“O olho do dono é que engorda os frangos”. Foi assim que Joesley Batista comemorou, em post no seu perfil na rede social Instagram, os resultados da Pilgrim’s, subsidiária da JBS de cujo conselho o executivo faz parte desde fevereiro do ano passado.
A companhia americana, uma das líderes do mercado americano de carnes de frangos e outras aves, registrou um lucro líquido de US$ 1,08 bilhão em 2024, mais que triplicando os US$ 321 milhões anotados em 2023. Só no quarto trimestre, a companhia lucrou US$ 235,85 milhões, alta de 75,16% no comparativo anual.
“Ontem, no conselho da Pilgrim’s Pride Corporation, vi que estamos, sim, no caminho para sermos os melhores, como mostram os números divulgados no fechamento dos resultados de 2024”, pontuou Batista.
Em nota, o CEO da Pilgrim’s, Fábio Sandri, disse que a empresa vivenciou um “mercado positivo com menores custos de insumos e forte demanda por frango em 2024”.
“Além disso, elevamos nosso desempenho em todas as regiões por meio de um foco contínuo em controlar o que podemos controlar”, acrescentou.
Em 2024, a receita da Pilgrim’s ficou em US$ 17,8 bilhões, alta de 2,9% em relação a 2023. No quarto trimestre o faturamento caiu 3,49% na comparação equivalente, e atingiu US$ 4,37 bilhões.
Analistas do mercado avaliaram de forma distinta o balanço da companhia. Para Guilherme Palhares, do Santander, os números da empresa vieram mais fracos do que o esperado.
O Ebitda apresentado de US$ 411 milhões, no trimestre, por exemplo, veio 17% abaixo de sua expectativa. “Os impactos negativos vieram, principalmente, da divisão dos EUA, que sofreu com efeitos sazonais e uma provisão de US$ 95 milhões relacionada a litígios”, disse.
Como consequência, o Santander revisou para baixo sua projeção de EBITDA da JBS para o 4T24 em 5%, ajustando para R$ 9,4 bilhões. Palhares acredita, no entanto, que o bom desempenho da Seara ajudará a compensar esses efeitos nos números da controladora, devido a preços de exportação fortes e uma melhora na operação.
A JBS divulgará seu balanço referente ao ano de 2024 no dia 25 de março.
Mesmo com custos de grãos menores, as despesas gerais, administrativas e de vendas aumentaram significativamente no trimestre, passando de US$ 131 milhões para US$ 235 milhões, alta de 79%.
No acumulado do ano, subiram de US$ 552 milhões para US$ 713 milhões, avanço de 29,3%. A Pilgrim’s ainda somou US$ 93 milhões em despesas de reestruturação ao longo do ano, mais que o dobro do que em 2023.
Já para Renata Cabral, do Citi, os resultados foram positivos. Ela destacou, também em relatório, que a operação no México, que trouxe US$ 32 milhões em Ebitda, foi um ponto positivo.
Apesar de um recuo nas vendas nos EUA (-2%) e na Europa (-6%), o Citi mantém uma visão positiva para produtores de frango, com custos de grãos favoráveis e restrições na oferta devido a problemas de incubação.
"No geral, os números da Pilgrim’s sustentam um Ebitda sólido para a JBS no quarto trimestre, reforçando a nossa recomendação de compra para a ação da JBS”.
Gustavo Troyano, do Itaú BBA, pondera que a margem de 14,2%, considerada sólida por ele, sugere um “impulso contínuo para o setor”, mesmo diante de uma redução dos preços do frango globalmente.
A JBS é a top pick do banco de investimentos do Itaú dentre os frigoríficos listados e Troyano projeta um Ebitda de R$ 9,7 bilhões para a companhia no quarto trimestre.
Para ele, a diversificação da empresa em várias geografias e categorias de proteínas pode ajudar investidores que desejam investir no Brasil diante de um cenário macro complexo.
Já para Thiago Duarte, analista do BTG Pactual, os resultados da empresa dão “um tom positivo" para os lucros da JBS no quarto trimestre.
“A JBS continua sendo nossa principal escolha e a única ação com uma recomendação de compra no setor de proteínas, apoiada por um balanço patrimonial forte e sólida geração de fluxo de caixa, o que acreditamos que pode mitigar o declínio contínuo nas margens nos segmentos de aves”, afirmou.