnes mais baratas cresceu.

O resultado da Seara, entretanto, poderia ter sido mais expressivo, não fosse o impacto nas vendas provocado pela identificação de caso de gripe aviária no Brasil. Com a suspensão temporária de exportações para alguns mercados, a receita líquida da empresa foi de US$ 2,15 bilhões no trimestre, 2,5% abaixo da registrada em 2024. Ainda assim, o Ebitda ajustado da operação, de US$ 391 milhões, foi 1,2% superior em 2025.

Já a Pilgrim’s Pride, tem mantido uma rotina de resultados positivos. Neste trimestre, mais uma vez, as margens foram expressivas, atingindo 17,2%, graças a um ciclo positivo de demanda combinado com redução dos custos de insumos como milho e soja.

A JBS destacou ainda bons desempenhos do setor de bovinos na Austrália, onde a subsidiária da companhia viu as vendas subirem quase 20% na comparação anual, marca superada pela JBS Brasil, que fechou com receita de US$ 3,6 bilhões, graças a maior volume comercializado a oreços melhores.

No caso da operação nacional, entretanto, houve recuo de 1,3% na margem Ebitda. Segundo a JBS, isso decorre da elevação de 40% no preço médio do boi no trimestre (com arroba a R$ 315, segundo indicador Cepea/Esalq citado pela empresa), quando comparado ao segundo quarto de 2024.

Caixa recheado e mais investimentos

O olhar mais apurado para o mercado dos EUA, visando conquistar também no investidor americano, teve mais uma demonstração nesta quarta-feira com o anúncio de mais um aporte de US$ 100 milhões no país. Desta vez, para adquirir e expandir uma unidade no estado de Iowa, que será a maior unidade de bacon e linguiças prontas para consumo nas operações da empresa por lá.

Foi o quarto anúncio deste tipo em poucos meses. Em maio passado, a JBS havia comunicado investimento de US$ 135 milhões para a construção de outra fábrica de produção de linguiças no mesmo estado. Outros US$ 200 milhões serão alocados na modernização de unidades de carne bovina no Texas e no Colorado. Ema nova unidade de alimentos preparados da Pilgrim's na Geórgia receberá aporte de US$ 400 milhões.

Além disso, também em paralelo com a divulgação do balanço a JBS anunciou que destinará US$ 400 milhões para um programa de recompra de ações. Segundo Tomazoni disse à agência Reuters, a decisão é uma demonstração de que a empresa, que já havia pago US$ 1,2 bilhão em dividendos no segundo trimestre, está "entregando valor" ao acionista.

A empresa, a despeito de tanta movimentação, tem mostrado disciplina financeira. A alavancagem, por exemplo, caiu de 2,77 vezes para 2,27 vezes no período de doze meses na relação dívida líquida/Ebitda. Segundo o release, a JBS fechou trimestre com US$ 3 bilhões em caixa e US$ 3,4 bilhões disponíveis em linhas de crédito rotativas. “Isso permite à JBS honrar suas dívidas até 2032”, ressaltou o documento.

Resumo

  • Com US$ 528 milhões de lucro líquido no segundo trimestre, JBS obteve um resultado 60,6% superior ao do mesmo período do ano passado
  • O Ebitda ajustado ficou em US$ 1,8 bilhão, com uma margem de 8,4%. No ano passado, o trimestre havia sido fechado com margem de 8,9%
  • Companhia ani=unciou também investimento de US$ 100 milhões em nova fábrica nos EUA e US$ 400 milhões para programa de recompra de ações