Depois de começar o ano com resultados fracos, a companhia canadense de fertilizantes Nutrien apresentou números melhores ao divulgar seu balanço do segundo trimestre sob impulso de um forte aumento nas vendas de potássio e nitrogênio.

A companhia registrou um lucro líquido de US$ 1,2 bilhão no segundo trimestre de 2025, resultado 292% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando o lucro havia sido de US$ 392 milhões. Os dados foram divulgados na quarta-feira, dia 6 de agosto.

A receita com vendas líquidas no trimestre foi de US$ 10,4 bilhões, alta de 3% aos 10,1 bilhões reportados no segundo trimestre de 2024.

O Ebtida ajustado (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no período alcançou US$ 2,48 bilhões, impulsionado por maiores volumes de vendas e preços líquidos de fertilizantes, alta de 11% em relação aos US$ 2,23 bilhões do mesmo período de 2024.

“Vendemos volumes recordes de potássio, aumentamos as taxas operacionais de nitrogênio e reduzimos as despesas, ao mesmo tempo em que otimizamos ainda mais os investimentos e retornamos caixa consistentemente aos acionistas”, disse Ken Seitz, CEO da Nutrien, na nota de divulgação dos resultados.

As vendas de potássio cresceram 31%, passando de U$$ 756 milhões para US$ 991 milhões. O nitrogênio teve movimento semelhante, apresentando alta de 23% nas vendas, que subiram de US$ 1,028 bilhão para US$ 1,260 bilhão. Nos fosfatados, as vendas cresceram 1%, passando de US$ 394 milhões para US$ 396 milhões.

A receita com vendas no varejo, em contrapartida, recuou 1% no período, passando de US$ 8 bilhões para US$ 7,959 bilhões.

A Nutrien também trouxe perspectivas de mercado. A companhia disse que, apesar dos preços mais baixos, a demanda por insumos agrícolas "tem sido forte" para o início do terceiro trimestre de 2025 na América do Norte.

Em relação ao Brasil, a Nutrien afirmou que os produtores estão mais ativos na compra de insumos antes do início da safra em comparação com as últimas duas temporadas. A companhia espera ainda que a área plantada com soja aumente de 1% a 3% em 2025, impulsionada pela forte demanda internacional pela oleaginosa.

A companhia também avaliou que as condições climáticas da Austrália, com chuvas, melhoraram a perspectiva de plantio das safras de invero e devem alimentar a demanda por insumos agrícolas ao longo do segundo semestre de 2025 naquele país.

A Nutrien também elevou sua previsão de embarques globais de potássio neste ano para uma faixa entre 73 a 75 milhões de toneladas, sob efeito da liquidação de contratos com a Índia e a China em junho, economia favorável para as principais culturas cultivadas no Sudeste Asiático, adesão dos produtores na América do Norte e demanda estável no Brasil.

Sobre a ureia, a companhia avaliou que a oferta e demanda global por esse produto permanece restrita, com forte demanda sazonal do mercado indiano e interrupções não planejadas de importantes regiões produtoras.

Os preços da ureia nos Estados Unidos estão sendo sustentados por estoques domésticos mais baixos e mudanças no fluxo comercial que devem continuar no segundo semestre de 2025, diz a Nutrien.

Já os preços da amônia cresceram ao longo do terceiro trimestre de 2025, avaliou a companhia, devido a interrupções de plantas e melhora na demanda.

O mercado de fosfatados, por sua vez, convive com oferta limitada, devido às restrições de exportação da China. A Nutrien prevê que os embarques globais de fosfatados sejam limitados pela disponibilidade de oferta e menor demanda.

A companhia projetou um ebtida ajustado numa faixa entre US$ 1,65 bilhão a US$ 1,85 bilhão, com mais vendas de defensivos na América do Norte no segundo semestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, além melhores condições climáticas na Austrália e recuperação contínua no Brasil.

A Nutrien elevou sua projeção de volume de vendas de potássio para o ano, que agora deve girar entre 13,9 milhões de toneladas a 14,5 milhões de toneladas, sob expectativa de maior demanda global em 2025.

Para o nitrogênio, a expectativa da empresa é de que as vendas fiquem entre 10,7 milhões de toneladas a 11,2 milhões de toneladas, com menores taxas operacionais de amônia devido à redução da atividade em suas plantas na América do Norte.

Nos fosfatados, a Nutrien espera que as vendas fiquem entre 2,35 milhões de toneladas a 2,55 milhões de toneladas, com taxas operacionais e volumes de vendas melhores ao longo do segundo semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A Nutrien projetou também que o capex deste ano deve girar entre US$ 2 bilhões a US$ 2,1 bilhões, número inferior ao do ano passado.

A companhia não trouxe informações em seu balanço se as negociações para a possível venda de suas fábricas de fertilizantes no Brasil avançaram. Em fevereiro passado, a companhia passou a buscar um comprador para suas cinco plantas no Brasil.

A intenção da Nutrien, na época, era de fechar negócio ainda no primeiro semestre de 2025, com a ideia de conseguir pelo menos um prêmio em cima dos R$ 400 milhões investidos nos últimos anos pela empresa, que chegou ao Brasil há pouco mais de cinco anos, em 2019.

Resumo

  • Fortes vendas de potássio e nitrogênio turbinaram lucro líquido da Nutrien no trimestre, que avançou 292% sobre o mesmo período do ano anterior
  • Resultado ficou em US$ 1,2 bilhão, obtido a partir de vendas de US$ 10,4 bilhões. O Ebtida ajustado somou US$ 2,48 bilhões
  • A companhia elevou projeções para 2025, sob expectativa de uma maior demanda global por potássio