O primeiro ano de Luiz Claudio Lorenzo como presidente do Grupo Piracanjuba pode ser resumido pela palavra ‘crescimento'. Poucos meses após assumir o volante das operações do grupo, o executivo, que está no grupo há quase 18 anos e anteriormente ocupou o cargo de vice-presidente, já conquistou resultados importantes.

A começar pela aquisição da Emana, empresa voltada para a suplementação e que tinha o apresentador Rodrigo Hilbert como um dos fundadores. O artista e empresário continua sendo embaixador da marca e também participa do desenvolvimento de produtos da marca.

A movimentação foi a primeira aquisição da história do grupo, que tem no portfólio as marcas Piracanjuba, LeitBom, além das licenciadas Almond Breeze, Ninho e Molico (leite longa vida).

A compra representou ainda a estreia da Piracanjuba na categoria de alimentos, que atualmente responde por 2% dos negócios - os outros 98% dos negócios do grupo estão na categoria lácteos, onde a empresa atua há 70 anos.

Ainda em fase de expansão da oferta dos produtos Emana para todos os mercados onde o grupo Piracanjuba está presente, Lorenzo explica que a estratégia é crescer no segmento e abocanhar uma fatia de 10% desse segmento no país nos próximos anos.

Para tanto, ao menos no primeiro momento, ele descarta novas aquisições nessa área. “É um mercado bastante pulverizado e uma categoria nova para nós, mas queremos construir as bases para alcançarmos uma consolidação nesse segmento”, avalia o executivo.

Para 2025 o crescimento da companhia virá principalmente do fortalecimento da marca nas categorias onde já estão consolidados - leia-se lácteos e também na expansão do segmento de alimentos, categoria onde está a Emana.

Por isso, a estimativa é de que até o final do ano cerca de 20 novos produtos sejam lançados no mercado brasileiro. Atualmente o grupo possui um portfólio com cerca de 300 produtos. A meta de Lorenzo é fazer com que os negócios da Piracanjuba cresçam dois dígitos até dezembro.

A companhia não divulga números, mas segundo ranking publicado pela revista Globo Rural em dezembro a receita líquida anual do grupo é estimada em R$ 8,24 bilhões, com evolução de 7,3% no último ano, e ativo total da ordem de R$ 3,9 bilhões.

Um dos segmentos onde os consumidores verão novidades é o de produtos zero lactose. Pioneira nessa categoria, ao lançar o primeiro leite longa vida em 2012, a Piracanjuba vê essa frente como estratégica. “Por sermos os capitães dessa categoria, todos os anos trazemos novidades, até porque somos referência para o consumidor”.

Segundo Lorenzo, nos últimos anos, a variedade produtos desse segmento fez com que os itens se tornassem mais acessíveis ao consumidor, com bom custo-benefício. “Quem consome essa linha já está bastante familiarizado e nos tem como referência”, afirma.

Por enquanto, os olhos de Lorenzo continuam focados no mercado nacional, onde, segundo ele, ainda há bastante espaço para crescer. Ele descarta qualquer possibilidade de investimentos do grupo fora do Brasil. “Não é uma operação simples para uma empresa de lácteos operar fora do país. Além disso, enxergamos muitas oportunidades de crescimento no Brasil”.

Ele revela que os mercados que vem registrando maior crescimento dentro dos negócios do grupo são os do eixo Rio-São Paulo. “Mas também enxergamos grande potencial de crescimento nos mercados do Sul e Nordeste”, pondera Lorenzo.

Nova fábrica no segundo semestre

Com sede de crescimento, o grupo está trabalhando a todo vapor na construção da fábrica de queijos em São Jorge D’Oeste, no Paraná.

O investimento total será de R$ 612 milhões. Desse valor, R$ 499 milhões são financiados pelo BNDES, sendo R$ 277 milhões pelo programa BNDES Mais Inovação e R$ 222 milhões via FINEM (linha incentivada B).

Luiz Claudio Lorenzo, CEO da Pirancajuba

A nova unidade, que deve iniciar suas operações no começo do segundo semestre, terá 54,4 mil metros quadrados e na primeira etapa estará focada na produção de queijos e manteiga. Em uma segunda fase, Lorenzo conta que será construída uma torre de secagem de soro, para a produção de whey protein e lactose.

Ao todo, a capacidade instalada de produção será de 39,4 mil toneladas de muçarela e de até 7,9 mil toneladas anuais de manteiga. Na área voltada para a secagem de soro de leite, poderão ser produzidas até 6 mil toneladas de whey protein (concentrados e isolados proteicos) e até 14,8 mil toneladas anuais de lactose em pó.

Quando estiver pronta, a fábrica do Paraná terá capacidade para receber mais de 1,3 milhão de litros de leite por dia. A região, estratégica, faz parte de uma das bacias leiteiras do estado.

“Queremos ter maior relevância na categoria de queijos, que atualmente representa 10% do nosso faturamento do segmento de lácteos”, explica sem no entanto revelar a meta de crescimento.

Além disso, ao integrar a produção de lácteos e de soro em pó na mesma unidade, a empresa elimina a necessidade de transporte de matéria-prima por longas distâncias, aumentando a eficiência da operação e reduzindo custos.

A nova planta irá contribuir para o aumento da capacidade de captação de leite do grupo, que atualmente está em 6 milhões de litros por dia. Segundo maior grupo do setor no país, a Piracanjuba atualmente conta com 9 mil produtores de leite cadastrados que fazem o fornecimento de leite.

Além da nova fábrica no Paraná, o grupo também possui unidades em Bela Vista de Goiás (GO), Governador Valadares (MG), Maravilha (SC), Sulina (PR), Araraquara (SP), Três Rios (RJ) e Carazinho (RS), além de 16 postos de recepção de leite.

Do ponto de vista administrativo, Lorenzo explica que os caminhos para a chegada da terceira geração da família aos negócios também estão sendo preparados.

Com a profissionalização da gestão em 2024, o grupo passou de sociedade limitada (Ltda) para Sociedade Anônima (S.A) com capital fechado. Assim, a Laticínios Bela Vista, como era até então chamada, passou por uma repaginação e passou a ser Grupo Piracanjuba.

Assim, os sócios, os irmãos César e Marcos Helou, passaram a presidir o conselho do grupo. “A transição dos sócios já foi consolidada e foi um processo bastante tranquilo, até pelo fato de eu conhecer muito bem as operações, o que facilitou o processo”, avalia Lorenzo.