Mostrando um apetite em crescer no Oriente Médio, a MBRF anunciou na manhã desta segunda-feira, 27 de outubro, que, irá expandir seus negócios em conjunto com a Halal Products Development Company (HPDC), subsidiária integral do Public Investment Fund (PIF), fundo soberano da Arábia Saudita, dando origem à Sadia Halal.
Na prática, a MBRF está transferindo seus ativos da região para a nova empresa. A transação avaliada em US$ 2,07 bilhões (algo em torno de R$ 11 bi) engloba as fábricas e centros de distribuição da MBRF localizados na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, suas empresas de distribuição no Catar, Kuwait e Omã, além do negócio de exportações diretas de aves, bovinos e produtos processados para clientes na região MENA (sigla em inglês para Oriente Médio e Norte da África).
O portfólio ainda inclui a fábrica de processados e o centro de inovações em construção em Jeddah, além da participação na Addoha Poultry Company, produtora local de frango resfriado em Dammam, que já faziam parte da joint venture.
Os ativos somam faturamento líquido de US$2,1 bilhões nos últimos 12 meses até junho, o equivalente a 7,3% da receita consolidada da MBRF, e um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de US$ 230 milhões. Os ativos da Turquia não fazem parte da transação.
Na Bolsa brasileira, os investidores reagiram bem e a ação da MBRF tinha valorização de 7% nesta segunda-feira, por volta das 13h45.
Os analistas Thiago Bortoluci e Nicolas Sussmann, do Goldman Sachs, escreveram em relatório que a criação é positiva e estratégica para a MBRF, considerando que a plataforma vai fornecer suporte durante “ciclos voláteis do frango”, com uma exposição a uma região de alto crescimento e poder de compra.
Em nota, Marcos Molina, controlador e chairman da MBRF, pontuou que a expansão da parceria visa reforçar a presença em um dos “mercados mais lucrativos e influentes do mundo”.
“Estamos aproximando cada vez mais nossas marcas dos consumidores locais e assegurando a presença permanente na agenda de segurança alimentar do país. Além disso, a operação abre a possibilidade para um IPO a partir de 2027”, pontuou. A ideia é abrir capital na bolsa da Arábia Saudita.
Pelos termos do negócio, a HPDC deterá 10% da companhia, com planejamento de chegar a 30% mediante um aporte de US$ 500 milhões (algo próximo a R$ 2,7 bilhões).
“Este movimento está totalmente alinhado com os objetivos de diversificação econômica estabelecidos na Visão 2030 da Arábia Saudita, acelerando a transformação sustentável da região em um centro global de produtos Halal. Por isso, estamos planejando aumentar a nossa participação para atingir 30%”, afirmou Fahad AlNuhait, CEO da HPDC, também em nota.
O chairman da Sadia Halal, Marquinhos Molina, citou no mesmo documento que a Sadia hoje possui 36,2% de market share nos países do GCC (Conselho de Cooperação do Golfo). “Atualmente, a companhia realiza cerca de 111 mil entregas mensais para mais de 17 mil pontos de venda na região”, afirmou.
Resumo
- MBRF e o fundo soberano saudita PIF ampliaram parceria e criaram a Sadia Halal, nova empresa avaliada em US$ 2,07 bilhões, que reunirá as fábricas e centros de distribuição da companhia na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes.
- A operação consolida 7,3% da receita global da MBRF, com Ebitda de US$ 230 milhões, e pode abrir caminho para um IPO na bolsa saudita a partir de 2027, segundo o controlador Marcos Molina.
- O negócio reforça a presença da MBRF em uma região de alto crescimento e poder de compra, e fez as ações subirem 6,8% nesta segunda-feira, após a divulgação da transação.