Apesar da recuperação dos preços da arroba do boi em outubro, as cotações ainda baixas durante o terceiro trimestre deste ano ajudaram a Minerva a manter os lucros, em função dos custos menores.
A empresa de proteína animal teve queda na sua receita líquida e até mesmo no Ebitda, que é reconhecido como o resultado operacional. Mas as margens melhoraram, e garantiram um lucro praticamente igual ao registrado no mesmo período de 2022.
A Minerva lucrou R$ 141 milhões entre julho e setembro deste ano, enquanto que em 2022, os ganhos foram de R$ 141,5 milhões. Em relação ao segundo trimestre deste ano, houve um avanço de 17%.
O CFO e diretor de Relações com Investidores da companhia, Edison Ticle, afirma que os preços do gado caíram até 40% nos últimos 12 meses, dependendo do mercado. “Mas os custos com matéria-prima caíram mais que isso, elevando a nossa margem”, explica.
A margem Ebitda da Minerva saiu de 9,6% no terceiro trimestre do ano passado para 10,1% neste ano. No segundo trimestre, a margem ainda estava abaixo de 10%.
As receitas da empresa caíram 16% em um ano, ficando pouco acima de R$ 7 bilhões no terceiro trimestre. O Ebitda recuou 11,5%, para quase R$ 714 milhões.
Se as receitas totais caíram 16%, a linha de Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) recou 17,5% em um ano.
Esta piora na receita líquida foi provocada pelas exportações, que representam dois terços do faturamento bruto. Houve recuo de 22% na receita bruta do mercado externo, para R$ 4,9 bilhões.
No mercado interno, também houve queda anual, mas em ritmo mais brando, de 1,2%. Em relação ao segundo trimestre, a companhia registrou aumento de 1,5% na receita bruta interna.
Em volume de vendas, a Minerva também registrou queda anual no mercado externo, de 1,7%, para 209 mil toneladas. No trimestre, houve aumento de 5,5%. Neste sentido, o mercado interno mostra franca evolução, com aumento de 13% em um ano, e 7,5% em três meses.
“O crescimento econômico do Brasil neste ano está melhor que o esperado, então o mercado vem se recuperando rapidamente”, diz Ticle.
Fernando Galletti, diretor presidente da Minerva, afirma que a estratégia de distribuição também ajuda no mercado brasileiro. “Os índices de consumo estão melhorando, e nós chegamos também aos pequenos e médios varejistas, além dos grandes. Por isso, sentimos rapidamente esse crescimento”.
Em abates, segmento em que a empresa está cada vez mais focada após o anúncio da compra de plantas da Marfrig na América do Sul, o volume de bovinos caiu tanto em um ano quanto no trimestre.
Foram 938 mil cabeças entre julho e setembro. No segundo trimestre, a empresa registrou 1 milhão de bovinos abatidos, e no terceiro trimestre do ano passado, foram 984 mil.
Já em ovinos, na operação da Austrália, o cenário é de crescimento neste ano. No terceiro trimestre, a Minerva atingiu a marca de 1 milhão de abates, contra pouco mais de 900 mil no segundo trimestre.
Em receita bruta, o único país que registrou aumento na comparação anual foi o Uruguai, de quase 30%. Destaque negativo para Colômbia e Argentina, onde o faturamento caiu 56% e 36%, respectivamente.
Ao tratar da compra das plantas da Marfrig, Ticle ressaltou que todos os recursos necessários para o pagamento da operação já estão no caixa da companhia. “É só uma questão de esperar as aprovações dos órgãos reguladores”.
O CFO da Minerva ressaltou que a conjuntura para o preço do gado continua difícil, e ele trabalha com estabilidade nas cotações nos próximos 12 meses. “Mas nós não fizemos esse movimento de compra das plantas pensando no curto prazo”, afirma.
As emissões feitas pela Minerva para financiar a operação ainda não foram contabilizadas no endividamento, exatamente porque estão no caixa da companhia. A relação dívida líquida/Ebitda fechou setembro em 2,8 vezes, ante 2,7 vezes de junho.
O CFO da Minerva destacou ainda a geração de caixa pela companhia, que no trimestre, foi de R$ 608 milhões, acumulando R$ 1,2 bilhão em 12 meses.