De junho a agosto de 2024, o preço médio da saca de arroz rondou uma média de R$ 115, segundo dados do Cepea/Irga. No mesmo período deste ano, cerca de R$ 67, uma queda de mais de 40% em 12 meses.
Em 2024, o preço aumentou no período devido à tragédia climática que trouxe enchentes ao Rio Grande do Sul, principal estado produtor do País, no começo de maio, gerando uma dúvida sobre o abastecimento. Neste ano, com a normalização da safra, os preços baixaram.
O recuo abrupto do principal produto vendido pela Camil talvez seja a principal explicação para os números divulgados no balanço da empresa referente ao período, equivalente ao segundo trimestre do ano fiscal da companhia, que foi divulgado na noite desta quinta-feira, 9 de outubro.
No documento, a Camil registrou um lucro líquido de R$ 79 milhões no segundo trimestre, uma queda de 33,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado veio 19% maior do que no primeiro trimestre do ano fiscal, período de março a maio.
O lucro mais baixo na comparação anual é reflexo de uma receita líquida também menor: R$ 2,9 bilhões, 8,6% menor do que os R$ 3,2 bilhões do ano anterior.
A baixa nas vendas de sua principal linha de negócio, o chamado “alto giro”, que é composto pelo portfólio de arroz, feijão e açúcar, registrou um volume 1,5% menor nas vendas, em 352 mil toneladas.
O preço médio por quilo da categoria foi de R$ 3,54, um recuo de 27,8% em um ano. Além da queda de 40% nos preços do arroz no mercado nacional na comparação entre o segundo trimestre da empresa no ano passado e o mesmo período deste ano, a saca do feijão teve uma desvalorização de 10% e a do açúcar de cerca de 8%, também de acordo com o Cepea.
Apesar disso, o resultado foi parcialmente compensado por alta nos preços da categoria “alto valor”, que inclui pescados, café, biscoitos e massas. O preço médio do segmento foi 19,6% maior em um ano, com média de R$ 15,6 por quilo. A categoria vendeu 45,2 mil toneladas, uma baixa de 6% em um ano.
No balanço, a empresa cita que a rentabilidade dos pescados seguiu sólida, a categoria de massas e biscoitos expandiu sua distribuição para a região metropolitana de São Paulo e no café, observou uma “retomada de volumes”, e destacou os cafés em cápsula da marca União.
No segmento internacional, que engloba todos os produtos vendidos para outros países, o volume de vendas atingiu 236,8 mil toneladas, uma alta de 26%. Apesar disso, o preço por quilo foi 19% menor em um ano.
“O crescimento na comparação anual deve-se a maiores níveis de exportações no Uruguai e um aumento de volume no Chile, que foram parcialmente compensados por menores volumes no Peru e redução de preços de arroz no segmento”, afirmou a empresa.
Os custos de produção acompanharam a queda das commodities, e registraram baixa de 10% em um ano, somando R$ 2,3 bilhões. Por outro lado, as despesas operacionais cresceram 4,2%, para R$ 498 milhões, e passaram a representar 16,7% da receita líquida.
O aumento foi puxado principalmente pelas operações internacionais, sobretudo no Uruguai, segundo a empresa.
Mesmo com custos menores, a rentabilidade caiu. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), recuou 12,9% na comparação anual, para R$ 251 milhões. A margem Ebitda ficou em 8,4%, ligeiramente abaixo dos 8,8% registrados um ano antes.
Mesmo com uma dívida líquida praticamente estável em R$ 3,5 bilhões, a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda subiu de 3,5 vezes para 4,1 vezes, em razão da menor geração operacional de caixa.
No trimestre, a empresa somou R$ 155 milhões em investimentos de Capex, mais do que o dobro de um ano anterior. O recurso foi direcionado principalmente para uma nova planta de grãos e termelétrica em Cambaí (RS), que utilizará casca do arroz como combustível.
Resumo
- Camil registrou lucro líquido de R$ 79 milhões no 2º trimestre do seu ano fiscal, uma queda de 33,7% em 12 meses.
- Vendas de arroz, feijão e açúcar caíram 1,5% em volume e registraram baixa de 27,8% em preço médio.
- Ebitda recuou 12,9%, margem caiu para 8,4% e dívida líquida ficou estável em R$ 3,5 bilhões.