A gigante de saúde animal Boehringer Ingelheim teve um resultado positivo em 2024, crescendo 4% no ano e garantindo uma receita, para o segmento, de 4,7 bilhões de euros, cerca de R$ 30 bilhões pela cotação atual.

Se considerado também os negócios de saúde humana, a companhia fechou 2024 com uma receita líquida de 26,8 bilhões de euros, um avanço de 6% frente a 2023.

De acordo com Joana Adissi, head da divisão de saúde animal da farmacêutica Boehringer Ingelheim no Brasil, o desempenho global teve uma grande participação dos negócios feitos por aqui.

Em coletiva de imprensa, para comentar os números da operação no Brasil, realizada nesta quinta-feira, 24 de abril, na sede da empresa em São Paulo, Adissi mencionou que o País hoje está no top 10 entre os mercados mais representativos dessa operação.

“Vimos no movimento global os Estados Unidos andando de lado, junto com uma Europa estabilizada e mercados emergentes crescendo em duplo dígito”, disse a executiva.

Em 2024, a Boehringer teve um crescimento de 12,6% nas vendas do segmento de saúde animal no Brasil, ante um mercado que avançou 10,8%, de acordo com a própria empresa.

Por área dentro da operação brasileira da companhia, o mercado pet avançou 16,6%, o de aves subiu 17,3%, equinos ganhou 13,9%, enquanto ruminantes e suínos viram seu faturamento crescer 7,7% e 3,5%, respectivamente.

Da receita global de 4,7 bilhões de euros que a empresa registrou no segmento de saúde animal, pouco mais de 60% vem dos produtos para pets, 6% para equinos, 11% de ruminantes, 11% de suínos e 9% de aves.

“Somos líderes globais nos segmentos de pets e equinos, número dois em suínos e quarto em ruminantes e aves. São segmentos de relevância no Brasil, que mostram crescimento acelerado”, disse ela.

De acordo com Joana Adissi, o crescimento dessas áreas está ligado, no caso dos pets, a um avanço no tamanho da população brasileira de cachorros e gatos, principalmente no período pós-pandemia.

Nos animais de produção, a executiva cita uma “demanda por proteína animal colocando países emergentes no foco”.

O crescimento no País está relacionado ao lançamento de alguns produtos, como uma vacina oral que combate a salmonela nos suínos. Nas aves, uma vacina que combate a doença de Newcastle, e outra que protege os animais de doenças imunossupressoras.

A empresa possui uma política de destinar cerca de 10% do faturamento anual para pesquisa em desenvolvimento. No ano passado, foram destinados 498 milhões de euros para P&D, algo em torno de R$ 3,2 bilhões.

O último produto que chegou ao mercado é um suprimento oral de cálcio para vacas leiteiras.

Abílio Alessandri, diretor da unidade de aves e suínos da companhia, explicou que no mercado de aves, a empresa foca no momento de incubação. “A vacinação acontece no ovo, antes do pintinho nascer, levando a ave para o campo já protegida”.

Roubler Silva, gerente de marketing e técnico da unidade de negócios de grandes animais, comenta que nos bovinos, a companhia cresceu principalmente com o portfólio de ectoparasiticidas, com alta de 18% frente a 2023.

“Nos anti-inflamatórios injetáveis avançamos 25% e nas vacinas, subimos 26% diante de um mercado que retraiu”, disse Silva, atribuindo grande parte do resultado à vacina para controle da mastite, uma das principais dores do produtor de leite.

Além dos lançamentos de produtos, Abílio Alessandri comentou que a empresa está desenvolvendo tecnologias suplementares. Uma que está em período de testes envolve um “big data” para o setor de suínos.

A ideia é integrar dados da cadeia, como peso, informações de vida e produção da fazenda, colocando tudo numa inteligência artificial a fim de prevenir doenças.

No passado, a empresa conduziu testes em uma “IA que ouvia suínos”. Chamado de SoundTalks, o projeto envolvia o uso de microfones instalados próximos da área que os suínos viviam para analisar ruídos e avaliar a saúde do rebanho. Alessandri afirmou que o projeto foi descontinuado.