Líder do mercado brasileiro de etanol de cereais, a Inpasa pode estar dando seus primeiros passos em um novo estado: Goiás, mais especificamente na cidade de Rio Verde, um dos municípios que mais produzem soja e milho no País.
O uso do verbo “pode” nessa frase é crucial para entender os últimos acontecimentos envolvendo a construção. Tudo começou na terça-feira, 15 de julho, quando o governador do Estado e pré-candidato à Presidência da República nas eleições de 2026, Ronaldo Caiado, apareceu em um vídeo confirmando a construção da usina no estado.
Em um artigo publicado no site da Agência Cora Coralina, agência de notícias vinculada ao governo de Goiás, é informado que a Inpasa realizará um investimento de R$ 2,5 bilhões para construir a refinaria, com expectativa de gerar até 3 mil empregos.
No mesmo texto, é dito que Caiado recebeu a confirmação diretamente do fundador e CEO da empresa, José Lopes, durante uma videoconferência junto ao prefeito de Rio Verde, Welington Carrijo, e outros membros da administração municipal.
“Essa instalação em Rio Verde vai gerar milhares de empregos e ainda absorver, só da safra goiana, mais de 2 milhões de toneladas de milho. Isso é desenvolvimento, tecnologia, emprego, é Goiás sendo realçado no cenário internacional”, cita o site, atribuindo as aspas a Caiado.
“Vamos ter a maior usina de esmagamento de etanol na nossa cidade de Rio Verde. Queria agradecer ao ‘seu Zé’, proprietário da Inpasa, maior estrutura hoje de produção de etanol de milho”, acrescenta o governador no vídeo.
De um lado a promessa política, do outro um pé ainda fixo ao chão. Procurada pelo AgFeed, a Inpasa se pronunciou por meio de nota dizendo que possui, sim, a intenção de instalar uma nova unidade em Goiás.
No entanto, citou que o projeto ainda está em fase de “estudos de viabilidade estrutural e industrial". “Portanto, ainda não há confirmação oficial ou cronograma definido para sua implementação”, acrescentou a Inpasa.
O AgFeed conversou com duas fontes que atuam na prefeitura de Rio Verde e as duas confirmaram que o projeto está realmente em fase de estudos, sem nenhum tipo de licença definida ou até mesmo terreno escolhido, divergindo da ideia passada pelo governador Caiado, de que o investimento já está confirmado.
Uma das fontes mostrou otimismo com o investimento, e declarou que “em breve será lançada a ‘pedra fundamental”, expressão que representa o início das obras.
A escolha de Rio Verde faria sentido para a implantação de uma planta desse tipo. O município está entre os maiores produtores de milho do País - na safra 2023, foi o segundo maior produtor de milho do Brasil, com cerca de 2,5 milhões de toneladas, gerando R$ 1,9 bilhão de valor de produção, segundo o IBGE.
Além disso, possui, segundo a prefeitura local, possui um rebanho bovino de 390 mil cabeças e não está distante da chamada Estrada do Boi, que segue na direção Norte de Goiás e concentra, no seu percurso, alguns dos maiores projetos de pecuária de corte do País. Assim, a indústria teria demanda para o DDG, subproduto do etanol utilizado na nutrição animal.
Pelo seu porte, cada movimento da Inpasa é acompanhado de perto nas principais regiões produtoras do Brasil. A companhia faturou R$ 14,9 bilhões no ano passado e ainda não possui unidades em Goiás.
Hoje, são duas usinas no Mato Grosso (Sinop e Nova Mutum), duas no Mato Grosso do Sul (Sidrolândia e Dourados), uma no Maranhão (Balsas) e duas no Paraguai. No ano passado, a empresa anunciou que investirá R$ 1,2 bilhão em sua oitava refinaria, que será construída em Luís Eduardo Magalhães (BA).
Resumo
- Governador de Goiás anunciou como certa a construção de uma usina de etanol de milho da Inpasa em Rio Verde (GO)
- Estimada em R$ 2,5 bilhões, nova planta geraria, segundo Caiado, até 3 mil empregos e processaria 2 milhões de toneladas do grão
- Em nota, a Inpasa confirmou apenas que estuda a viabilidade estrutural e industrial para instalar uma nova unidade em Goiás, sem oficializar o investimento ou dar garantias sobre o início das obras